Antonio Massaro, Grupo Ferrero: «Procuramos envolver os colaboradores ao longo de todo o seu ciclo de vida na empresa, para que sintam a sua contribuição aproveitada ao máximo»

Na Ferrero, o “Employee Life Cycle” assume prioridade e constitui um roteiro para o envolvimento dos mais de 38 mil colaboradores no mundo. Das possibilidades trazidas pela sua dimensão global à aposta na formação e, sobretudo, à dimensão humana, são várias características que contribuem para o poder de atracção da marca Ferrero no mercado de trabalho.

 

Por Tânia Reis

 

O Grupo Ferrero dispensa apresentações. As marcas Nutella, Ferrero e Kinder falam por si e chegam a 170 países. E enquanto empresa, marca presença em 50 países. A sua origem remonta aos anos 40, em Itália, e chega à Península Ibérica em 1988. Com sede em Barcelona, a Ferrero Ibérica conta com um escritório comercial em Lisboa, dedicado à gestão comercial para Portugal.

Na Ferrero, acredita-se que, «para alcançar o sucesso empresarial a longo prazo, é crucial ter uma força de trabalho diversa e inclusiva». Quem o diz é Antonio Massaro, director de Recursos Humanos da Ferrero Ibérica, que acrescenta que o foco passa por motivar os mais de 38 mil colaboradores e «melhorar a sua tomada de decisão, orientação para o consumidor e envolvimento na empresa».

Com a dispersão geográfica que têm, consideram «essencial envolver e desenvolver todos os que fazem parte de organização, para que o negócio continue a crescer e ter sucesso». Para isso, «ouvir os colaboradores, responder às suas opiniões, criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam valorizadas e com condições para crescer» são peças-chave, defende.

Esse envolvimento do trabalhador na vida da empresa começa «imediatamente ao integrar a Ferrero, prolongando-se em todo o seu ciclo de vida, para que sinta a sua contribuição aproveitada ao máximo». É também fundamental assegurar que a visão e a forma de gerir o negócio fazem parte do ADN de todas as pessoas que fazem, e farão, parte do universo Ferrero, completa o gestor.

Releva ainda que, apesar de o actual contexto económico e internacional ser desafiante, «o Grupo Ferrero continua a expandir-se geograficamente, com mira na criação de emprego e de valor, tanto para os colaboradores como para os seus clientes».

 

Um ciclo de vida completo
A estratégia “People Centricity”, transversal a todas as unidades locais do Grupo Ferrero nos vários países, concentra-se em trazer mudanças positivas para os stakeholders através de três aspectos principais, explica Antonio Massaro. O primeiro foca-se na «evolução da relação entre a empresa e os seus colaboradores, incluindo a possibilidade de proactividade e responsabilidade pelo crescimento e desenvolvimento da carreira através da digitalização». O segundo assenta no desenvolvimento de «um novo papel e expectativas dos gestores de linha para actuarem como catalisadores de mudança, através do manifesto e programa “Line of Excellence Managers”». E, por último, «permitir que os profissionais de Recursos Humanos desempenhem um papel inovador e transformador, como garantidores do processo, enquanto facilitam a responsabilização e a proactividade dos gestores».

O “Employee Life Cycle” é o modelo de compromisso desenvolvido pelo Grupo Ferrero que, assumido como prioridade, constitui «um roteiro para o envolvimento dos colaboradores na digitalização e numa comunicação aberta, consistente e rápida em todos os países».

Este ciclo de viva compõe-se de seis momentos, destaca o director de Recursos Humanos. Tem início na atracção, «que consiste em atrair talento mesmo antes de sentirmos essa necessidade real». Segue-se o recrutamento, cujo «principal objectivo é contratar os perfis que melhor se adaptem às necessidades e cultura do grupo». Depois, o onboarding, no qual é efectuado um «acompanhamento atento para que todos os recém-chegados sintam imediatamente que fazem verdadeiramente parte da organização e que serão sempre ouvidos e considerados». O quarto momento diz respeito à performance, na qual asseguram «conjuntamente a contribuição de cada colaborador para o sucesso da empresa». E termina com o desenvolvimento e a retenção, que implicam impulsionar o crescimento dos colaboradores e mantê-los empenhados na estratégia e valores da organização.

Para medir o sucesso desse modelo, Antonio Massaro explica que se realiza periodicamente uma análise interna envolvendo todos os colaboradores, o que permite aferir «tanto o clima de trabalho interno como o grau de satisfação ». Assim, obtêm «indicações precisas e oportunas» que ajudam a melhorar as condições de trabalho, a integração e o espírito de pertença à organização.

 

Bem-estar, diversidade e inclusão
Uma força de trabalho, espalhada em diferentes partes do globo, de 38 mil trabalhadores – na Península Ibérica são perto das duas centenas, 158 em Espanha e 35 em território português –, inspira a celebrar a diversidade cultural do Grupo. Neste âmbito, o objectivo passa por criar um local de trabalho onde todos se sintam valorizados e respeitados. «Queremos que todos os colaboradores sintam que estão num local onde podem ser eles próprios, que acreditam que trabalhar em conjunto ajudará a atingir objectivos comuns.»

Essa evolução «rumo ao multiculturalismo, justiça, igualdade, e mesmo igualdade de oportunidades» acarreta alguns desafios, reconhece o responsável. O maior deles é «gerir pessoas pertencentes não só a culturas diferentes, mas também a gerações com valores e património cultural diferentes». Tendo isso em conta, defende que é «necessário informar, explicar e formar constantemente as pessoas, com sensibilidade para essas diferenças».

Ainda que dados finais de 2021 indiquem que 50% de todos os colaboradores da Ferrero são mulheres, Antonio Massaro admite que, analisando «em pormenor os vários cargos de gestão, a sua presença é de cerca de 31%». Por isso, dispõem de um programa (lançado em 2015) que visa aumentar o número de mulheres em cargos de gestão de topo. «Estamos concentrados na promoção da cultura D&I, que engloba todo o espectro da diversidade na Ferrero, e está expressa nos nossos quatro pilares: género, nacionalidades, gerações e cultura de trabalho.» Dando continuidade ao plano trienal, estabeleceram 17 conselhos regionais de D&I para implementar a agenda local, sob a liderança de gestores regionais. Actualmente, 150 líderes seniores estão envolvidos como membros do conselho de administração de diferentes países.

Além do foco no âmbito da diversidade, o Grupo Ferrero lançou um programa de bem-estar global, de forma a promover a saúde e o bem-estar a longo prazo de todos os colaboradores, personalizado para cada país, concentrando-se assim nas prioridades, regras e necessidades locais.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Abril (nº. 148) da Human Resources, nas bancas. 

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