A relevância do talento na recuperação do sector do Turismo e da Hotelaria

Factores históricos e culturais têm mostrado que o trabalho neste sector tão relevante para a nossa economia continua algo menosprezado. E é preciso mudar isso.

 

Por Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting, head of HR Consulting

 

O sector do Turismo e Hotelaria é, incontestavelmente, fundamental para a geração de riqueza e de emprego em Portugal. Nos últimos anos, as receitas turísticas registaram uma taxa média de variação anual de 10,3%, até que nos deparámos com uma pandemia.

Passados os anos mais críticos da pandemia – 2020 e 2021 –, Portugal registou, em linha com outros destinos mundiais, uma recuperação na procura e, consequentemente, nas receitas geradas. Não obstante a recuperação, confronta-se com desafios que, não sendo novos, são críticos de endereçar se queremos acelerar e garantir a sustentabilidade desta recuperação.

Um destes desafios mais críticos está relacionado com o talento que envolvemos neste sector, cada vez mais exigente. Efectivamente, o actual consumidor é cada vez mais exigente, pelo que a simples satisfação das necessidades já não é suficiente para ir ao encontro, ou mesmo superar, das suas expectativas. A satisfação neste sector de actividade é vista de forma mais abrangente, reflectindo-se numa avaliação holística – a experiência global sentida.

Neste contexto, a variável pessoas, no sector do Turismo e Hotelaria, assume uma relevância cada vez maior e diferenciadora, pelo que a sua adequada gestão representa uma questão estratégica nestas empresas, onde as pessoas, ao aliarem a componente teórica à prática, tornam visíveis os resultados de qualquer acção positiva. O profissional do turismo, para além de ser parte importante do serviço, é aquele que actua de forma a tornar a experiência do turista num momento único e memorável.

No entanto, factores históricos e culturais têm mostrado que o trabalho neste sector tão relevante para a nossa economia continua algo menosprezado pela desvalorização e precariedade, com consequências sociais para os profissionais e, a longo prazo, para as respectivas organizações.

O estigma de profissionais pouco habilitados e onde o investimento em desenvolvimento e formação é escasso, associado ao desafio da sazonalidade, leva a taxas de turnover elevadas e uma enorme dor de cabeça para os gestores do sector.

O reconhecimento da importância destas profissões, pelas entidades públicas e privadas, passa por valorizar os trabalhadores, investindo no recrutamento, no processo de acolhimento e integração, de forma a motivar e reter as pessoas, com investimento na qualificação, elevando os salários, contratando legalmente e garantindo protecções sociais.

Capacitar e desenvolver talento reveste-se de grande importância em todos os sectores de actividade, e este não é excepção. A aposta na qualificação e formação é, assim, uma questão fulcral para o sector, existindo uma necessidade de adaptar a mesma aos novos desafios, apostando na inovação e na qualidade.

Por outro lado, auscultar as nossas pessoas, nomeadamente através de ferramentas como o Índice da Excelência – www.indicedaexcelencia.com – é, e sempre será, uma boa prática para aferir o seu grau de envolvimento e satisfação, permitindo antecipar e mitigar temas que impactam fortemente a retenção dos profissionais.

 

Este artigo foi publicado na edição de Outubro (nº. 142) da Human Resources. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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