António Casanova: «Espera-se que algumas grandes economias sejam rápidas na recuperação e ajudem outras que sozinhas não se aguentariam, como Portugal»

António Casanova, CEO Unilever FIMA e CEO Gallo Worldwide, foi o convidado do webinar “O mundo pós-Covid: uma nova era do comércio mundial?” da Abreu Advogados.

 

O CEO da Unilever FIMA juntou-se a Manuel Santos Vítor e Hugo Teixeira, respectivamente sócio e sócio contratado da Abreu Advogados, para uma conversa e debate para alguns dos temas centrais da economia mundial para um “novo normal”.

Para António Casanova não é justo falar do pós-covid porque isso provavelmente não existirá nos próximos anos. «Os próximos dois anos são anos COVID-19, isto porque não se espera que exista uma vacina rapidamente e que exista algum tratamento eficaz a curto prazo. Isso leva a uma crise, embora não se saiba qual a profundidade dela.»

Ainda assim, «as estimativas mais recentes são mais optimistas do que as primeiras, fala-se hoje em dia duma recessão em U, do que no princípio que era a recessão em L, que cai depressa e demora a recuperar», explica o CEO da Unilever FIMA. «Esta convicção é motivada por causa dos estímulos que os governos que tinham dinheiro fizeram nas economia. A maior parte desses estímulos vão ajudar a relançar algumas das grandes economias e portanto nesse sentido espera-se que algumas das grandes economias saiam relativamente ilesas e sejam rápidas na sua recuperação e que isso traga com elas a recuperação de algumas economias que sozinhas não se aguentariam, como é o caso de Portugal.»

O responsável referiu também que os negócios de e-commerce quadruplicaram nos últimos dois meses, mas ainda assim só atingem cerca de 2% das vendas totais. No entanto, houve muitas pessoas que experimentaram pela primeira vez esta forma de comprar. E deixou ainda a nota que «é pouco provável termos um mercado desenvolvido até termos operadores dedicados».

Por outro lado, «grande parte da indústria tradicional sofreu uma queda no consumo. As Business to Consumer, porque uma grande parte dos hábitos de consumidores mudaram, mas no sentido de retracção ao consumo. Houve menos consumo do que nos meses anteriores», constatou António Casanova.

Para o CEO, ainda não são completamente claros os impactos que a COVID-19 vai trazer para as organizações. «Se no início pensávamos que seria um intervalo, onde a estrutura iria depois voltar à forma que tinha, hoje em dia é relativamente claro que será mais que um intervalo. Este tempo permitiu perceber que a metodologia de agile tem benefícios evidentes e haverá mais pessoas a adoptar esta metodologia. Também as empresas ficaram com a noção que é possível funcionarem tipicamente bem, mesmo com as pessoas a trabalhar fora do escritório.»

António Casanova acredita que os locais de trabalho serão «mais pequenos e diferentes. Muito mais partilhados, sem lugares marcados, com menos presença física dos colaboradores. Isso implica que a gestão de desempenho seja feita de forma diferente», conclui.

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