AEP alerta para urgência do apoio ao financiamento e capitalização das empresas

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) alerta o Governo para a «necessidade urgente» de apoiar o financiamento e a capitalização das empresas portuguesas, de forma a «travar o encerramento» de negócios viáveis.

 

«É fundamental a rápida implementação de instrumentos de apoio ao financiamento e à capitalização, área onde o tão ansiado Banco Português de Fomento terá um papel muito relevante», sustenta o presidente da AEP numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Segundo salienta Luís Miguel Ribeiro, «a recapitalização e o prolongamento dos apoios são essenciais enquanto for necessário travar o encerramento de empresas viáveis».

«Não podemos, nem devemos, aguardar até ao final do verão», avisa, convicto de que «serão novamente as empresas a ter um papel determinante na recuperação económica e social do país».

A AEP lembra que «a anterior crise mostrou que as empresas com elevada produtividade, mas em stress financeiro, cresceram a um ritmo mais lento e viram a sua probabilidade de encerramento aumentar», sendo que «o risco de encerramento foi ainda maior para as empresas muito endividadas e mais dependentes do financiamento bancário».

E – nota – «embora com características diferentes, a actual crise também implicou o aumento do endividamento bancário, acentuado pelo uso (muito maior do que na União Europeia) dos instrumentos de moratórias e linhas de crédito com garantia pública».

Na nota enviada à Lusa, a associação destaca que, «apesar do impacto brutal da pandemia sobre a actividade económica, as empresas portuguesas continuaram a revelar a capacidade de resiliência que tão bem as caracteriza», com a variável investimento a recuar menos que o Produto Interno Bruto (PIB).

A este propósito, destaca que o próprio Banco de Portugal (BdP) considerou que «os apoios à situação financeira das empresas, a disponibilidade de crédito com taxas de juro baixas e com garantia do Estado terão contribuído para suportar o investimento».

Outro factor apontado pela AEP para demonstrar a resiliência das empresas é o nível dos fluxos comerciais com o exterior: Apesar de as exportações de bens «terem reduzido fortemente em 2020», o facto é que «Portugal conseguiu alcançar um ganho de quota em vários produtos e mercados externos», sublinha.

A associação ressalta ainda que «vários estudos demonstram a importância de se apoiar as empresas nesta crise, a urgência da sua recapitalização e os riscos de uma retirada prematura dos apoios».

Como exemplos, aponta dois trabalhos apresentados no Boletim Económico de Maio do BdP relativos aos impactos da pandemia nas empresas, um sobre liquidez e o outro sobre descapitalização.

«Em ambos os estudos, fica bem patente que, sem os principais apoios (lay-off simplificado, garantias de crédito e moratórias), as empresas mais afectadas teriam tido, em 2020, uma redução acentuada de liquidez, em vez de um aumento ligeiro no rácio caixa/activo», precisa.

Por outro lado, acrescenta, «simulações efectuadas pelo BdP apontam para que o peso de empresas com capitais próprios negativos possa subir de 26% em 2019 para 33% em 2021, valor que, a concretizar-se, supera o máximo de 30% registado durante a crise de dívida soberana».

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