Antecipar a disrupção e preparar o futuro

Dar mais foco aos temas da gestão de talento e da transformação cultural, suportados por uma organização mais ágil, menos hierarquizada e com novas metodologias de trabalho. É este o objectivo da reformulação da área da
Gestão de Pessoas na EDP.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Há vários anos que a EDP tem vindo a antecipar as grandes transformações e disrupções no sector da energia. Foi nesse sentido que investiu no projecto de aceleração digital EDP X e, este ano, essa transformação foi trazida, de forma mais sistematizada e estruturada, também para o ecossistema interno da organização, para a cultura e para a experiência do colaborador. Assim, na sequência da apresentação do novo plano de negócios, traçou-se um novo
plano de People & Organization (P&O) e criou-se a Transformation & Talent Unit, dirigida por Martim Salgado, ficando
Paula Carneiro responsável pela People Experience Unit. Os desafiossão muitos. E o “segredo” para lhes dar resposta está nas pessoas.

 

O sector da energia, como transversalmente todos os outros, está a passar por profundas alterações, que, necessariamente, obrigou a mudanças nas organizações. Na EDP, quando se tomou consciência dessa necessidade de mudança e que passos foram dados nesse sentido?
Paula Carneiro (PC): Antecipando as grandes transformações no sector da energia, em 2007 a EDP adquiriu a Horizon, posicionando-se como um dos principais players no ecossistema da geração de energias renováveis. Actualmente, a EDP Renováveis é o quarto maior produtor de energia eólica a nível mundial e a empresa que
cresce mais no Grupo.
Nos últimos três a quatro anos também surgiu gradualmente a necessidade de se abordar de forma mais proactiva
o tema da transformação digital, que impacta todos os sectores económicos, e o de energia não é excepção. Investimos num projecto de aceleração digital – o EDP X – que teve como principal objectivo promover a digitalização ao nível dos activos, do cliente e ao nível da própria companhia, ou seja, nas formas de trabalhar, na optimização de processos, etc. Um dos outcomes do projecto foi a criação da Digital Global Unit, unidade global que lidera todos os temas de transformação digital e sistemas de informação da companhia. Este ano, deu-se o passo de trazer
essa transformação de forma mais sistematizada e estruturada também para o ecossistema interno da organização,
cultura e experiência do colaborador.

 

É nesse âmbito que surge a reestruturação da área Recursos Humanos? Em que consistiu essa reformulação?
Martim Salgado (MS): O objectivo foi dar foco aos processos de Gestão de Pessoas. Por um lado, quisemos garantir a eficiência e melhorar a employee experience e, por outro, acelerar o processo de transformação cultural e, organizacional, através de novas formas de trabalho, metodologias ágeis e estruturas que suportem a empresa na execução dos seus objectivos e desenvolvimentos das pessoas-chave da organização para um contexto de mudança e incerteza, de forma a serem a alavanca do negócio.

 

O que esteve na génese desta aposta?
MS: Surgiu com o projecto EDP X e da consciencialização de que a quarta revolução industrial não é apenas sobre
transformação tecnológica. Incide, principalmente, nas pessoas, uma vez que, para potenciar e maximizar os benefícios da tecnologia, é necessário um novo mindset na organização e que seja explorado e desenvolvido um novo set de competências nas pessoas.
Foi no seguimento do projecto EDP X que foi lançado o processo de reorganização do modelo operativo de Pessoas
e Organização.

 

E como está a mudança a ser encarada pelas vossas pessoas?
MS: Trata-se de uma mudança recente. O retorno tem sido positivo, pois os colaboradores EDP estão conscientes da
necessidade da adaptação a um novo contexto de mercado e do sector, que nos exige uma capacidade de resposta mais personalizada e focada no indivíduo. O feedback mais estruturado e oficial virá, certamente, em consequência
da concretização dos projectos e iniciativas que serão desenvolvido no âmbito desta nova estrutura.

 

Como conseguem assegurar uma cultura coesa e um sentimento de pertença de uma massa humana de 12 mil colaboradores, distribuídos por 14 países pelos quatro continentes?
MS: Sem dúvida, este é um grande desafio. Há um sentimento forte de pertença por parte dos nossos colaboradores e, ainda que informalmente, já existe o “ser EDP”. Tem sido feito um esforço global para comunicação e alinhamento entre todos os níveis, empresas e geografias. Mas queremos mais e o próximo passo é institucionalizar uma cultura global, respeitando as especificidades locais. É desta necessidade que vem a criação da nova área de Transformação Cultural.

PC: A expansão multigeografia do nosso negócio vem sem dúvida reforçar a necessidade de um alinhamento global das políticas e processos de Gestão de Pessoas. É importante garantir que o colaborador EDP tem uma mesma experiência – positiva–, independentemente da geografia em que trabalha.

 

Em termos de Gestão de Pessoas, quais diriam que são actualmente os vossos maiores desafios?
MS: A renovação geracional e o facto de termos várias gerações a trabalhar lado-a-lado é também fundamental, principalmente no actual contexto, identificar e envolver as pessoas-chave da organização, fazer o “buy and build” das novas competências para o futuro. A criação de equipas mais ágeis, multifuncionais e menos hierarquizadas é outro desafio e necessidade.

PC: Definimos, há dois anos, um conjunto de competências que, no fundo, responderiam à nossa ambição de ser uma digital utility, e a renovação geracional – antes tínhamos 42% de baby boomers, hoje temos 42% de millennials – e de perfis vem acompanhar esta transformação.

 

Calculo que seja uma realidade consideravelmente diferente daquela que existia quando integrou a EDP, em 2013, Paula. Ainda recorda quais foram os principais desafios da altura?
PC: Sim, os desafios eram bastante diferentes. E as prioridades bastantes diversas, desde a necessidade de globalizar as políticas e processos de Recursos Humanos, pois a EDP vinha a assumir-se como uma companhia multigeografia, à digitalização dos processos e pessoas, passando por fomentar a mobilidade como principal ferramenta de desenvolvimento de pessoas, por colocar a diversidade e inclusão na agenda, entre outros.

 

Nestes seis anos, o que mudou?
PC: Hoje conseguimos que a gestão da experiência do colaborador seja de facto global, baseada em analytics e dados concretos de todas as geografias, e a diversidade e inclusão são hoje uma prioridade. Temos cerca de 25% de mulheres na workforce, quando em 2013 eram apenas 19%. Os colaboradores EDP têm actualmente ao seu dispor oportunidades de desenvolvimento e mobilidade cada vez mais diversificadas, com regras e políticas mais
claras e processos realizados preferencialmente em plataformas digitais. Quando entrei na EDP, a mobilidade era quase zero e vista como um conceito negativo. Inverter essa percepção foi claramente uma das maiores vitórias, levar as pessoas a abraçar novos desafios e oportunidades internas, que são muitas. E temos mais ferramentas para ouvir os colaboradores e perceber como está a ser a sua experiência.

 

Leia o artigo na íntegra, na edição de Novembro da Human Resources, nas bancas.

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