A motivação como protagonista na retenção de talentos

David McClelland identificou três necessidades motivacionais: Realização, Afiliação e Poder. Existem vários graus de cada uma, portanto, a missão do gestor, é perceber qual é a dominante.

Por Marcia Batista, directora de Recursos Humanos da Adecco em Portugal 

 

Portugal está a viver um momento inédito no cenário económico e laboral, ao ter atingido a menor taxa de desemprego dos últimos 16 anos: 7,3% em Julho de 2018. Esta é uma notícia para celebrar, pois representa a consolidação da evolução económica do país. A consequência directa disso é que muitas empresas estão a ter dificuldade em encontrar profissionais qualificados disponíveis e, principalmente, reter os seus talentos.

É importante reconhecer que os motivos pelos quais o profissional decide deixar ou continuar na empresa vão além de remuneração, bónus, stock options e promoções.

É necessário reconhecer que há muitos factores motivacionais e que cada indivíduo tem uma fonte de motivação distinta. O papel do gestor é identificar qual o factor dominante de motivação nos colaboradores-chave e criar as condições que vão fomentar a satisfação da sua equipa com o seu trabalho e comprometimento com a organização.

De acordo com David McClelland, há três necessidades motivacionais: Realização, Afiliação e Poder. Existem vários graus de cada uma das necessidades, portanto, a missão do gestor é perceber qual é a dominante.

Deve estar a perguntar-se como poderá fazer isso. A resposta é mais simples do que pensa: Pergunte ao colaborador o que o motiva! Provavelmente, não lhe vai dizer que a sua motivação é por Realização, Afiliação ou Poder, mas esteja atento às entrelinhas e aos comportamentos demonstrados. Para o ajudar nesta tarefa, veja abaixo as características mais marcantes de cada

Realização:
– Gosta de definir e alcançar objectivos desafiantes;
– Está sempre à procura de superar metas anteriores;
– Corre riscos calculados;
– Aprecia receber feedback com frequência;
– Prefere trabalhar sozinho(a);
– Lida bem com pressões e prazos;
– Utiliza a criatividade e a inovação.

Afiliação:
– Quer ser bem visto e querido por todos;
– Importa-se com o que os outros pensam dele(a);
– Tenciona seguir a decisão da equipa;
– Prefere a colaboração à competição;
– Evita confrontos e conflitos;
– Prefere trabalhar com cenários previsíveis e estáveis.

Poder:
– Fica à vontade em liderar e procura situações em que possa fazê-lo;
– Procura persuadir e influenciar pessoas;
– Gosta de competir;
– Procura controlar o ambiente;
– Assume riscos elevados;
– Valoriza o status e o prestígio;
– Gosta de impressionar e causar impacto.

Depois do diagnóstico, tente perceber como irá utilizar esta informação para desenvolver e energizar os seus talentos, oferecendo-lhes situações que vão influenciar a sua atitude no trabalho.

Seguem algumas sugestões, reconhecidas como boas práticas neste campo:

– Nas pessoas em que a motivação dominante é a realização, o gestor deve proporcionar projectos complexos, atribuir o desenvolvimento de um novo produto, estabelecer metas desafiantes, pedir uma solução estruturada para um processo problemático e fornecer feedback constante;

– Para os que são fortemente motivados por afiliação, ofereça-lhes actividades que permitam a execução em conjunto com outros técnicos, promovendo a interdisciplinaridade. São excelentes pessoas para organizar os eventos sociais da empresa;

– Os indivíduos com necessidade de poder ficarão satisfeitos se lhes forem proporcionadas oportunidades de liderar e influenciar outras pessoas, especialmente em projectos que lhes trarão visibilidade e prestígio, além de funcionarem bem quando acrescido o fator competição.

Com a anuência de diversos estudos que comprovam que o colaborador motivado apresenta um maior compromisso, podemos concluir que uma consequência directa deste fenómeno é a maior probabilidade de alcançar os resultados almejados pela empresa.

Portanto, pense nisto e seja o agente que vai inspirar os corações e as mentes da sua equipa para fazer a diferença!

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