Ainda há assédio no trabalho em Portugal

A proporção de mulheres que admite ter sido vítima de assédio no local de trabalho diminuiu, em 25 anos, de 34% para 14%, revela um estudo da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego. Ainda assim, Portugal continua a ter uma taxa superior a outros países europeus.

Os dados preliminares do estudo “Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho em Portugal”, divulgados em Junho do ano passado, revelaram que mais de 850 mil pessoas já foram vítimas de assédio moral no emprego e cerca de 650 mil de assédio sexual, sendo as mulheres as principais vítimas e os chefes os principais abusadores.

Este estudo vem actualizar os dados recolhidos em 1989, noutro trabalho científico, sobre o assédio sexual no local de trabalho sobre as mulheres. Tal como há 25 anos, mais de 90% das mulheres identificam incidentes que implicam contactos físicos corpo a corpo como assédio sexual. Já os comentários de natureza ofensiva sobre uma parte do corpo eram vistos, em 1989, como uma forma de assédio por cerca de 50% das mulheres, enquanto actualmente essa percentagem se situa nos 72,9%.

Por outro lado, em 25 anos, mudou a forma como as mulheres reagem às situações de assédio sexual, revelando-se uma menor passividade. No estudo de 1989, 49% das mulheres admitiram fazer de conta que não notaram o que aconteceu, enquanto em 2015 essa percentagem é de 22,9%. Em 2015, mais de metade (52%) das mulheres assediadas mostrou imediatamente o desagrado, e 30,7% confrontaram imediatamente a pessoa e exigiram que não se repetisse.

Há 25 anos, na maior parte das situações, os autores eram maioritariamente os colegas de trabalho (57%). Actualmente são os superiores hierárquicos ou chefes directos (44,7%).

O relatório, desenvolvido pelo Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG), do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), e da responsabilidade da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), mostra ainda que o assédio sexual em Portugal atinge 12,6% da população activa, enquanto na média dos países europeus o valor ronda os 2%. No assédio moral, a relação é de 16,5% para Portugal e 4,1% na média dos países europeus.

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