Ao celebrar 42 anos, o INA renova-se para capacitar e qualificar a Administração Pública e debate o futuro da formação. Conheça aqui algumas das propostas

Teve lugar no passado dia 31 de Maio a conferência “O Passado e o Futuro da Formação na Administração Pública – o Papel do INA”. O evento, que teve como objectivo celebrar os 42 anos do INA – Instituto Nacional de Administração, I.P., decorreu em formato online com mais de 700 inscrições, contando com os 300 participantes em sala. A mesa redonda foi moderado por Ana Leonor Martins, directora de redacção da Human Resources.

Por Sandra M. Pinto

 

O evento teve início com a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, prosseguiu com uma mesa redonda com a participação de Damasceno Dias,  sub-director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, e de Rita Pinho Rodrigues é Head of Public Affairs & Media Relations na Deco Proteste, e Luísa Neto, presidente da Comissão Instaladora do INA, encerrou a sessão, a qual foi avaliada como muito interessante pela maioria dos participantes que responderam ao inquérito no final.

 

Alexandra Leitão, responsável governamental pela Modernização do Estado e da Administração Pública começou por referir que estamos hoje num momento de viragem para o INA, daí a importância da celebração dos 42 anos da instituição. «O instituto ganhou autonomia administrativa e financeira, o que se releva de extrema importância para a persecução das suas atribuições».

Esta alteração orgânica que repôs esta autonomia vai dar um novo fôlego a esta instituição, assegura Alexandra Leitão, «permitindo que trabalhe ainda mais em prol do prestigio da administração pública nas áreas da  capacitação e da qualificação». Devido à pandemia, 2020 foi o ano em que a sociedade se virou para a Administração Pública, pois «em momentos de crise profunda como esta só o Estado é que tem a dimensão, a capacidade e os meios para poder responder». Perante isto é importante que a administração pública saiba responder com serviços públicos mais eficientes, mais eficazes e de maior qualidade, sublinhou a responsável governamental. «Seja os serviços público de atendimento ao publico, seja os serviços públicos de back office», afirmou Alexandra Leitão, «e não há serviços públicos de qualidade sem trabalhadores capacitados, qualificados e motivados». Também por isso, reforça a ministra, este é um «momento importante para celebrar o INA».

Brevemente o INA será chamado a executar uma parte do Plano de Recuperação e Resiliência, o qual tem fundos comunitários para um forte investimento na capacitação da Administração Pública em diferentes áreas. «Esta capacitação publica presente no plano é muito importante revelando a importância que o Governo atribui a ela», reforça Alexandra Leitão.

 

O passado e o futuro da formação na Adiministração Pública – o papel do INA

A Administração Pública estava num caminho que tinha que evoluir, começa por referir Damasceno Dias, «a forma como nós aprendemos mudou substancialmente através dos meios digitais que hoje todos usamos, mas sobretudo devido à mentalidade das pessoas». Hoje, mais do que o conhecimento, as pessoas querem, efectivamente. aprender, refere. «Esta está relacionada não só com as capacidades, mas, sobretudo, com o conhecimento», sublinha, «a nova senda que a Administração Pública pretende prosseguir, surge justamente em linha com aquilo que se pretende: tornar mais competentes o tecido da Administração Pública».

 

 

Avançar para uma dinâmica mais inclusiva aproximando o INA da universidade e, sobretudo, revertendo a oferta formativa para a procura dos órgãos tornando-a mais objectiva e mais concreta naquilo que é o futuro. «As organizações hoje procuram o conhecimento endógeno. O mesmo acontece com o INA ao apostar neste novo caminho», acredita Damasceno Dias.

 

O mundo mudou pelo que a Administração Pública também tem de se adaptar a esta nova realidade, destaca Rita Pinho Rodrigues. «O desafio da digitação veio para todos, incluindo os serviços do Estado, pelo que o trabalho a fazer será numa lógica de capacitação dos cidadãos para que cada vez mais se saibam movimentar neste novo ecossistema digital, mas que também os serviços públicos e o seus trabalhadores façam esse caminho de adaptação a esta nova realidade».

Para a responsável da DECO esta pandemia obrigou a uma utilização enorme de tudo o que é meio digital. «Esta é uma oportunidade que deve ser aproveitada em termos formativos para a disponibilidade de todos e nesse sentido também evoluir», refere, «o nível de exigência dos consumidores é cada vez maior, pelo que vemos o futuro com bons olhos se ele for centrado naquilo que são as necessidades dos cidadãos e as suas preocupações».

Na opinião de Damasceno Dias, a viragem que se pretende implementa no INA vai ao encontro daquilo que são as tendências da disseminação do conhecimento. «Olhando para as ferramentas digitais há uma inversão na forma como as pessoas adquirem conhecimento», assinala, «80% do conhecimento que as pessoas adquirem é informal e parece-me que o caminho do INA é tornar-se numa instancia que dê formação qualificada, ou seja, que a aprendizagem que existe no seio das organizações também é conhecimento. O caminho do INA em implementar dinâmicas no sentido da implementação da inovação tem sido muito interessante».

Por seu lado, Rita Pinho Rodrigues chama a atenção para a necessidade de se saber comunicar. «O conhecimento existe, assim como o esforço e o desenvolvimento está no interior da Administração Pública mas muitas vezes isso não passa cá para fora», afirma, «só se consegue mudar as ideias e as mentalidades, muitas vezes erradas, através de qualidade, e aqui a formação tem um papel fundamental, e da comunicação e do relato dos bons exemplos, e aqui há ainda um caminho a percorrer».  É preciso seguir os exemplos de outros sectores, «existe experiência acumulada que pode ser partilhada desempenhando aqui o INA um papel do fundamental».

 

 

Luísa Neto começa por realçar o passado, «o esforço que estamos hoje a fazer tem de ter em conta as pessoas e o património organizacional e histórico do INA num contexto de missão e serviço público». O que vier a ser a acção do INA em termos de autonomia técnica em nada é contraditório com «uma avaliação sentada das competências de casa um».

A recentragem do INA na formação deve cumprir um objectivo, afirma Luísa Neto, «deve servir de estimulo ao desenvolvimento das diversas ciências da Administração Pública». Neste sentido, a configuração do INA tem um dever e uma responsabilidade acrescida, «devemos ter maior diálogo com as instituições de ensino superior e de investigação, sempre na persecução do interesse publico, algo basilar num Estado de direito democrático como é o nosso». A identidade do INA mantém-se, «a formação de pessoas sempre foi a missão fundamental do INA». Atendendo às mudanças em curso na sociedade contemporânea, «é preciso recriar, mas a identidade do INA continua a ser a mesma, como um enorme foco na formação dos profissionais que integram a Administração Publica».

Assista ao evento na íntegra aqui:

 

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