Apenas 15,4% das empresas cumprem prazos de pagamento

Em Agosto, apenas 15,4% das empresas em Portugal pagavam dentro dos prazos acordados com os seus fornecedores. Os dados são do estudo COVID-19 – Cumprimentos e Risco de Pagamento das Empresas realizado pela Informa D&B.

 

A descida na percentagem das empresas cumpridoras face aos valores antes da COVID-19 não é muito acentuada (era de 16% de Fevereiro), mas os sectores mais sensíveis ao impacto da pandemia estão entre aqueles onde o cumprimento dos prazos de pagamento mais se deteriorou no último trimestre.

Os efeitos da COVID-19 está a reflectir-se de forma desigual entre os vários sectores e não permite ainda tirar conclusões definitivas sobre este indicador, até porque muitas empresas recorreram a medidas de apoio que podem estar a mitigar a situação.

O estudo da Informa D&B revela que entre Fevereiro e Agosto, 40% das empresas agravaram o atraso de pagamento, 40% mantiveram o mesmo nível de atraso, tendo as restantes empresas melhorado.

Na generalidade do tecido empresarial, o número médio de dias agravou-se, passando de 26,0 em Fevereiro para 27,0 em Agosto

Já 7,3% das empresas pagou com atrasos superiores a 90 dias (+ 0,2 pp do que em Fevereiro). No entanto, a grande maioria das empresas (66%) continua a pagar com um atraso inferior a 30 dias.

 

Sectores mais sensíveis à COVID-19 aumentaram dias de atraso nos pagamentos
O incumprimento dos prazos de pagamento é transversal a todos os sectores, mas agravou-se em alguns sectores que sofreram um impacto alto em relação à COVID-19, de acordo com o Estudo sobre Impacto Sectorial da COVID-19 realizado em Maio pela Informa D&B.

No sector do Alojamento e restauração, apenas 7,9% das empresas cumpriam os prazos de pagamento em Junho, menos 4,4 pontos percentuais do que em Fevereiro. Nos Transportes, a percentagem de cumpridoras mantém-se a um nível muito baixo (7,4%) mas as empresas que registaram atrasos superiores a 90 dias aumentaram 1,4 pp’s face a Fevereiro, sendo agora 11,7%. Neste sector agravou-se também o valor médio do atraso, que agora é de 36,8 dias.

 

Mais empresas com probabilidade de atrasos nos próximos 12 meses
O risco associado ao recebimento por parte do cliente é uma das grandes preocupações dos gestores, no que respeita às suas decisões sobre crédito comercial. Segundo o indicador de Risco Delinquency desenvolvido pela Informa D&B (um modelo preditivo que indica qual a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma empresa pagar aos fornecedores com atrasos superiores a 90 dias) a percentagem das empresas com risco mínimo ou reduzido é agora de 41,3%, menos 0,9 pp do que em dezembro de 2019.

Contribuíram para esta redução essencialmente as empresas de dimensão reduzida dos setores mais afectados pela pandemia, como o Alojamento e restauração e o Retalho. Existem igualmente 52 mil empresas que apresentam risco elevado ou médio-alto, maioritariamente microempresas.

O cumprimento dos prazos de pagamento agravou-se na última década em Portugal, acentuando-se cada vez mais o afastamento em relação à média europeia (44,3%), que evoluiu positivamente neste período. O registo português piorou também nos grandes atrasos, com 11,6% de empresas a atrasarem-se mais de 90 dias, comparando com os 3,9% na Europa.

Segundo o estudo Payment Study 2020 elaborado pela CRIBIS D&B, no qual a Informa D&B participa com a informação das empresas portuguesas, este comportamento coloca o nosso país no último lugar, entre os 38 países que integram o ranking D&B, com a mais baixa taxa de empresas cumpridoras das datas de pagamento acordadas.

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