A Tabaqueira está a transformar o seu negócio. Saiba como

A Tabaqueira assumiu uma visão de transformação do seu negócio num processo que impactou não só a sua actividade, mas também os seus colaboradores.

 

Por Sandra M. Pinto

 

A Tabaqueira, subsidiária em Portugal da Philip Morris International, foi distinguida na categoria Campanha de Mudança Organizacional na edição do Grande Prémio APCE deste ano, uma competição promovida pela Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa, que premeia a excelência e o profissionalismo dos responsáveis de comunicação nacionais. Contando com cerca de mil colaboradores, a empresa adaptou o seu modelo de negócio para dar resposta à preocupação legítima da sociedade quanto aos efeitos nocivos dos produtos de tabaco, acreditando que só assim uma empresa cuja actividade principal assenta na produção e comercialização de produtos de tabaco pode ser sustentável. «Este prémio é, para nós, o reconhecimento público de um processo altamente disruptivo e positivo para o sector e para a sociedade em geral, no qual a comunicação assume um papel essencial», afirma Margarida Cardoso, manager People & Culture da Tabaqueira.

Esta mudança de paradigma reflectiu-se quer ao nível do negócio, quer da própria cultura organizacional, que passou a assentar muito na ciência, tecnologia e inovação. «Foi, e continua a ser, necessário um esforço conjunto de toda a organização, que passa também pela informação honesta e transparente que transmitimos aos nossos interlocutores, seja internamente aos nossos colaboradores, ou externamente aos fornecedores, à comunidade local, às autoridades de saúde e decisores políticos, sem esquecer os nossos consumidores», reforça a responsável, para quem a adopção de uma abordagem diferenciada e especializada na comunicação foi essencial na promoção de um diálogo aberto e regular com todos os stakeholders.

 

As pessoas no centro da transformação
Um processo de transformação desta dimensão trouxe alterações profundas no modelo de negócio da Tabaqueira, e, naturalmente, também teve reflexos ao nível da Gestão de Pessoas. «Todos os colaboradores viveram alterações profundas nas suas funções, seja porque mudaram de função ou departamento; seja porque as actividades se foram também alterando; seja até porque a forma como trabalhamos já não é a mesma, sendo agora mais focada nos consumidores, mais ágil, inovadora e colaborativa», faz notar Margarida Cardoso.

A manager de People & Culture afirma mesmo que o impacto desta transformação no dia-a-dia das pessoas da empresa tem sido tremendo. «Estamos a falar de uma das maiores mudanças de paradigma de negócio, que tem naturalmente influência profunda nos nossos processos internos, e até no nosso desenho organizacional. Os nossos colaboradores são agentes geradores de mudança positiva e comunicadores da transformação organizacional, tendo demonstrado agilidade e capacidade para se reinventarem no exercício das suas funções, agora também assentes na comercialização de um produto tecnológico, o que implicou novas e distintas aprendizagens, mas também grandes oportunidades de crescimento.» Margarida Cardoso não tem dúvidas de que as empresas não se transformam por si só, são as pessoas que as transformam. «O nosso sucesso tem sido igualmente o resultado do compromisso de todas as nossas pessoas com a visão de um futuro sem fumo.»

Desde o momento em que integrou a Philip Morris International, em 1997, que a Tabaqueira é «um caso de sucesso». Tal deve-se, na opinião de Margarida Cardoso, à forma como os seus colaboradores respondem a qualquer desafio: com competência, profissionalismo, empenho e motivação. «Só assim, e com uma capacidade fantástica de adaptação e agilidade das suas pessoas, é possível à Tabaqueira manter-se competitiva e líder no mercado português.»

A nova missão da empresa é “só” mais um desafio. Têm sido várias as iniciativas de comunicação interna e debate de ideias entre todos os profissionais sobre a transformação da empresa, que promovem o desenvolvimento e a participação de todos neste processo, com resultados e retornos muito positivos. Isso mesmo garante a manager de People & Culture: «De um modo geral, o compromisso com a nossa nova visão foi visível desde o primeiro dia e os nossos questionários internos têm mostrado isso mesmo. Temos uma visão transversal e agregadora, que orgulha as nossas pessoas e que tem sido crítica para que todos percebam o seu papel e contributo particular nesta transformação.»

«São os colaboradores de uma empresa que a diferenciam no mercado», reitera Margarida Cardoso. Assim, para a Tabaqueira, é crítico que as suas pessoas partilhem os valores da empresa – confiança, colaboração e integridade –, do mesmo modo que é crítico que se sintam valorizadas por ela e a vejam como um empregador de excelência. «Isto tem sido reconhecido internamente pelos nossos colaboradores, mas também externamente através do programa de certificação Top Employer.»

«Em termos de Recursos Humanos, em particular neste contexto de profunda transformação, queremos garantir que temos a organização ajustada, a cultura certa e as formas de trabalhar adequadas para contribuir para o crescimento do negócio. Investir nas pessoas certas é crucial para o nosso futuro, e fazemo-lo diariamente, um investimento que não se espelha apenas na atracção e recrutamento de novos talentos, mas também no desenvolvimento de todas as pessoas que temos internamente», garante.

Neste sentido, a comunicação interna e o envolvimento de todos os colaboradores no novo processo de transformação, através do conhecimento aprofundado dos produtos, tem sido fundamental. «Esta aposta no desenvolvimento das pessoas tem sido feita através de acções de formação, de programas de mentoring, da promoção da participação em equipas de projecto e da rotatividade de funções», revela a responsável.

Importante tem sido igualmente a estratégia da Tabaqueira de inclusão e diversidade. A promoção de um ambiente de trabalho inclusivo é um dos seus principais pilares, permitindo atrair e reter uma comunidade diversificada de colaboradores, que estão no centro do seu crescimento e inovação. «Na Tabaqueira, promovemos um ambiente de trabalho em que as situações individuais são percebidas, as diferenças são valorizadas e todos são tratados com justiça e respeito», assegura Margarida Cardoso. «Queremos que todos se sintam apoiados, respeitados e tenham a oportunidade de alcançar o seu potencial, independentemente da idade, nacionalidade, identidade de género, etnia, orientação sexual, religião, ou qualquer outra característica pessoal.»

A organização, que conta com mais de 25 nacionalidades, «está empenhada em ser um empregador de excelência, procurando promover um ambiente de trabalho seguro, diversificado e inclusi- vo, que permita a todos os colaborado- res desenvolverem-se, prosperarem e  contribuírem para a transformação e sucesso da empresa», reitera.

 

O papel da comunicação

A Comunicação Interna tem sido um dos principais motores do envolvimento de
todas as pessoas da Tabaqueira com o negócio e com a visão da empresa. Com a mudança de paradigma a assentar na ciência, na tecnologia e na inovação, as novas formas de comunicação são mais exigentes e em múltiplas frentes. «Os desafios no plano comunicacional têm sido
respondidos através de uma abordagem diferenciada e especializada, que procura chegar aos diferentes destinatários – dos trabalhadores aos fornecedores, da comunidade local às autoridades de saúde e decisores políticos, sem esquecer os consumidores», salienta Margarida Cardoso.

Sempre foi importante para a Tabaqueira como canal privilegiado para conseguir chegar a todos os colaboradores, «mas neste momento de profunda transformação, a Comunicação In- terna tem um papel primordial para garantir o engagement de toda a organização», acredita. E no contexto actual assume particular relevância para «mantermos todos mais próximos e informa- dos sobre os desenvolvimentos inter- nos e externos, tanto para os que estão a trabalhar fisicamente nas nossas instalações como para os que o estão a fazer remotamente».

 

A COVID-19 e seu impacto

Questionada sobre o impacto da pandemia nos resultados da empresa, Margarida Cardoso ressalva que ainda é cedo para se estimar o verdadeiro impacto desta pandemia nos resultados do negócio. Relativamente aos colaboradores,  a Tabaqueira implementou o teletrabalho a 16 de Março. «Mantivemos a fábrica a operar, mas reduzimos o número de pessoas nos escritórios e, por essa via, a probabilidade de contágios», relembra. «Até 18 de Maio tivemos mais de 500 tra- balhadores em trabalho remoto, sendo que já retomámos algumas actividades comerciais e prosseguimos com o regime de teletrabalho para todas as pessoas cuja função possa ser executada a partir de casa.»

A People & Culture manager garante que a implementação foi fácil e não houve grandes disrupções de negócio ou de produtividade devido à particularidade do teletrabalho. «As principais dificuldades prendem-se com as contingências específicas de um contexto de grande excepcionalidade nas nossas vidas e com o facto de termos uma grande diversidade de situações em termos pessoais e familiares. Embora queiramos retomar a normalidade, sabemos que o vamos fazer de modo progressivo, atendendo às necessidades do negócio e às circunstâncias particulares de cada colaborador. Que- remos também retirar as nossas aprendizagens deste momento que irá moldar o local de trabalho e a forma como trabalharemos no futuro.»

Na Tabaqueira acredita-se que essas aprendizagens terão um impacto muito positivo no bem-estar das pessoas, sabendo que o equilíbrio pessoal e profissional é uma das principais fontes de satis- fação dos colaboradores. «O bem-estar dos colaboradores sempre foi uma prioridade nossa. Numa altura como esta, naturalmente que passou a ser uma prioridade ainda maior», assegura a responsável.

A empresa procurou fazer tudo para garantir a segurança, prevenção e protecção da saúde das suas pessoas, começando por dispensar todos os trabalhadores que pertenciam, por razões de saúde, a grupos de risco, disponibilizando viseiras de protecção e máscaras para todos os trabalhadores na fábrica, reforçando
as rotinas de limpeza, reorientando as zonas de passagem na cantina, para quea  zona de lavagem de mãos passasse a ser parte do percurso obrigatório, e atribuindo zonas específicas de almoço para as equipas, com os lugares em ziguezague.

Margarida Cardoso faz notar que «as chefias têm tido um papel fundamental no conhecimento mais aprofundado da realidade das suas equipas e de cada um dos elementos, e são muitos os exemplos de entreajuda, de capacidade de adaptação às necessidades de cada um, de criação de um ambiente de proximidade mesmo com distância física».

 

Este artigo foi publicado na edição de Julho (n.º 115) da Human Resources.

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