Adelino Cunha, I Have the power: «As pessoas verdadeiramente talentosas não se movem apenas por dinheiro»

Identificar o que é talento e saber atraí-lo é fundamental para as empresas de hoje.

 

I Have the Power integra sete academias (Excelência Pessoal, Educação, Liderança, Desporto, Wellness, RH& Coaching e Desenvolvimento de Negócios) que utilizam a mesma estrutura de treino, formação, coaching, consulting e implementação no terreno, permitindo a criação de «um mindset comum e algo fantástico que é o levar a mudança de mentalidade e as novas competências para a vida familiar». Adelino Cunha, CEO da Solfut – I Have the Power, refere que os clientes empresarias levam muitas destas iniciativas motivacionais também para o plano familiar, criando uma linguagem que não fica apenas na empresa.

 

Quais os grandes desafios que o actual contexto apresenta à Gestão de Talento?
Acho que o primeiro desafio é identificar o que é Talento para uma organização pois é algo que varia de empresa para empresa. De seguida, ter a capacidade de o atrair. Sabemos que as pessoas verdadeiramente talentosas não se movem só por dinheiro ou coisas materiais. Sendo muito importantes, o que se torna mais relevante são a visão, a missão e os valores dos projectos e das equipas com quem vão trabalhar. Com especial atenção ao perfil dos líderes pois alguns são a maior fonte de desmotivação das equipas.

 

O que mudou face ao período pré-pandemia?
Antes da pandemia vivíamos num mundo de êxtase em muitas empresas: muitas estavam em crescimento, com tudo a correr bem, logo a seguir à última crise mundial. A pandemia veio colocar tudo novamente na perspectiva certa. Mostrou a importância da família, das pessoas, do lugar em que vivemos, da tecnologia que temos e do nível tecnológico das empresas, da riqueza e do dinheiro, da saúde. Voltou a centrar-nos em valores mais importantes do que a satisfação imediata. Algumas empresas já estavam a pensar nisso e com excelentes práticas mas agora alargou-se a todas. Afinal já podemos ter reuniões sem termos de nos deslocar tanto e com isso poupamos tempo e somos mais produtivos e focados; a produtividade em teletrabalho até aumentou em alguns casos; sentimos saudades uns dos outros e queremos reencontrar-nos no escritório de vez em quando e percebemos a importância de saber parar e viver em equilíbrio.

Mudaram os valores e os conceitos de trabalho, de localização e de tempo. Muitas empresas tecnológicas já estavam há alguns anos nesse mundo que agora ficou próximo das restantes empresas e percebemos que afinal podemos rapidamente mudar, adaptarmo-nos e refazer os modelos de negócio.

 

Quais são os requisitos dos colaboradores no contexto de hoje para estarem satisfeitos no seu trabalho?
A questão financeira e da sua segurança no trabalho é importante, obviamente; os benefícios complementares tais como seguros de saúde, ambiente de trabalho, iniciativas grupais de alinhamento das equipas, complementos para facilitar a sua vida familiar, enfim uma série de situações que facilitem a vida de um colaborador e a sua gestão do tempo são também muito atractivas; os equipamentos para executarem a sua função e as condições de trabalho; a capacidade de serem autónomos e gerirem o seu tempo e ritmos de trabalho, quando faz sentido e é possível, é muito importante, bem como a possibilidade de terem novos desafios.

 

E quais são as valências que se esperam dos colaboradores?
Cada vez mais as capacidades de aceitar e usar tecnologia, a resiliência, a capacidade de aceitar a mudança, a criatividade e a inovação, a capacidade de se automotivar e lidar com o fracasso e recuperar. Nas lideranças acrescentaria a capacidade de sonhar e fazer sonhar.

 

Quais são as grandes tendências para um futuro pós-pandemia?
A importância da China como a maior potência mundial; a entrada com toda a força da tecnologia, a um nível superior e integrador, com serviços na Cloud Global, com o IoF, com a IA, que vão eliminar serviços das empresas e que vai acelerar com as iniciativas de migração digital das empresas e os apoios que virão; o e-commerce e o m-commerce a ser usado por pessoas anteriormente “resistentes digitais” e que se tornaram rapidamente utilizadores; os “nómadas digitais” que vivem onde querem e trabalham onde querem; a importância do Coaching para descobrir o melhor das pessoas e a utilização da PNL para mudar rapidamente crenças, hábitos, vícios e lidar com traumas e assim tornar as pessoas melhores, passarão a fazer parte do normal das empresas, das universidades.

 

Esta entrevista faz parte do Caderno Especial “Gestão de Talento”, publicado na edição de Maio (n.º 125) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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