Bloco a bloco: A construção do meu modelo de negócio pessoal

Início de ano, o timing perfeito para se (re)pensar “onde estou” e “para onde quero ir”. E se pensasse em si como um “modelo de negócio”? Trabalhando na sua proposta de valor e na forma de se manter relevante no mercado de trabalho.

 

Por Rita Oliveira Pelica, Chief Energy Officer ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

Assumindo que todos temos (somos) uma marca, com atributos e valores associados, é importante entender como poderemos capitalizar esse activo no mercado corporativo. “As coisas já não são o que eram”, por isso temos de ser estratégicos e ágeis ao tratar deste tema.

Inspirado em Alexander Osterwalder, no seu já clássico Business Model Canvas, Tim Clark pensou “fora da caixa” e, utilizando a mesma estrutura, deu-lhe um toque de marketing pessoal e estratégia, muito útil para se pensar a gestão de carreira numa vertente mais empreendedora. Nascia assim o Business Model You. A mesma ideia da tela em branco, que servirá de base para se pensar a carreira, marcada por dois momentos-chave: o primeiro de reflexão (diagnóstico) e, a posteriori, um segundo momento de projecção (aspiracional): o que desejo e do que preciso para lá chegar. Simples, prático e visual. Mas nada fácil, porque exige tempo, dedicação e compromisso.

Vejamos os nove blocos em causa, para inspirar os leitores à realização deste exercício. Uma análise pessoal, com vista à identificação de recursos existentes e em falta, que proporcionem autoconhecimento para a definição de uma proposta de valor: afinal, quais são as razões pelas quais alguém me deve contratar? Ou promover? Como faço a diferença na minha organização? Em suma: qual é a minha identidade profissional?

Bloco a bloco, quase como se de Legos se tratasse, a construção do modelo de negócio pessoal deverá iniciar-se pelo bloco quem sou e que recursos tenho (1) – a fusão entre competências, interesses (motivações) e personalidade: o career sweet spot; seguem-se as actividades que sei fazer (2) / que desenvolvo (objectivamente, os jobs to be done); uma alavanca importante neste processo é quem são os meus parceiros (3): quem conheço / a minha network profissional / o meu capital social ; indispensável também neste storytelling, e sem os quais não há uma história para contar: quem são os meus (potenciais ou actuais) clientes (4): quem é que posso ajudar, nas suas dores, desejos e necessidades? A minha chefia actual (se o intuito é vir a ser promovido), ou que empresas de “sonho” (se o objectivo for “dar o salto?”). E quais são os tipos de relacionamento com os clientes (5) em que aposto? (presencial, online, misto?). Fundamental aprofundar, os meus canais de comunicação e de distribuição (6): como é que me dou a conhecer e me promovo? É preciso criar evidências. Tal como já mencionado acima, da intersecção das mais-valias destes pontos-chave surge a proposta de valor (7). Respondendo à questão: como é que facilito (ou posso ajudar a melhorar) a vida aos meus clientes? Não é o que faço, mas a forma como o faço, ou seja, não é o título da minha função… Finalmente, a vertente financeira do modelo, com a definição de um orçamento pessoal: que receitas (8) obtenho (ou posso obter) com o meu trabalho (ao escolher uma determinada carreira): não só uma componente monetária (salário, prémios, comissões), mas também quais são os benefícios não-monetários inerentes (satisfação pessoal, desenvolvimento profissional, formação, etc.) e quais os custos (9) associados (tempo, despesas, desgaste físico e emocional, etc.).

Fácil? Não. Importante e urgente? Sim. Algo a ser definido e continuamente revisitado: o meu modelo de negócio pessoal, numa lógica de aprendizagem contínua. A minha carreira pensada de forma estratégica. Haverá algum timing melhor do que este? Para refletir, reajustar e agir. Agora.

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº. 145)  da Human Resources, nas bancas.

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