ANA Aeroportos de Portugal: Formação contínua como pilar estratégico

A ANA aposta na sua academia corporativa para desenvolver competências técnicas e comportamentais, promovendo aprendizagem contínua e reforçando a excelência operacional.

 

A ANA Aeroportos de Portugal tem vindo a consolidar a sua academia corporativa como um pilar estratégico para o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais. Através de Learning Paths personalizados, integração com a Academia VINCI e formação digital, a empresa promove aprendizagem contínua, autorresponsabilização e valorização do conhecimento interno. Em entrevista à Human Resources, Isabel Heitor, directora de Pessoas e Cultura, explica como estes programas apoiam colaboradores e reforçam a excelência operacional da ANA.

Como define a estratégia da ANA enquanto “academia corporativa”?

A ANA vê a sua academia corporativa como um instrumento estratégico de desenvolvimento, promovendo competências que suportam a excelência operacional, a conformidade regulatória e a evolução das equipas. Para além da formação interna, capacita profissionais externos, reforçando o papel da academia como hub de conhecimento e segurança operacional.

Os Learning Paths personalizados combinam formações obrigatórias, técnicas e comportamentais, geridos pelas plataformas Cornerstone e VINCI, permitindo acompanhar e avaliar os percursos individuais e alinhá-los com os objectivos organizacionais, reforçando a aprendizagem contínua e a autorresponsabilização.

Qual é o papel da Academia VINCI na formação interna?

A Academia VINCI é central na formação da ANA, funcionando como repositório digital global de conhecimento para todas as entidades do grupo. A sua plataforma oferece um catálogo abrangente em áreas como diversidade, segurança da informação, inovação, conformidade, sustentabilidade e operações aeroportuárias.

Acessível a todos os colaboradores, permite formação homogénea e alinhada com os valores do grupo, registando progresso e atribuindo badges que incentivam a aprendizagem contínua.

Ao promover uma cultura comum de desenvolvimento, reforça a coesão organizacional, a partilha de boas práticas e o alinhamento estratégico, consolidando a ANA numa rede internacional de excelência.

Como são identificadas as necessidades de formação dentro da ANA?

A ANA identifica as necessidades de formação de forma sistemática, garantindo que os percursos formativos respondem tanto às exigências operacionais como ao desenvolvimento individual.

Para isso, recorre à avaliação de desempenho, entrevistas individuais, obrigatoriedades legais e regulatórias, planeamento estratégico das direcções e relatórios mensais de progresso. Esta abordagem permite construir Learning Paths personalizados, alinhados com perfis funcionais e objectivos estratégicos, promovendo aprendizagem contínua e excelência operacional.

De que forma equilibram formação técnica e soft skills na academia interna? E que áreas recebem maior foco hoje?

A ANA equilibra formação técnica e soft skills, reconhecendo que ambas são essenciais para a excelência operacional, resiliência organizacional e qualidade do serviço público.

A formação técnica é prioritária em áreas como segurança aeroportuária, engenharia, SST, operações, cibersegurança e conformidade regulatória, com muitos conteúdos desenvolvidos internamente. Em paralelo, há investimento crescente em soft skills, como resiliência, trabalho em equipa, liderança, inovação, comunicação e gestão emocional, integradas em contextos de pressão e colaboração multidisciplinar.

Os Learning Paths personalizados combinam formações obrigatórias e opcionais, permitindo evolução integrada e alinhada com os objectivos estratégicos, garantindo equipas competentes técnica e emocionalmente.

Quais são os principais desafios logísticos na implementação da academia?

A implementação da academia da ANA enfrenta desafios logísticos devido à dispersão geográfica dos aeroportos e à diversidade de perfis. Para responder, contam com equipas locais que garantem a execução eficaz das acções formativas.

A estratégia inclui formação digital e e-learning, cursos curtos, planeamento por blocos de tempo e automatização de inscrições e refrescamentos, assegurando continuidade e conformidade. Em áreas técnicas ou certificações internacionais, a formação pode exigir deslocações ao estrangeiro.

Esta combinação de gestão centralizada, flexibilidade e cultura de desenvolvimento contínuo garante acesso equitativo e eficácia das acções formativas, independentemente da localização.

Que modelos de avaliação utilizam para medir o sucesso da formação?

A ANA utiliza um sistema de avaliação diversificado para garantir a eficácia das acções formativas e o seu alinhamento com os objectivos estratégicos.

São considerados indicadores operacionais, como registo e estado das formações e atribuição de badges que reconhecem o progresso individual. Relatórios mensais por direcção monitorizam o cumprimento dos planos, identificam melhorias e alimentam um ranking interno, promovendo responsabilidade e desenvolvimento contínuo.

A plataforma VINCI centraliza a gestão, e auditorias regulares reforçam conformidade, qualidade e relevância dos conteúdos. Este modelo permite acompanhar o impacto da formação e ajustar estratégias conforme as necessidades da organização e do sector aeroportuário.

Têm casos de programas internamente desenvolvidos que se destacaram?

O programa de formação de Operações Aeroportuárias é um exemplo destacado da capacidade da ANA em criar soluções internas de elevado impacto.

Começa com o módulo Ab Initio, preparado à medida para novos oficiais, abrangendo meteorologia, marshaling, segurança operacional, gestão de emergência e comunicação em contexto crítico. Com mais de 200 horas teóricas, é complementado por formação prática intensiva e coaching on-the-job, com avaliações rigorosas que garantem que apenas os formandos com domínio técnico e comportamental assumem funções operacionais.

A elevada participação e prestígio do programa reflectem-se na padronização de procedimentos, reforço da cultura de segurança, desenvolvimento integrado de competências e promoção da autonomia e capacidade de decisão, evidenciando a aposta da ANA na formação como motor de profissionalização e sustentabilidade operacional.

Como é equilibrada a formação com a operacionalidade contínua nos aeroportos?

Na ANA, a conciliação entre formação e operacionalidade é assegurada por planeamento antecipado e rigoroso. O plano anual, definido no último trimestre, integra refrescamentos, formações iniciais e obrigatoriedades legais, e ajusta as escalas operacionais para minimizar impacto na operação, com blocos de tempo flexíveis e coordenação com as chefias.

São também adoptadas formações modulares e de curta duração, planeamento por aeroporto, sensibilização das equipas para metas semanais e utilização de e-learning, permitindo formação assíncrona compatível com horários por turnos.Este modelo garante formação contínua e eficaz sem comprometer a qualidade dos serviços aeroportuários.

Qual é a visão futura da academia corporativa da ANA?

A visão da ANA assenta na consolidação da formação como pilar estratégico da sustentabilidade organizacional, promovendo o desenvolvimento contínuo e a valorização do conhecimento interno.

Até ao final do ano e a médio prazo, destacam-se como objectivos o aumento da taxa de conclusão das formações obrigatórias, a expansão dos Learning Paths personalizados, o reforço da integração com a Academia VINCI, o lançamento de novos programas para managers — centrados em liderança, gestão de equipas e tomada de decisão — e a promoção activa de uma cultura de aprendizagem contínua em toda a organização.

A ANA aposta cada vez mais na transferência de conhecimento entre colaboradores, reconhecendo que grande parte do saber técnico e operacional reside nas equipas. A formação interna é, assim, não apenas uma ferramenta de capacitação, mas também um instrumento de preservação e partilha de conhecimento crítico, essencial para garantir a excelência e a continuidade dos serviços aeroportuários.

Como envolvem os colaboradores no seu próprio desenvolvimento?

Na ANA, o envolvimento activo dos colaboradores no seu percurso formativo é considerado essencial para o sucesso da formação e para o desenvolvimento sustentável da organização. Cada profissional pode definir metas individuais e de equipa, escolher Learning Paths alinhados com os seus objectivos e receber reconhecimento através de badges e rankings internos, reforçando motivação, compromisso e autorresponsabilização.

Para novas chefias, o programa Building UP combina a construção de um plano individual de desenvolvimento com um plano formativo personalizado, centrado em competências de liderança, gestão de equipas e comunicação.

Todos os colaboradores participam ainda num processo de avaliação de desempenho, que identifica lacunas de competências e permite desenhar percursos formativos orientados para a evolução na carreira, promovendo crescimento profissional e alinhamento com as necessidades futuras da organização.

Em que medida a ANA tem apostado no formato digital e-learning para garantir cobertura e flexibilidade?

O formato digital está consolidado na ANA há vários anos, permitindo uma formação homogénea e escalável em todos os aeroportos nacionais e na rede internacional do Grupo VINCI, presente em mais de 70 aeroportos em 14 países.

A plataforma VINCI é central nesta estratégia, oferecendo um repositório diversificado de conteúdos acessível a todos os colaboradores. Além de assegurar o cumprimento das formações obrigatórias, permite introduzir novos cursos em áreas emergentes, como a sensibilização para o atendimento a passageiros com mobilidade reduzida, desenvolvido em Portugal.

O e-learning é particularmente vantajoso para equipas com horários por turnos ou menos regulares, oferecendo flexibilidade de acesso, formação assíncrona e refrescamentos automáticos, garantindo cobertura formativa eficaz sem comprometer a continuidade dos serviços aeroportuários.

Como é que a academia corporativa contribui para os objectivos estratégicos da ANA?

A formação na ANA é um pilar estratégico que contribui para várias dimensões da organização.
A academia corporativa promove excelência operacional, assegura que os colaboradores têm competências técnicas e comportamentais adequadas a um ambiente altamente regulado; garante conformidade legal, cumprindo formações obrigatórias e normas nacionais e internacionais; e desenvolve competências críticas em áreas como segurança, operações, inovação, liderança e resiliência.

Adicionalmente, fortalece o alinhamento cultural com o Grupo VINCI, promove a atração e retenção de talento e integra temas de sustentabilidade, como responsabilidade social, inclusão e eficiência energética.

Ao fomentar uma cultura de aprendizagem contínua e autorresponsabilização, a academia corporativa reforça o compromisso da ANA com a qualidade, inovação e preparação para os desafios futuros do sector aeroportuário.

De que forma o desenvolvimento contínuo dos colaboradores potencia a excelência operacional, a resiliência organizacional e o alinhamento com as exigências regulatórias e do sector?

Na ANA, o desenvolvimento contínuo dos colaboradores é um pilar estratégico para assegurar excelência operacional, conformidade regulatória e capacidade de adaptação aos desafios do sector aeroportuário.

Este desenvolvimento traduz-se no reforço e actualização de competências técnicas e comportamentais, na capacitação em áreas emergentes como inovação, digitalização e comportamento inclusivo, e no aperfeiçoamento constante das equipas para responder com eficácia, segurança e qualidade às exigências diárias da operação.

A formação contínua mantém os colaboradores preparados e alinhados com normas nacionais e internacionais, contribuindo para a resiliência organizacional e a melhoria da performance individual e colectiva.
Ao mesmo tempo, fortalece a cultura organizacional, promove autorresponsabilização e assegura a preservação e transmissão do conhecimento crítico, garantindo a sustentabilidade da ANA a longo prazo.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Academias de Formação” que foi publicado na edição de Outubro (nº. 178) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.

Ler Mais