Alexandra Andrade, Adecco Portugal: «Salário, uma ferramenta de atracção, mas não de retenção»

Alexandra Andrade, Country manager da Adecco Portugal, reconhece que «o salário mantém-se como a principal razão para que as pessoas queiram mudar de emprego. Os empregadores podem sentir-se tentados a investir na confiança dos colaboradores apenas com a oferta de salários mais elevados. É eficaz para atrair talento, mas não se esgota de todo no que toca à retenção».

 

«O mundo do trabalho acordou para uma nova realidade e é absolutamente válido que as empresas tenham na proa das suas preocupações aspectos novos face ao passado recente e que estejam ainda a lidar e a ajustar repostas às necessidades que a mudança traz para o mundo do trabalho e, particularmente, para a gestão de Recursos Humanos.

Pese o abrandamento de fenómenos como a Great Resignation ou o Quiet Quitting face a uma conjuntura de crise económica global, mais impactante na Europa, e à qual Portugal não escapa, a preocupação das empresas com a atracção e retenção de talento é o desafio número 1. Os departamentos de Recursos Humanos têm uma responsabilidade gigante em olhar para os seus colaboradores como mais do que números numa folha de cálculo e as suas aspirações humanas têm de ser consideradas para repensar estratégias de talento e construir equipas resilientes, motivadas e empenhadas.

Para trabalhar eficazmente a atracção e retenção de talento, os gestores de Recursos Humanos deverão estar absolutamente cientes de que a noção de sucesso e satisfação no trabalho, vital para a retenção de pessoas nas organizações, e que são puramente aspiracionais, é diferente face a 2019: as nuances de uma vida de trabalho bem-sucedida são mais abrangentes e holísticas e têm em conta o equilíbrio quotidiano entre vida pessoal e trabalho, bem-estar físico e mental, além de um salário ajustado e em linha com a maior taxa de inflação de que há registo nas últimas três décadas. Mas se os profissionais se sentirem infelizes na sua posição na vertente mais aspiracional, mesmo que tenham um salário ajustado, vão querer sair porque as restantes componentes não estão à altura das suas expectativas.

É isto que o mais recente estudo do Grupo Adecco, “Global Workforce of the Future”, confirma: o salário mantém-se como a principal razão para que as pessoas queiram mudar de emprego. Os empregadores podem sentir-se tentados a investir na confiança dos colaboradores apenas com a oferta de salários mais elevados. É eficaz para atrair talento, mas não se esgota de todo no que toca à retenção.

As alavancas para a atracção e retenção de talento terão de ser accionadas em torno de mais ferramentas, além do salário: a flexibilidade tailor-made e em linha com o enquadramento dos negócios, as perspectivas de progressão na carreira e a valorização da saúde mental e bem-estar dos colaboradores são os desafios major para os gestores de pessoas. Cada vez mais nas organizações, a mentalidade tem de estar focada na visão e sentimento das “nossas pessoas”.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Dezembro (nº.144) da Human Resources, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.

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