Apoios do Banco Europeu de Investimento a Portugal aumentam para 817 milhões de euros

O volume de empréstimos muito baratos concedidos pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) a Portugal vai, actualmente (até final de Julho, início de Agosto), em 816,8 milhões de euros, valor que traduz um aumento de 50% face ao mesmo período do ano passado, avança o Dinheiro Vivo.

 

Segundo a publicação quase dois terços dos novos empréstimos assinados desde o início de 2020 servem para «aliviar o impacto da COVID-19» na actividade das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, explica o BEI. São as três linhas SCF Portugal COVID-19 aprovadas em Julho último.

Mas de acordo com a mesma publicação existe um mundo além da pandemia. Em Maio, o BEI aprovou um projecto conjunto de Portugal e Espanha para investir no ramo imobiliário, na vertente da eficiência energética.

São 100 milhões de euros em empréstimos contratados entre o BEI e os espanhóis da Unión de Créditos Inmobiliarios (UCI), «uma instituição financeira especialista na concessão de crédito à habitação». Esta empresa tem uma sucursal em Portugal. O objectivo da linha da UCI é «impulsionar projectos de eficiência energética em Espanha e Portugal».

Já no início de Agosto, o BEI aprovou uma outra linha no valor de 200 milhões de euros, dinheiro que vai ter como intermediária a IFD, a Instituição Financeira de Desenvolvimento, que daqui a um mês ou dois vai desaparecer, sendo integrada no novo Banco Português de Fomento.

De acordo com o BEI, «este projecto visa a construção, reabilitação e alargamento de equipamentos sociais e de cuidados continuados em Portugal».

«Este programa de investimento na economia social tem como objectivo oferecer serviços de cuidados a pessoas idosas e com deficiências», acrescenta o Banco.

No final de Julho, a The Navigator Company fechou um acordo com o BEI para financiar um projecto de ampliação e modernização do complexo fabril da Figueira em termos de produção de energia a partir de biomassa (restos de florestas, por exemplo).

Segundo a mesma publicação existe ainda uma linha de crédito enorme em mais um projecto partilhado entre Portugal e Espanha, mas que não figura na lista de Portugal. É um empréstimo avaliado em 750 milhões de euros «dedicado a financiar investimentos no contexto da resposta das autoridades públicas espanholas e portuguesas à pandemia COVID-19».

O objectivo é injectar este dinheiro em investimentos nos serviços nacionais de saúde, «nos hospitais públicos», refere o BEI. Estes são os projectos aprovados, mas há outros que estão quase a receber luz verde.

Na semana passada, entrou uma proposta do governo para ser avaliada pelo BEI. É um pedido de crédito no valor de 30 milhões de euros para investir no «circuito hidráulico de Reguengos de Monsaraz e no sistema de irrigação de Beja», no âmbito do Programa Nacional de Regadios.

A energia eólica também não está esquecida. Em Junho, a EDP Renováveis deu entrada a um pedido de empréstimo ao BEI de 65 milhões de euros para «a construção e operação de duas novas quintas eólicas de média dimensão no norte e no oeste de Portugal». O projecto ainda está a ser avaliado pelo BEI.

Actualmente, existe grande expectativa em relação a uma série de linhas de crédito europeias, programas de apoio e instituições cuja missão é tentar amortecer o impacto da crise pandémica na economia portuguesa e dos restantes países da União (UE).

Temos, por exemplo, programa desenhado pela Comissão Europeia para reduzir o risco de desemprego em situação de emergência (SURE, na sigla em inglês), que pode reverter a favor de Portugal mais de mil milhões de euros em empréstimos muito baratos e financiar as medidas do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), designadamente a mais cara de todas que é (foi) o lay-off simplificado.

As verbas do SURE devem começar a chegar a partir de Setembro, sendo pagas em tranches à medida que a Comissão Europeia for indo aos mercados contrair dívida para esse efeito. O SURE terá uma dimensão global (europeia) de 100 mil milhões de euros, segundo Bruxelas.

O BEI, que opera em Portugal desde 1976, não empresta directamente às empresas (não é um banco de retalho); transfere essas verbas para os bancos comerciais, que depois as distribuem em forma de empréstimos pelos seus clientes empresariais finais.

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