«A primeira responsabilidade de um líder é ter as pessoas certas.»

Ontem, na XVII Conferência Human Resources, 420 profissionais esgotaram a lotação do Museu do Oriente, em Lisboa, para ouvir falar sobre “Agilidade nas empresas”. Paulo Macedo, presidente do Comissão Executiva da CGD, foi o keynote speaker e, fazendo jus ao desafio lançado, desvendou 10 mitos e realidades, centrados em três características principais da agilidade organizacional.

 

«Actualmente, a única vantagem sustentável que podemos ter sobre os concorrentes é a agilidade», afirmou Paulo Macedo logo no início da sua intervenção, lembrando que desde o tempo de Camões que se fala em mudança, que o ritmo acelerado da mudança também já não é novidade, e que, de acordo com o modelo S curve, os negócios, e as pessoas, vão sendo sempre substituídos.

Baseando-se naquelas que enunciou como as três características principais da agilidade organizacional – hiper-atenção; decisão informada e execução rápida -, identificou 10 mitos e realidades

 

Hiper-atenção

#1 mito – estratégia vs cultura. «Costuma dizer-se que a estratégia é a área mais importante na empresa, mas sabemos que não é totalmente assim. Ainda que sem uma estratégia clara seja difícil mobilizar a empresa e atingir objectivos, é fundamental saber como é que isso se materializa. E aí entra a cultura», sublinha. «Todos reconhecem que a cultura é importante, mas como é que esse conceito se materializa no dia-a-dia das pessoas, por exemplo, nos sete mil trabalhadores da Caixa», questionou.

Antes de passar para o segundo mito, Paulo Macedo fez notar que é preciso fechar o gap entre a evolução tecnológica e as necessidades das pessoas e que, «o que tem que se assegurar, é que a instituição, como um todo, tem um papel activo na mudança», sendo que, quando se quer alterar a cultura de uma empresa, é fundamental saber o que se quer: preservar; aperfeiçoar/ desenvolver; deixar/alterar; e repensar.

#2 mito – Competências vs confiança. «Queremos pessoas competentes ou de confiança. As competências têm que estar lá, mas não são suficientes. Para além das competências – o que faço -, interessa a integridade – como o faço – e a finalidade – porque o faço. O conjunto destas variáveis é que define a confiança, que tem paramêtros claros para ser medida», garante o presidente do Comissão Executiva da CGD.

#3 mito – Experiências vs curiosidade. «A experiência é fundamental, mas o conhecimento só se constrói através da curiosidade, imaginação e experimentação», defendeu.

 

Decisão bem informada

#4 mito – liderança. «Se, antes, o papel do CEO era planear, implementar estratégia e assegurar o sucesso do negócio, tendo em vista o futuro; hoje a forma como nos organizamos é igualmente fundamental, sendo a primeira responsabilidade de um líder é ter as pessoas certas – e a coragem de pôr as erradas fora», afirmou Paulo Macedo.

#5 mito – checks and balances. «Hoje, para estar no board, já não chega ser autónomo, independente e fiscalizador. É condição essencial mas não suficiente. É preciso ter capacidade para ver a ‘big picture’ e acrescentar valor, sendo capaz de desafiar, criar enquadramento [framing] e trazer insights.»

#6 mito – As pessoas. «Ninguém dúvida que as pessoas não são o principal activo das organizações, mas isso não é bem verdade, porque não são quaisquer pessoas, mas sim as pessoas certas.» O responsável recordou o princípio de Pareto (também conhecido como a regra 80/20, segundo a qual 80% dos efeitos vêm de 20% das causas), transpondo-o para o universo das pessoas nas empresas, e reconhecendo que «se 20% das pessoas podem acrescentar 120% de valor, há pessoas que destroem valor à empresa».

#7 mito – mudança. «Se perguntarmos aqui, todos vão estar de acordo que a mudança é precisa nas empresas, mas só um ínfima percentagem está de facto disponível para a mudança», afirmou, alertando que há muitos observadores (dizem que querem mudança), menos autores (agentes da mudança, que dizem o que vamos fazer) e quase nenhuns autores (o que queremos mudar), que são aqueles que têm capacidade de pôr em prática.

 

Execução rápida

#8 mito – eficiência vs inovação. Pede-se às empresas que entreguem no curto-prazo (implica eficiência, disciplina, clareza, produtividade), mas com visão de longo prazo (implica inovação, flexibilidade, crescimento, empowerment). «E, segundo um estudo da BCG, apenas 2% das empresas fazem ambas as coisas bem.»

#9 mito – profissionalismo vs propósito. «Profissionalismo não chega, é preciso existir propósito, sendo um factor fundamental, e não só no tipo da hierarquia», chama a atenção.

#10 mito – tangíveis vs intangíveis. Usando o exemplo da CGD, esclareceu que do lado dos tangíveis temos o activo, o crédito, o depósito, os colaboradores, o capital e o volume de negócios, que são condição necessária, mas não suficiente; quase um factor higiénico. Mas hoje em dia, o valor está na cultura, na marca, na liderança, na visão, no governance, na reputação, nos valores, no talento, na inovação, e na base de clientes. E isso representa uma mudança de paradigma.

 

Um último mito é o do tempo. Paulo Macedo lembrou que «o tempo é, por definição, escasso. A questão é o que fazemos com ele. Não temos falta de tempo, temos é que fazer opções.»

Não perca a reportagem completa do evento na edição de  Maio da Human Resources.

 

A XVII Conferência Human Resources, que teve início com a habitual intervenção de boas-vindas de Ricardo Florêncio, contou com o patrocínio das seguintes empresas: Delta Cafés, EDP, Fidelidade, Jaba Recordati, Microsoft, NOS, PLMJ Advogados, Randstad, Sonae MC e Ticket Serviços; e com os apoios de: Hospedeiras de Portugal, Inpressionante e Neurónio Criativo.

 

 

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