
Adivinha quanto tempo passam os portugueses a comer (e a cozinhar)? Saiba também o que mais comem
Os portugueses passam cerca de duas horas por dia a comer, ou seja, quase metade do tempo de lazer diário é dedicado às refeições. Os dados são do estudo “Como comemos o que comemos: um retrato do consumo de refeições em Portugal” da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
A grande maioria das refeições da população portuguesa ocorre em casa (72%), sobretudo o pequeno-almoço e o jantar. O que significa que menos de um terço das refeições têm lugar fora de casa, incluindo em casa de amigos ou familiares.
Já o almoço é a refeição que os portugueses mais fazem fora de casa (42% das vezes). A maioria dos almoços fora de casa ocorrem no local de trabalho ou ensino (21%) mas também em restaurantes (9%), em casa de familiares e amigos (8%) ou em cafés e padarias (3%).
O jantar – fora de casa acontece apenas 13% das vezes. Nestas ocasiões, é mais frequente ocorrer em casa de familiares e amigos (6%) do que em restaurantes (4%);
A decisão de comer fora de casa é influenciada pela situação económica das famílias, estando relacionada com os seus rendimentos e situação profissional. Ir a um restaurante é mais comum entre as pessoas com rendimentos e níveis de escolaridade mais elevados, e que residem em grandes centros urbanos;
Face às famílias com rendimentos inferiores, as famílias com rendimentos mais elevados têm despesas com alimentação duas vezes maiores, e a prática de encomendar comida para casa é oito vezes mais frequente;
O estudo mostra que a proporção da despesa em consumo alimentar caseiro é superior no caso dos idosos, cuja principal fonte de rendimento são as pensões de reforma ou outras prestações sociais.
O mesmo estudo mostra que metade dos portugueses dedicam, pelo menos, uma hora por dia à cozinha. 27% cozinham, mas gastam menos de uma hora diária a fazê-lo, e dois em cada 10 nunca cozinham.
Um quarto da população jovem ou adulta dedica pouco ou nenhum tempo diário a cozinhar, e tende a desvalorizar os benefícios práticos de confeccionar e consumir refeições em casa regularmente. Por oposição, valorizam a conveniência, a socialização e o entretenimento proporcionado pelo consumo alimentar não-doméstico;
Entre as mulheres, três em cada quatro passam, pelo menos, uma hora por dia a cozinhar – uma percentagem três vezes superior à da realidade masculina.
Se ao tempo despendido a cozinhar for somado o tempo dedicado, pelas mulheres, a prestar cuidados à família ou a desempenhar outras tarefas domésticas, conclui-se que estas exercem, em cada mês, mais de dois dias de trabalho não remunerado do que os homens.
Da autoria de Ana Isabel Costa (CATÓLICA-LISBON School of Business & Economics), Cláudia Simão e Ana Rita Farias (ISCTE-IUL), Mariana Rei, Sara Rodrigues, Duarte Torres e Carla Lopes (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto – ISPUP), este estudo procurou aprofundar o conhecimento sobre os hábitos de consumo de refeições dos portugueses na actualidade, tendo por base dados estatísticos já existentes e dados recolhidos pelos autores, num inquérito conduzido em 2021.