3 em 1: uma empresa portuguesa, com certeza (mas com pensamento científico francês e organização germânica)

Assim como nós próprios somos fruto das nossas vivências também as empresas acabam por ser resultado de uma aprendizagem contínua que os seus gestores vão adquirindo, não só pela via académica e pelo contacto com outras realidades mas, sobretudo, pelo know-how ou, como muitos preferem, o chamado savoir-faire francês.

Por Carlos Monteiro, fundador e CEO da Biojam Holding Group

 

Ainda que tenha construído e mantenha uma empresa 100% portuguesa poder-se-á dizer que a mesma advém de um passado profissional iniciado num pensamento científico em francês, na aplicação de procedimentos e organização germânica e uma matura liberal implementação americana. Diria que é um 3 em 1 explosivo implementado sem mácula.

Tendo sempre em perspectiva qual a inovação que irá levar a empresa a destacar-se e tendo em consideração o melhor que se faz em França, formámos e continuamos a formar cientificamente todos os que disso fazem a sua prática diária. A confiança que o conhecimento científico confere a quem procura as melhores soluções é algo que valorizamos e consideramos ser fundamental para credibilizar aquilo que somos e que temos para oferecer. Acredito em colaboradores altamente motivados que ajudam a elevar qualquer empresa, mas é importante que o façam suportados por uma sólida e credível base de conhecimento. Se sabemos que somos bons, queremos que outros não tenham qualquer dúvida!

Ainda que conhecida pela rígida disciplina, a cultura alemã traz para qualquer empresa importantes aspectos que, apesar de por vezes chocarem com aquilo que é a cultura portuguesa, acabam por se revelar fundamentais no que toca à sustentabilidade e sucesso de qualquer organização. Assumo que é difícil manter um estilo de gestão e liderança organizado, metódico, rigoroso e nada flexível, mas é aí que reside a dificuldade de gerir e manter uma empresa. Diria mesmo que não é fácil sermos intransigentes com os que tentam desvirtuar aquilo que é a nossa essência, corrigindo o que é possível ou, pura e simplesmente, anulando quem não se adapta. É um facto indiscutível que por vezes seria mais fácil lidar com o formalismo português do que com a frontalidade alemã. Afinal de contas, somos latinos!

No que toca à vertente mais liberal, muito própria das instituições americanas, é nos líderes que este aspeto mais se faz notar. Se apostamos na formação de colaboradores e na organização da empresa é expectável que todos sejam capazes de trabalhar de forma independente, dando oportunidade para que cada um tenha oportunidade de tomar decisões e sinta que contribui positivamente para um objectivo que é comum.

Numa perspectiva mais geral de negócio, Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway, defende que dizer «não» faz a diferença para todos aqueles que querem fazer negócios. Diz mesmo que «a chave entre pessoas de sucesso e pessoas de sucesso é que as pessoas de sucesso dizem não a quase tudo». Pode parecer presunção, mas discordo veementemente, acho mesmo que uma reflexão positiva no mundo dos negócios é definitivamente a chave para o sucesso.

Nos últimos quase dois anos vivemos uma “guerra” de inimigos invisíveis, sem tempo para pensar e decifrar o que se estava a passar. Foi mais uma vez a nossa matriz genética e cultural que nos orientou, numa visão de comunicação invertida na resposta comportamental.

Seja qual for o modelo que uma empresa adote, é certo que o mais importante é proteger socialmente todos os colaboradores e parceiros, estudar e aplicar os conhecimentos científicos disponíveis na organização, adaptar a sua implementação com garra e resiliência, usando ferramentas de acesso e divulgação nunca antes experimentadas.

Num ápice vimos décadas de um pensamento estratégico, baseado em três experiências distintas, transformarem-se naquilo que é um projeto sólido, capaz de fazer face a um indecifrável desconhecido ambiente.

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