António Loureiro, Conquest One: «Estamos preparados para recrutar profissionais no Metaverso»

Há mais de duas décadas no mercado da América Latina, a Conquest One, plataforma que liga empresas a profissionais de TI, chegou há dois anos a Portugal. Conversámos com o CEO, António Loureiro, que destacou os actuais desafios na gestão da organização e das suas pessoas e deixou algumas previsões para o futuro sobre o que procuram os empregadores e os profissionais.

Por Tânia Reis

 

A missão da Conquest One é fazer o match certo entre a empresa e o profissional de tecnologia, garantindo não só o colaborador mais adequado para a posição, mas também a posição mais adequada ao candidato que irá ocupá-la. E fazem-no através de ferramentas tecnológicas e uma metodologia assertiva, assente na plataforma Talent Search e nos seus recrutadores, especialistas em TI.

Em Julho celebram o segundo ano em Portugal. Que balanço faz destes dois anos de actividade?

A internacionalização da Conquest One tem sido desafiadora, mas positiva. Portugal tem feito um grande esforço para ganhar destaque no cenário internacional de tecnologia e estamos juntos nesse movimento.

Que principais mudanças destaca no mercado nacional de recrutamento de profissionais das TI?

Tem sido cada vez mais difícil encontrar mão-de-obra qualificada e por isso o nosso trabalho é cada vez mais relevante para o mercado. Os nossos especialistas procuram profissionais em todo o mundo para atender a procura das empresas portuguesas. Tornou-se essencial a implementação de soluções tecnológicas na fase do recrutamento para identificar os melhores perfis para cada empresa. Isto não só permite escolher o melhor talento, mas aumentar a retenção e diminuir o turnover.

Quando entraram no mercado português, afirmou que queriam «ajudar a transformar Portugal no Silicon Valley da Europa». Essa realidade confirma-se?

Sim. Trabalhamos todos os dias para contribuir para o crescimento do mercado, mas ainda há desafios estruturais a superar, como a burocracia e os impostos no âmbito governamental.

Portugal é considerado um hub de talento, porém as empresas “queixam-se” da elevada escassez de profissionais no sector de TI. Concorda com esta afirmação?

Claro. É uma das maiores fragilidades do mercado. Como sabemos, existe uma grande procura por profissionais de TI devido ao aumento dos processos de Transformação Digital e maior dependência das tecnologias por empresas de todos os sectores. Isto resulta numa escassez de talentos qualificados. Além disso, a pandemia acelerou ainda mais a necessidade de trabalho remoto e de ferramentas digitais, o que aumentou a procura por profissionais de TI com habilidades em tecnologias específicas, com hard skills e soft skills.

No geral, a gestão de equipas recorre cada vez mais a soluções tecnológicas. Que vantagens e oportunidades destaca?

Sim, a tecnologia promove tendências que influenciam o comportamento das empresas e das pessoas. Com a pandemia, houve uma necessidade do uso eficiente de ferramentas que permitem a colaboração remota. Actualmente, destaco as ferramentas em nuvem como a melhor opção, pois podem ser facilmente acedidas através de diferentes dispositivos. Também vale a pena considerar ferramentas para gestão de projectos (Trello, Asana, Taskworld) que ajudam em rotinas específicas.

E que desafios e riscos apresenta?

A comunicação pode ser um desafio quando se trabalha com equipas remotas. Considero importante que as empresas envolvam os funcionários nos processos de implementação de novas tecnologias, forneçam a formação adequada, criem indicadores de performance, estabeleçam medidas de segurança eficazes e tenham planos de contingência. Só assim se podem combater os riscos.

Com base na vossa experiência, qual o perfil mais procurado pelas empresas? E as soft skills mais valorizadas?

Segundo os nossos dados, o perfil mais procurado pelas empresas está relacionado às áreas de desenvolvimento com profissionais de BackEnd, Mulesoft, Kafka, OutSystems, SalesForce e ambiente Multi Cloud. As soft skills mais valorizadas são o sentido de compromisso, responsabilidade, trabalho em equipa, visão sistémica e autocrítica no seu próprio trabalho.

E o que mais valorizam os candidatos nas empresas?

Os candidatos procuram empresas que lhes dêem oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Sem dúvida, esta nova geração procura projectos inovadores, work-life balance e a nossa grande missão é conciliar a cultura e valores dos candidatos com a missão e propósito das empresas.

Criaram uma sala no Metaverso para recrutamento e gestão de pessoas, que feedback têm dos utilizadores?

O feedback dos utilizadores é bom, com tendência de crescimento, mas ainda um pouco tímido, face à novidade do ambiente. Para atrair os melhores, contratar os melhores e conhecer os seus objectivos e motivações, temos de fazer parte do Metaverso e permitir que os nossos clientes também façam parte. Neste momento, estamos preparados para recrutar profissionais no Metaverso e colocar esta tecnologia à disposição dos nossos clientes.

Quais os principais desafios na gestão das vossas pessoas?

O principal desafio na gestão de pessoas tem sido manter o interesse e envolvimento dos colaboradores, e treinar os novos colaboradores em relação à cultura da empresa, principalmente quando estamos em actuação remota.

Que prioridades assumem na estratégia de Gestão de Pessoas?

No ano passado fomos eleitos pela 12ª vez como um Great Place to Work no Brasil. Sem dúvida que a nossa prioridade é zelar pelo bem-estar e crescimento dos nossos colaboradores e utilizamos a tecnologia para isso. Implementámos a Sense One, uma aplicação onde os nossos colaboradores ficam por dentro do que acontece na Conquest One e também a 4 IT Girls, uma iniciativa para a inclusão das mulheres no mercado da tecnologia.

Qual o “perfil-tipo” (género, idade, formação, etc.) do colaborador Conquest One?

O nosso colaborador tem um “perfil-tipo” bastante variado, pois em função das várias tecnologias suportadas, temos colaboradores oriundos de diversas fases tecnológicas, com formações académicas, profissionais e comportamentais bem diferentes.

Que tendências prevê para a área de recrutamento do sector das TI no futuro próximo?

Sem dúvida que continuará a haver uma aposta no recrutamento remoto e a utilização de ferramentas de inteligência artificial para automatizar tarefas. Também um maior investimento em campos de diversidade, inclusão e equidade, como o caso da Certificação ESG, que a Conquest One está a trabalhar para o ano de 2023.

Em relação ao perfil do colaborador, as habilidades técnicas continuarão a ser importantes, mas haverá um destaque para as soft skills. Adicionalmente, as empresas podem começar a valorizar cada vez mais os profissionais que obtêm certificações relevantes e estão constantemente a actualizar a sua formação.

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