Bruxelas defende que a meta de taxa de emprego de 78% até 2030 é realista

A Comissão Europeia defende que a meta de ter 78% da população adulta da União Europeia (UE) empregada até 2030 “é realista”, instando os Estados-membros a “fazerem esforços” para reduzir a pobreza e a desigualdade de género.

 

«Acho que é [uma meta] realista, mas significa que cada Estado-membro tem de fazer esforços. Talvez alguns não cheguem aos 78%, mas têm de tentar melhorar a sua taxa de emprego», vinca em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit.

O responsável acrescenta que, perante o objectivo de chegar aos 78% de taxa de emprego média para o conjunto da UE, «alguns Estados-membros estão já muito acima desta meta, estão acima de 80%, o que mostra que não é uma meta irreal».

«Acho que é do interesse de todos os Estados-membros ter uma taxa de emprego mais alta porque isso mostra que seu mercado de trabalho está a funcionar melhor, é uma boa solução contra a pobreza e é um bom instrumento para mais igualdade de género», insiste Nicolas Schmit.

Além disso, «temos 10 anos para o conseguir e esperamos também ter uma boa recuperação, o que terá também um forte impacto na taxa de emprego, e há ainda uma grande margem para reduzir a diferença entre homens e mulheres num certo número de países, o que poderá ser um grande contributo para melhorar a taxa de emprego, para ajudar as mulheres a terem uma melhor integração no mercado de trabalho», elenca o comissário europeu da tutela.

Esta meta estará em discussão na Cimeira Social marcada para o dia 7 de Maio no Porto, o ponto alto da presidência portuguesa do Conselho da UE, na qual haverá um debate relativo ao plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, apresentado pela Comissão Europeia em março passado e que tem como um dos objetivos a criação de «mais e melhores empregos».

Para tal, está previsto que a UE atinja uma taxa média de emprego (dos 20 aos 64 anos) de 78% até 2030, um reforço face à anterior meta de 75% estipulada para 2020 e que não foi atingida devido à crise gerada pela COVID-19.

Em 2019, a taxa de emprego na UE fixou-se em 73,1% e no ano passado essa média caiu para 72,4%.

«Nós não estávamos tão longe de alcançar [a meta dos 75%], mas depois surgiu a pandemia e a taxa de emprego caiu novamente em mais de 1%», observa Nicolas Schmit.

Em 2019, 17 Estados-membros da UE tinham atingido ou mesmo excedido a meta de 75% de taxa de emprego, entre os quais Portugal.

Portugal chegou a uma taxa de emprego de 75,4% em 2018 e de 76,1% em 2019, mas, devido à pandemia, a taxa baixou em 2020 para 74,7%.

O plano de acção do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, apresentado pelo executivo comunitário e que estará me foco nesta Cimeira Social, prevê ainda que pelo menos 60% dos trabalhadores da UE recebam formação uma vez por ano, incluindo em competências digitais, e que se consiga tirar da pobreza ou da exclusão social pelo menos 15 milhões de pessoas, cinco milhões das quais crianças.

A agenda social é uma das prioridades da presidência portuguesa do Conselho da UE.

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