A produtividade exige pensar nas pessoas
Produtividade é considerada como a relação entre o que é produzido e os meios que são utilizados, a que se associa a mão de obra, materiais, energia, etc. E muito relacionado com eficiência e tempo. No fundo, trata-se de otimizar o trabalho para gerar mais resultados com… menor esforço. Mas reportemo-nos a alguns números.
Por António Saraiva, Business Development manager na ISQ Academy
Se considerarmos a produtividade do trabalho por hora de trabalho, em 2022, Portugal encontrava-se no 22º lugar no âmbito da União Europeia. Com o facto curioso de, neste ano, o seu resultado ser inferior quando comparado com 1995. E com resultados médios de metade da produtividade da Alemanha que ocupa o 5.º lugar, se bem que este País também tenha piorado significativamente relativamente a 1995. No sentido contrário, temos no 1º posto a Irlanda que apresenta valores de produtividade 3 vezes superiores a Portugal, tendo feito uma evolução que duplicou os seus valores desde 1995.
Se considerarmos que a média de horas em Portugal é de 35 horas e na União Europeia de 31 horas, temos mesmo a necessidade de relevar o conceito de produtividade: otimizar para mais resultados, com menor esforço! E esta análise e reflexão sem dúvida que tem de ser realizada. O que nos leva mesmo a termos valores de produtividade baixos? Algumas respostas aparecem de forma mais comum: capacitação das pessoas, jornadas laborais extensas, a multitarefa, o ambiente de trabalho e promoções internas. Evidente que podemos estender um pouco mais e entrarmos no âmbito laboral, pois os números aqui são relevantes, quando consideramos que a remuneração média anual dos trabalhadores por conta de outrém é de 40.510 € na União Europeia e de 29.809 € em Portugal.
Falta de formação gera problemas de confiança nas equipas de trabalho, em particular com as mudanças acentuadas e rápidas, quer das próprias dinâmicas laborais, como de métodos e ferramentas, nomeadamente com a transformação digital em curso. A gestão do tempo de trabalho e o equilíbrio com a vida pessoal, mas também com os impactos de deslocação casa-local de trabalho, com ainda reduzida aposta na flexibilidade laboral. Mas outro fator é achar-se que a multitarefa conduz a ganhos, mas a verdade é que reduz a concentração e aumenta o risco. Mas mais crítico poderão ser as questões de clima laboral, nas suas mais variadas cambiantes – o que se torna fundamental é que se tenham pessoas motivadas e satisfeitas nas organizações. E, nesta linha, ainda, as pessoas conhecerem bem o que a organização lhes proporciona no seu percurso de evolução.
Independentemente, pois, da preocupação pelas tendências e desafios que se colocam às Organizações no momento atual, é importante termos consciência que são as Pessoas que conseguem elevar o nível de produtividade, numa primeira e determinante instância. Onde tem de se intervir primeiro, talvez seja a pergunta de “um milhão de dólares”. Certamente, há que planear prioridades, até porque algumas não chega ter vontade em mudar, implica investimentos de diversa ordem. O importante é definir um caminho, com as Pessoas no centro da ação!