A competição pelo talento tecnológico é um fenómeno global. E a falta de profissionais nesta área está a aumentar. O que fazer?

O mundo está a dar passos cada vez maiores na direcção de uma grande revolução digital, o que torna ainda mais crítico o desafio de captar e reter o talento tecnológico.

 

Por Solange Sobral, EVP partner of Operations da CI&T

 

A falta de pessoas para trabalhar neste mercado em expansão é notória – as empresas precisam de mais colaboradores do que o mercado tem disponíveis. Por outro lado, a possibilidade de trabalhar a partir de casa faz com que este problema escale ainda mais a nível global. A verdade é que, hoje, um colaborador pode estar a trabalhar numa empresa e amanhã noutra, em qualquer parte do mundo e de forma remota.

Com esta transformação, que a pandemia veio colocar em evidência, muitas empresas compreenderam que promover uma estratégia de captação de talento “sem fronteiras” pode abrir um vasto leque de oportunidades de expansão – o ambiente virtual ganha destaque como uma parte fundamental do actual cenário de trabalho híbrido.

 

Os segredos da retenção de talento… e do sucesso
No entanto, se por um lado contratamos pessoas além-fronteiras, por outro as organizações também precisam de uma estratégia global de retenção, que vá muito além de proporcionar um ambiente de trabalho híbrido. Envolver, reter e formar são as palavras-chave, e felizmente já vemos um grande número de empresas a caminhar nesta direcção. Algumas até se autodenominam “empresas-escolas”, promovendo a formação tecnológica através de cursos em universidades e instituições conceituadas, nos seus próprios websites e em estruturas globais de aprendizagem.

Estruturar o pilar dos recursos humanos da própria organização, com o propósito de promover a colaboração, a inclusão, a diversidade e a pertença, é também mais do que necessário, uma vez que as pessoas têm de sentir-se relevantes dentro do todo. Este sentimento de construir algo em conjunto cativa ainda mais o talento: o ambiente corporativo deixou de ser uma disputa entre quem oferece o melhor salário, para passar a ser entre quem oferece um projecto de que as pessoas querem fazer parte e lhes dê um propósito.

Neste cenário, é fundamental que cada um possa aportar a sua essência, experiências, cultura e conhecimento. As empresas que criam este espaço de diversidade ganham em resultados e contribuem para a evolução da sociedade de uma forma mais ampla. Isto é muito importante, tanto para os indivíduos como para as empresas, pois as novas ideias, soluções e produtos nascem de pessoas diferentes com ideias diferentes. Afinal de contas, o melhor ambiente corporativo é aquele que permite às pessoas serem quem são, num espaço mais humano, diverso e inclusivo – e, consequentemente, mais inteligente e rentável.

Por outro lado, contar com líderes inspiradores faz toda a diferença no envolvimento das equipas e na criação deste espaço. É necessária uma liderança próxima, que apoie, demonstre vulnerabilidade, exerça transparência, assuma responsabilidades e, acima de tudo, promova o pensamento e a aprendizagem. Actualmente, o talento procura mais do que um “chefe” – o que se espera é alguém atento às suas necessidades profissionais e até pessoais.

Para fazer frente a um cenário onde o risco de grandes perdas de talento aumenta cada vez mais, é muito necessário ir além da escolha de um modelo de trabalho remoto, presencial ou híbrido – é preciso tirar partido da criatividade e da inovação.

Neste “jogo”, construir um ambiente baseado na confiança e motivação, celebrando o melhor de cada pessoa e permitindo-lhe desempenhar um papel significativo na sua equipa, é a nossa missão como líderes. E, em última instância, um factor para a sobrevivência empresarial.

 

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 144)  da Human Resources, nas bancas.

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