Aprendizagem contínua, o “oxigénio” da liderança e da inovação

Por Jose Gaspar, CPO do Constellation Automotive Group

Nos últimos cinco anos, pudemos observar que alguns sectores evoluíram mais rapidamente do que ao longo de várias décadas, impulsionados por avanços tecnológicos e alterações nas dinâmicas de mercado. Neste cenário de evolução acelerada, a inovação tem-se tornado crucial para pequenas e grandes empresas. No entanto, inovar pode ser um verdadeiro desafio se os líderes não estiverem preparados para se adaptar e para fomentar uma cultura que valorize a criatividade e a experimentação.

No contexto organizacional, a mudança enfrenta, demasiadas vezes, uma resistência inerente, que se manifesta de várias formas. “Eu sei tudo” ou “sempre fizemos desta forma” são exemplos de algumas das maiores barreiras que impedem a aprendizagem necessária para liderar a mudança. Esta atitude acaba por ser frequentemente observada junto dos colaboradores mais antigos, daqueles que ocupam os lugares de topo ou dos mais bem pagos (o chamado efeito HiPPO – “Highest Paid Person’s Opinion” -, que se verifica quando a opinião da pessoa mais bem paga tem um peso superior à de qualquer outra).

Esta complacência e falta de vontade para continuar a aprender são críticas e explicam em grande parte porque é que as startups conseguem, muitas vezes, ultrapassar as grandes empresas. Sabendo que, como afirmou Arie de Geus, «a capacidade para aprender mais rápido do que os concorrentes pode ser a única vantagem competitiva sustentável», é fundamental não deixar que este “oxigénio” se esgote.

Partilho cinco dicas estratégicas para liderar a mudança e a inovação:

Reconhecer o maior desafio

Mesmo após alguns anos de experiência, é necessário estar atento à armadilha fácil de assumir que se sabe tudo e que se é melhor do que na realidade se é. Aceitar o erro – e até desejá-lo por vezes – pode ser determinante numa cultura empresarial voltada para a inovação. Abraçar essa vulnerabilidade e mostrá-la aos outros é importante, assim como manter a humildade e aprender com os próprios erros.

Estar preparado para arriscar

Estar focado apenas no seu próprio umbigo é incompatível com liderar a mudança. Para uma abordagem bem-sucedida, é preciso estar preparado para assumir, frequentemente, diferentes papéis, incluindo arriscar e ser disruptivo. É essencial encontrar a forma mais eficaz de permitir que também os outros aprendam a liderar a mudança, desafiando os colaboradores e as suas convenções.

Investir na capacidade para aprender

Ter experiência em liderar a mudança não é necessariamente um indicador acerca da capacidade para o fazer no futuro. Por isso, é essencial interagir com aqueles que têm a atitude certa e a vontade de aprender – e não apenas com quem tem o nível de experiência pré-definido. É possível utilizar a aprendizagem como ferramenta para a criação de uma equipa e de um ambiente de trabalho mais capacitados, determinados e empenhados.

Manter o foco nos “activistas”

É importante ter em conta os típicos modelos de distribuição nas empresas, sendo a linha da frente composta por aqueles que estão dispostos a liderar a mudança – e que querem que esta aconteça – e a extremidade oposta constituída por aqueles que lhe resistem. Ajudar os primeiros, os “activistas”, a serem os líderes da mudança e a superarem a resistência dos opositores é determinante.

Eliminar incansavelmente os obstáculos

Para tornar a mudança mais duradoura dentro de uma organização, é fundamental criar e organizar uma rede interna que ajude a eliminar as barreiras que fazem naturalmente parte do processo. É importante reconhecer que, quanto mais rápido for o ritmo de aprendizagem, menos resistência se irá encontrar no caminho até à meta.

Manter a mente aberta em relação às infinitas possibilidades é essencial num cenário onde as inovações e os desafios surgem de forma diária, tornando-se numa verdadeira vantagem competitiva para as empresas. Com o mundo a avançar a passos largos em direcção ao futuro, líderes que não impulsionam activamente a aprendizagem estão destinados a ficar para trás, enquanto os que se renovam constantemente tornam-se verdadeiros motores da mudança e da inovação.

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