Adaptar o meu estilo de comunicar: manipulação ou respeito?

Por Vera Norte, Co-Founder & Managing Partner do Comunicatorium

É certo que somos diferentes. A forma como somos percebidos pelos outros depende dos filtros que quem nos ouve usa. Esses filtros vão determinar a forma como a nossa mensagem é percebida. Muitas vezes bem longe do que queríamos efetivamente comunicar.
Estes filtros são determinados geneticamente e pelas experiências de vida de cada um.
A verdade é que o nosso comportamento, dizem os cientistas, é, em muita situação, previsível e função de determinados traços da nossa personalidade.
Assim sendo existem várias características que determinam a que tipo de personalidade correspondemos e quais as suas características mais comuns.
Existem vários modelos de avaliação de comportamentos suportados por testes, mas também evidenciados por comportamentos como o Eneagrama ou o DISC, mas todos eles apontam para grupos de comportamentos.
Independentemente do valor enquanto ferramenta de auto-análise, estes sistemas permitem-nos também identificar à partida determinadas características dos nossos interlocutores que nos podem permitir ajustar os nossos discursos de forma a serem mais efetivos.
A questão que me colocam várias vezes é se isso faz sentido. Se não nos torna menos verdadeiros…
É evidente que dependerá de cada um e de cada contexto, mas a meu ver depende essencialmente do propósito da comunicação.
A eficácia da comunicação depende do emissor; se tem algo a comunicar deve fazer o esforço para ser realmente percebido pelo seu interlocutor. Nesta premissa quem comunica deve adaptar a sua mensagem à sua audiência; no conteúdo, no tom de voz, no “body language“, na recetividade criada para receber feedback.
Um exemplo: se tem na sua equipa alguém rígido, independente, determinado, é difícil conjugá-lo para uma tarefa comum, com alguém incerto, submisso, prestável, respeitoso. Dois tipos de personalidades com mais dificuldade em obter uma verdadeira cooperação a não ser que conscientemente cada um seja capaz de conhecendo o outro e respeitando as diferenças, adaptar o seu estilo.
O conhecimento do outro permite-nos essa adaptação desde que o propósito seja o de uma colaboração efetiva para um resultado partilhado.
Sem este esforço de tentar perceber o outro arriscamos a maior parte do tempo a que as nossas mensagens não cheguem ou pior ainda cheguem distorcidas e mal interpretadas.