43,9% dos investigadores em Portugal são mulheres e ganham menos 14,6% do que os homens

Actualmente, no nosso país, e segundo o relatório She Figures, publicado pela Comissão Europeia, 43,9% dos investigadores são mulheres.

 

O relatório indica ainda que as mulheres representam cerca de 55% da população doutorada, bem como quase 60% das contratações para actividades científicas.

Estes números são bastante significativos em equipas de I&D do sector governamental/estatal (58,9%), mas também em instituições do ensino superior (48,6%).

Já do ponto de vista financeiro, as investigadoras auferem, em média, menos 14,6% do que os seus pares do sexo masculino, o que não foge à tendência negativa do país, onde a diferença salarial ronda os 14,9%. Por fim, a generalidade destas investigadoras sofre com um problema estrutural, comum a todo o sector de investigação em Portugal, a precariedade laboral.

A nível global apenas 33% dos investigadores são mulheres, com o relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO).

O relatório científico da organização afirma que, embora um terço dos investigadores sejam mulheres, estas representam 45% dos alunos no bacharelato, 55% dos alunos nos níveis de estudo de mestrado, e representam 44% dos doutorandos.

Estereótipos de género persistentes, a gravidez ou a maternidade, podem impedir as mulheres de prosseguir uma carreira na área da inovação e também no sector de saúde. O facto de 70% dos assistentes sociais e de saúde serem mulheres, e receberem 11% menos do que os homens, constitui um triste contraste. Essa tendência pode ser revertida, por exemplo, através de programas que promovam a diversidade e aumentem a participação das mulheres.

Neste contexto, o EIT Health vai organizar este ano o Women Entrepreneurship Bootcamp, com o objectivo de ajudar startups lideradas ou co-lideradas por mulheres a conectarem-se à rede de mentores e investidores.

O programa de sete semanas oferece formação intensiva, aconselhamento e oportunidades de matchmaking em Coimbra, Barcelona, Galway e Londres. Os organizadores estão interessados principalmente em empresas recém-criadas, que são lideradas por mulheres ou co-fundadas com uma mulher na equipa administrativa de nível C. Todas as inscrições podem ser enviadas até 16 de Março.

«Embora existam grandes exemplos de mulheres inovadoras, o quadro global ainda é bastante desolador. Alguns podem questionar se as acções voltadas para o empoderamento feminino são necessárias, ou se já eliminámos a lacuna da diversidade na ciência. Para nós, que trabalhamos no centro das inovações, está muito claro que as mulheres ainda estão sub-representadas e, certamente, é necessário trabalhar mais para apoiar as jovens mulheres inovadoras. Por exemplo, se observarmos o mundo das start-ups de saúde, é rapidamente notório que apenas uma pequena percentagem de candidatos que integram os programas de aceleração de saúde do EIT são mulheres», afirma Mónika Tóth, EIT Health RIS Programme manager, EIT Health InnoStars.

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