Anabela Silva: «Seja qual for a realidade que nos espera, temos de continuar a entregar valor para a nossa economia»

Charles Darwin deixou-nos uma mensagem que nos deverá guiar sempre que sentirmos a tentação de resistir à mudança: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”

 

Por Anabela Silva, directora de Marketing e Comunicação da BP Portugal

 

A mudança faz parte da nossa vida e acontece todos os dias, em momentos tão triviais que muitas vezes nem tomamos consciência dela. Por exemplo, quando vamos a um restaurante e pedimos aquela refeição favorita e nos respondem: “Hoje já não temos, mas pode experimentar outro prato também muito bom.” Por momentos ficamos zangados, porque de repente os nossos planos foram alterados, mas como temos fome e queremos comer, temos de escolher outra refeição. Se decidirmos aceitar a sugestão que nos fizeram e acreditar que vamos ficar satisfeitos, no final acabamos por experimentar uma refeição nova, que muito provavelmente foi apreciada, ficando assim com mais opções de escolha numa próxima visita. É certo que na vida acontecem mudanças bem mais marcantes, que são muito mais complexas de gerir e com tempos de resolução bem mais prolongados.

Com o início desta pandemia, todos fomos expostos a mudanças profundas na nossa vida, exigindo uma capacidade de adaptação sem precedentes. Exaustos, muitos de nós fomos de férias e regressámos com a expectativa de dias melhores, mas ainda assim receosos pelas mudanças do novo quotidiano e a incerteza no futuro. Seja qual for a realidade que nos espera neste regresso, temos de continuar a entregar valor para a nossa economia, através de uma gestão entusiasta e com confiança no futuro.

Nos dias de hoje, a Gestão de Pessoas exige, mais do que nunca, uma disponibilidade para escutar activamente as equipas e ajudar na redefinição de objectivos. Em tempos de incerteza, a disponibilidade torna-se num ingrediente secreto para a receita contra a ansiedade. É muito importante que a liderança das equipas promova uma maior conexão entre as chefias e as equipas, assim como entre as próprias equipas. Encontrar estes momentos de conexão, nem que seja apenas para ouvir ou para ajudar a identificar as causas das incertezas, ou para encontrar âncoras para reestabelecer objectivos, vão permitir um maior focus no trabalho e transmitir maior estabilidade emocional, permitindo uma melhor gestão das mudanças.

As novas formas de trabalhar, quer seja com equipas totalmente ou parcialmente em trabalho remoto, impõem a construção de novos elos de comunicação com as equipas para continuar a desenvolver a proximidade, mesmo que essa ligação tenha de ser mantida de forma remota, exigindo uma maior disciplina na gestão dos relacionamentos. Esta nova diversidade nas novas formas de trabalho exige também uma gestão mais diversificada, que permita a convivência de diferentes modelos de colaboração. O equilíbrio familiar – trabalho-casa – é cada vez mais uma necessidade que urge neste novo paradigma das intermitências das estruturas sociais e uma variável muito relevante para controlo da incerteza.

Hoje estamos em casa com os filhos em tele-escola, na próxima semana estaremos em casa com os filhos na escola e na semana seguinte estaremos no trabalho com filhos na escola. Enfim, uma diversidade de cenários para as quais temos de nos preparar, acreditando que somos capazes de aproveitar o melhor de cada mudança.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº. 117) da Human Resources.

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