A Geração Z está a começar a viajar em trabalho, mas há algo com que não está a conseguir lidar

Embora os trabalhadores da Geração Z possam ser os mais entusiasmados com as viagens de negócios (e documentá-las online), são também os menos preparados para lidar com o stress e as perturbações que isso traz, de acordo com uma nova investigação, revela a Newsweek.

 

Um novo estudo realizado pela Ipsos U.K. e encomendado pela American Express Global Business Travel (Amex GBT) concluiu que, embora 70% dos colaboradores da Geração Z com idades entre os 18 e os 28 anos) anseiem por viajar em trabalho, mais de metade considera a experiência stressante.

O inquérito recolheu as respostas de mais de 1800 viajantes de negócios nos Estados Unidos e Reino Unido, definindo um viajante de negócios como alguém que apanhou um voo em trabalho “pelo menos uma vez nos últimos dois anos” ou que espera apanhar pelo menos viajar em trabalho nos próximos doze meses.

As conclusões sugerem que os colaboradores mais jovens estão ansiosos, mas mal preparados para lidar com a agitação de uma viagem corporativa, e pode sinalizar a necessidade de as empresas utilizarem a forma como apoiam a próxima geração de viajantes corporativos.

«Viajar em negócios é desafiante simplesmente pelo facto de ser uma mudança em relação ao habitual», disse à Newsweek a Marie-Hélène Pelletier, psicóloga e coach executiva. «Quer queiramos quer não, isto ainda representa uma exigência.»

«Para alguém que está no início da carreira, provavelmente houve menos exposição a viagens de trabalho do que para alguém que está um pouco mais tarde na carreira e, tal como acontece com qualquer exigência, a exposição diminui a ansiedade», disse Pelletier.

Apesar do entusiasmo, os inquiridos da Geração Z são muito mais propensos do que os seus homólogos mais velhos a relatar níveis elevados de stress relacionado com as viagens. De acordo com o estudo, 52% da Geração Z consideram as viagens de trabalho “razoavelmente” ou “muito” stressantes. Em comparação, apenas 38% dos Millennials com idades compreendidas entre os 29 e os 44 anos e 34% da Geração X com idades compreendidas entre os 45 e os 58 anos dizem o mesmo.

Os Millennials são os mais optimistas em relação às viagens de negócios no geral, descrevendo-as como valiosas para o desenvolvimento de carreira, motivação e colaboração em equipa.

O relatório revelou ainda que os trabalhadores mais jovens enfrentam perturbações mais frequentes quando viajam em negócios. 45% dos inquiridos da Geração Z dizem ter enfrentado perturbações durante as viagens de negócios no ano passado, em comparação com apenas 36% dos viajantes dos Millennials e 32% dos viajantes da Geração X.

Este aumento da taxa de perturbação levantou preocupações sobre a preparação dos trabalhadores mais jovens para as viagens de negócios e se os empregadores estão a fazer o suficiente para os apoiar. Enquanto 68% de todos os viajantes de negócios inquiridos afirmam compreender que o seu empregador tem o dever de os apoiar durante a viagem, apenas 63% dos inquiridos da Geração Z estão cientes disso.

O estudo também explorou a forma como os trabalhadores se envolvem com as novas tecnologias e a crescente tendência para as viagens “bleisure” — uma mistura de negócios com lazer. Embora a Geração Z seja considerada um grupo de nativos digitais, foram os Millennials que manifestaram “maior conforto” ao utilizar ferramentas de IA generativa para reservar voos, gerir despesas e providenciar alojamento.

«Os nativos digitais podem, de facto, ter uma preferência pelo trabalho remoto», disse Pelletier. «A tendência não é apenas para uma política de viagens mais flexível; é para o Work From Anywhere.»

«Portanto, a política de viagens, se for actualizada, deve ser analisada internamente, no contexto da estratégia global de pessoas, talentos ou experiência. É necessário que seja integrada e envolva alguma flexibilidade e espaço para individualização, sempre que possível», aconselhou.

Mais de metade de todos os viajantes de negócios inquiridos dizem que estariam abertos a utilizar a IA para planear viagens, mas, quando confrontados com perturbações, 70% ainda preferem a assistência humana à tecnologia.

Entretanto, o aumento das viagens de lazer parece estar a remodelar as expectativas. O estudo descobriu que 62% dos inquiridos prolongaram as suas viagens de trabalho por motivos pessoais, enquanto 52% disseram que incorporaram tarefas de trabalho nas viagens de lazer.

Estas alterações podem levar as organizações a rever as suas políticas de viagens, principalmente em relação ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Podem também ter surgido de um aumento do trabalho remoto e flexível, o que pode confundir os limites entre trabalho e lazer.

Mesmo com o stress e os obstáculos logísticos, a perspectiva geral para as viagens de negócios continua a ser positiva. 55% dos inquiridos esperam viajar mais nos próximos cinco anos, e dois terços acreditam que as melhorias na tecnologia e nas políticas tornarão as viagens de negócios mais fáceis ao longo do tempo.

Ainda assim, a investigação sugere que, sem apoio direccionado e melhor comunicação, os colaboradores mais jovens podem ter dificuldades em navegar num cenário de viagens de negócios que se está a tornar mais exigente e flexível.

Ler Mais