A inteligência artificial vai ser fundamental para melhorar a produtividade e eficiência dos sistemas de saúde

O mais recente relatório do EIT Health e da McKinsey & Company, “Transformar os cuidados de saúde com a IA: o impacto no mercado de trabalho e nas organizações”, demonstra a necessidade urgente de atrair, educar e formar com conhecimentos digitais uma geração de profissionais de saúde, ao mesmo tempo que se dotam as actuais equipas de trabalho dessas competências, no sentido de obter na sua plenitude todo o potencial que se reconhece na Inteligência Artificial (IA).

 

O estudo destaca a Agenda de Competências para a Europa (documento que a Comissão Europeia apresentou a 1 de Julho sob o mote de melhorar a competitividade sustentável, a resiliência, bem como garantir justiça social para todos), segundo o qual, em 2019 pelo menos 85% dos empregos exigiu algum nível de competências digitais, embora apenas 56% dos adultos possua um mínimo de conhecimento digitais básicos. De referir ainda, que entre 2005 e 2016, 40% dos novos empregos tiveram origem em sectores com exigências digitais intensivas.

Actualmente, na área da Saúde, a IA é, por norma, aplicada nos processos de diagnóstico. No entanto, nos próximos 5 a 10 anos os profissionais de saúde esperam que a tomada de decisões clínicas passe a ser a aplicação digital mais relevante, de acordo com o estudo do EIT Health e da McKinsey & Company – que inclui uma pesquisa com 175 técnicos da linha de frente nos cuidados de saúde, e entrevistas junto de 62 decisores do sector.

Os autores do relatório destacam que é necessário, não apenas atrair, treinar e reter mais profissionais de saúde, mas também garantir que exercem funções em tarefas onde podem agregar mais valor aos pacientes. Apoiar a ampla adopção e o dimensionamento da IA ​​pode ajudar a aliviar os déficits de recursos, agora e no futuro. «Com base na automação, a IA tem condições para revolucionar a assistência médica: desde apoiar a melhorar a vida quotidiana dos profissionais, e com isso permitir que estes concentrem a sua energia nos pacientes, até gastar menos tempo em tarefas administrativas em detrimento da prestação directa de cuidados», sublinha-se.

A IA pode também potenciar a velocidade de diagnósticos e, inclusivamente, a sua precisão. Por exemplo, em 2015 os algoritmos ultrapassaram os seres humanos no reconhecimento visual, isto no Concurso de Reconhecimento Visual em Larga Escala do ImageNet Challenge, ao melhorarem de uma taxa de erro de 28% em 2010 para 2,2% em 2017, quando comparados com a típica taxa de erro humana, que ronda os 5%.

Angela Spatharou, partner da McKinsey & Company e co-autora do relatório, defendeu: «A IA tem um enorme potencial para melhorar a produtividade e a eficiência dos sistemas de saúde e torná-los mais sustentáveis. Mais importante, tem potencial para proporcionar melhores resultados de saúde junto dos pacientes. Isso pode ser feito de várias maneiras: desde permitir melhores cuidados preventivos, até possibilitar que os profissionais de saúde passem mais tempo no atendimento directo ao paciente. Este relatório fornece um conjunto de orientações aos decisores do setor, é uma oportunidade destes definirem o seu nível de ambição em relação à IA, bem como para desenvolver e implementar a abordagem correta para a sua organização ou para o sistema de saúde.»

Além do upskilling, também foi identificado como necessidade essencial um maior envolvimento dos profissionais de saúde nos estágios iniciais de evolução da IA. Entre os inquiridos, escolhidos pelo seu interesse na inovação na área da Saúde, 44% nunca esteve envolvido no desenvolvimento ou implementação de uma solução de IA.

No decorrer das entrevistas com responsáveis na área da saúde, reconheceu-se a urgência no desenvolvimento e incremento de formação, assim como a sugestão de que os sistemas nacionais de saúde devem trabalhar em conjunto com os profissionais da área, a academia e a indústria, no sentido de apoiar os prestadores de cuidados de saúde, em particular aqueles que não têm dimensão para integrar individualmente esses programas.

Foi igualmente enfatizada a importância de garantir que a IA seja ética, transparente e confiável. O relatório foi complementado com análises macroeconómicas dedicadas ao Futuro do Trabalho para os Sistemas Europeus de Saúde, com base no estudo do McKinsey Global Institute (MGI).

Relatório completo aqui.

 

 

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