«A protecção das pessoas nas organizações passará por garantir a agilidade, a adaptabilidade, o upskilling e o re-skilling»

 

Por Nuno Gonçalo Simões, director de Capital Humanos da PwC

«Os últimos 10 anos têm sido verdadeiramente aliciantes para quem trabalha na Gestão de Pessoas. Temos presenciado a evolução do papel dos Recursos Humanos nas organizações, paralelamente à necessidade de trabalhar temas com grande preponderância no crescimento das organizações e das suas pessoas, com impactos directos no negócio. A globalização, a mobilidade, a diversidade e inclusão, a atracção e retenção de talento, a aprendizagem e desenvolvimento pessoal, a digitalização, a importância da proposta de valor e do employer branding e o bem-estar, têm sido alguns dos muitos desafios e tendências.

Sem dúvida que a pandemia da COVID-19 será um marco para a humanidade e, consequentemente, na Gestão de Pessoas. Da mesma forma que abrandou o ritmo do planeta no que concerne a movimentações, criou a necessidade de aceleramento nas organizações de aspectos já identificados como cruciais, nomeadamente a transformação digital e a necessidade de garantir as competências certas na força de trabalho, que garantam a sua sustentabilidade futura.

As organizações terão que ser cada vez mais ágeis e resilientes, num mundo ainda mais rápido e imprevisível. As equipas de Gestão de Pessoas terão de acompanhar este padrão e ritmo, aproveitando a oportunidade, o papel interventivo e unificador que tiveram nas organizações neste tempo de pandemia, para confirmarem o seu posicionamento na organização como área crucial e de apoio estratégico.

As áreas de Recursos Humanos deverão reflectir e apoiar o negócio: na definição estratégica da força de trabalho; nos desafios actuais relacionados com o local de trabalho, nomeadamente o trabalho remoto, aproveitando para manter e potenciar a flexibilidade tão apreciada, em simultâneo com a mitigação dos riscos associados a este tipo de trabalho; na revisão e adequação dos processos e tecnologia de Recursos Humanos que foram colocados em causa por este novo cenário; e no apoio ao desenvolvimento das competências das suas pessoas.

Acreditava, já há algum tempo, que a adaptabilidade seria uma das competências chave para enfrentar o futuro, mas estava enganado. A adaptabilidade é, já no presente, uma competência essencial, que, aliada à criatividade, à capacidade de solucionar problemas e à responsabilidade, farão a diferença no mercado de trabalho. Para as equipas de aquisição de talento, será um desafio identificar novas formas de avaliar as pessoas por forma a validar estas características.

Para os gestores de pessoas, será importante interiorizar que as organizações não vão conseguir proteger postos de trabalho tornados redundantes pela tecnologia, mas que a protecção das suas pessoas passará por garantir e incentivar a agilidade, a adaptabilidade, o upskilling e o re-skilling no seio das organizações.

Por fim, destacaria ainda, como ponto positivo que deriva da pandemia, a importância que o wellbeing adquiriu em algumas organizações, na vertente da saúde mental, de bem-estar físico, combate ao isolamento, vertente familiar e na comunicação próxima. A empatia gerada pelas organizações que apostaram nessa abordagem, de forma sincera e honesta, certamente terá reflexos ao nível do engagement e da motivação dos seus colaboradores.

Aproveito para parabenizar toda a equipa da Human Resources que, ao longo destes 10 anos, contribuiu de forma activa para a partilha e discussão das boas práticas e tendências da Gestão de Pessoas em Portugal.»

 

 

 

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