
A dualidade do stress: explorando as diferenças entre o stress agudo e crónico e as suas consequências
Por Maria Klien, psicóloga brasileira, autora e sócia das empresas CBFarma, NativaMed, e Re-Age
O stress, fenómeno intrínseco à existência humana, manifesta-se de diversas formas, afectando tanto o bem-estar físico como o psicológico do indivíduo. A compreensão das diferenças entre o stress agudo e o crónico é essencial para a identificação e gestão adequadas dos seus efeitos.
O stress agudo caracteriza-se por uma resposta intensa e de curta duração, desencadeada por situações desafiantes e passageiras. Exemplos desta condição podem ser observados na experiência de um divórcio, que, do ponto de vista da criança, constitui um momento de ruptura com grande impacto emocional. A dor súbita, a instabilidade e a necessidade de adaptação a uma nova realidade configuram um estado de stress agudo, que pode ser superado com o devido apoio e acompanhamento.
Por outro lado, o stress crónico emerge de forma persistente, como resultado de situações prolongadas de desgaste emocional e psicológico. Relações conflituosas, mesmo após a separação dos pais, podem gerar um ambiente hostil e instável para a criança, conduzindo ao desenvolvimento de um quadro de stress crónico. A comunicação beligerante e a instrumentalização dos filhos como ferramentas de manipulação emocional perpetuam um ciclo de sofrimento que compromete o bem-estar emocional da criança.
A perspectiva da saúde mental revela que o stress crónico é um factor de risco para uma série de doenças, incluindo ansiedade, depressão e problemas de saúde física. Em contraste com o stress agudo, que tende a ser ultrapassado com suporte social, o stress crónico dificulta a procura de auxílio, alimentando uma sensação de isolamento e impotência.
Devido à sua natureza prolongada e persistente, o stress crónico requer uma abordagem mais atenta e estratégica no domínio da saúde mental. Indivíduos que enfrentam esta condição frequentemente sentem-se sobrecarregados e incapazes de lidar com os desafios do quotidiano, o que pode comprometer a sua capacidade de realizar actividades diárias e de procurar apoio externo.
A distinção entre stress agudo e crónico é crucial para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento eficazes. Intervenções como a psicoterapia, terapias assistidas e outras abordagens terapêuticas podem oferecer recursos valiosos para a gestão do stress, promovendo o bem-estar mental e fortalecendo a resiliência perante as adversidades.