António Henriques, CEO Grupo CH: «O ambiente de guerrilha e a instabilidade social são alguns dos desafios “extra” que vamos encontrar na Somália»
A CH ganhou recentemente um projecto internacional de consultoria especializada para preparar e conceber a Reforma do Sistema de Remunerações da Função Pública da Somália. Em entrevista exclusiva, António Henriques, CEO Grupo CH, falou à Human Resources sobre os objectivos e desafios que se colocam à organização perante um projecto desta envergadura.
Por Sandra M. Pinto
«A actuação global tem sido um dos drivers da nossa estratégia de internacionalização», refere o CEO Grupo CH, relembrando projectos recentes na Jamaica e nas Bahamas, entre outros. Devido à sua dimensão, o projecto na Somália acarreta vários desafios à gestão de recursos humanos, sendo que uma das «principais preocupações é a segurança das nossas equipas», sublinha António Henriques.
Foram seleccionados para preparar e conceber a Reforma do Sistema de Remunerações da Função Pública da Somália. De que forma aconteceu esta selecção?
Vencemos um concurso internacional, promovido pelo Banco Mundial, onde competimos com algumas das mais reputadas consultoras internacionais na área de recursos humanos. A CH Consulting foi contratada pelo Governo da Somália, através do Ministério do Trabalho e Segurança Social.
Qual a duração do projecto? Ao nível do investimento pode adiantar valores?
O projecto tem a duração de um ano e envolve um investimento de aproximadamente meio milhão de dólares. Iremos trabalhar com todos os ministérios, agências e direcções gerais, num total de 49 entidades públicas. É um projecto com alguma complexidade pelo que estamos muito entusiasmados.
Qual o principal objectivo ou objectivos do projecto?
O objectivo é definir e implementar a reforma do Sistema de Remunerações do Governo Federal da Somália. Implica a revisão das grelhas salariais da função pública e propor a uniformização e harmonização do sistema público de remunerações, incluindo o desenvolvimento de categorias, políticas salariais e a integração dos actuais sistemas, num novo modelo que vigorará para toda a Administração Central somali.
De que forma se vai desenvolver o projecto? Vão ter a colaboração de entidades públicas locais?
Um projecto com esta amplitude implica o envolvimento alargado das várias estruturas governamentais envolvidas, obrigando a uma forte mobilização para assegurarmos a correta implementação do projecto e o seu êxito. Foi constituída uma Equipa de Projecto interna, cujo sponsor é o Ministro do Trabalho e Segurança Social e um Comité de Acompanhamento, liderado pelo gabinete do primeiro ministro.
Ao nível dos recursos humanos como vai ser implementado o projecto? De que modo serão geridos ?
Projectos com esta complexidade envolvem sempre várias componentes. Há uma combinação de trabalho de backoffice com a actividade de terreno, sobretudo nas fases de diagnóstico e apoio à implementação. Vamos ter uma equipa permanente no local e alguns key experts internacionais, que se deslocam ao terreno ao longo das várias fases do projecto. Iremos contar com a colaboração do nosso escritório associado no Quénia. Os projectos apoiados pelo Banco Mundial funcionam sempre numa lógica de transferência de know how e capacitação técnica, pelo que estão previstas diversas acções de formação e desenvolvimento de competências de diversos stakeholders.
Quais os principais desafios que identificam? De que forma tencionam ultrapassá-los?
Qualquer projecto em África é sempre desafiante. Se acrescentarmos ao cenário o processo eleitoral que irá decorrer brevemente, o ambiente de guerrilha e instabilidade social, para além das barreiras linguísticas, barreiras religiosas com pausas para rezas ou fins-de-semana (que na Somália são à quinta e sexta feira) temos reunidos os ingredientes para um projecto desafiante. Reunimos uma equipa internacional muito experiente na implementação de projectos em ambiente de guerra, pelo que acreditamos, tudo irá correr pelo melhor. Uma das principais preocupações é a segurança das nossas equipas.
Desta forma reforçam a vossa posição internacional. É esse o vosso objectivo a curto médio prazo?
A actuação global tem sido um dos drivers da nossa estratégia de internacionalização. Possuindo um nível de excelência que nos permite competir em qualquer geografia, não fazia sentido continuarmos a depositar todas as nossas energias em Portugal.
Muito embora os 23 anos de existência e a confiança e preferência de uma carteira de clientes muito diversificada, continuem a justificar Portugal como mercado principal, felizmente isso não impede que possamos continuar a olhar para o mundo como um mercado secundário natural. Os projectos mais recentes na Jamaica, Bahamas, Cabo Verde, Santo Tomé e Príncipe e Brasil, são disso um bom exemplo.
Hoje, perante tudo o que se passa no mundo, qual a missão e filosofia da CH?
Os tempos de incerteza não impactaram na nossa forma como olhamos o universo CH. A nossa missão continua focada em resolver problemas às organizações nossas clientes. Mantemos a visão de perseguir a excelência em tudo o que fazemos, partilhando o entusiasmo que marca a nossa cultura organizacional. Temos uma cultura muito marcada pela meritocracia, com uma aposta clara no desenvolvimento das pessoas e no seu bem-estar. Sendo o “conhecimento” o nosso principal produto, promovemos uma cultura aprendente, muito orientada por desafios e pela busca incessante da excelência.