A tranformação (digital) das organizações: Líder a líder

A forma como uma organização desafia e apoia as suas pessoas mais experientes a tornarem-se líderes digitais é um bom indicador da solidez da sua transformação digital.

 

Por Ana Neves, Sócia e directora-geral da Knowman

 

A transformação digital é um dos temas quentes do momento. No sector público e no privado, surgem programas e iniciativas que visam melhorar o desempenho organizacional através de um melhor aproveitamento da tecnologia digital disponível: big data, robotic process automation (RPA), plataformas digitais de colaboração, IoT, etc.

Mas quando se fala sobre transformação digital, reflecte-se muito pouco sobre o impacto que esta tem na liderança das organizações: as oportunidades que cria para os líderes existentes; as portas que abre para o aparecimento de novos líderes; e a mudança de hábitos e cultura que exige da liderança.

Um estudo de 2017 da EY analisou a jornada de transformação digital de 36 grandes empresas de Telecomunicações, frisando a necessidade de agilidade organizacional, de «novas formas de envolvimento do ecossistema» e de «uma mudança na mentalidade, na estrutura e na forma de interação na organização».

Lee Bryant, co-fundador da empresa de consultoria Postshift, defende que a forma como uma organização desafia e apoia as suas pessoas mais experientes a tornarem-se líderes digitais é um bom indicador da solidez da sua transformação digital.

Assim, são necessários modelos de trabalho e estruturas organizacionais mais ágeis, e uma valorização genuína do colectivo: o conhecimento é criado pela rede, partilhado através da rede, e retido para benefício da rede. Nesse sentido, os verdadeiros líderes digitais são aqueles que conseguem aumentar a inteligência da rede, capacitá-la, fortalecê-la, inspirá-la, e envolvê-la.

Isto implica:
– Assegurar que a visão, os objectivos e o conhecimento são partilhados por todos;
– Desenvolver todos os colaboradores, ajudando-os a atingir o seu potencial;
– Confiar no conhecimento, na experiência e no compromisso dos profissionais;
– Orientá-los durante todo o processo de mudança;
– Garantir que as acções reflectem as palavras;
– Dar aos colaboradores as ferramentas de que precisam e mostrar como podem ser usadas.

As ferramentas sociais podem ser usadas para envolver a organização na identificação de ideias para desafios de negócio, na avaliação de projectos críticos ou na definição de políticas internas. Esta abordagem tira partido das perspectivas de um leque alargado de pessoas e, simultaneamente, envolve-as, dando origem a melhores resultados e a colaboradores mais comprometidos.

Para além disso, as novas intranets sociais podem contribuir para a retenção e disponibilização de conhecimento crítico. Os colaboradores têm assim melhores condições para realizar as actividades em tempo útil, as chefias ficam mais disponíveis para actividades de gestão e estratégia, e a organização melhora o seu desempenho.

Para que os programas de transformação digital dêem resultados, é vital que haja uma correspondente transformação cultural. E ainda que as intranets sociais requeiram uma nova forma de pensar e trabalhar, elas são também um veículo e um móbil privilegiado para promover e amplificar melhores comportamentos e modelos de trabalho.

Este artigo foi publicado na edição de Maio da Human Resources.

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