Burnout: Dez práticas (essenciais) para o evitar na sua empresa

Embora o conceito não seja novo, foi em 2020 que a OMS identificou o burnout como uma doença mental legítima e diagnosticável. Os seus efeitos são muitos, desde problemas de saúde mental e física em toda a força de trabalho, às enormes quedas de produtividade, o esgotamento ou burnout é um problema que afecta tanto o empregador como o colaborador.

 

As perspectivas futuras são de que este síndrome aumente devido à pressão financeira sofrida pelo impacto económico da COVID-19, ao stress causado pelos riscos de saúde da pandemia, ao medo de perder o emprego ou às elevadas cargas de trabalho resultantes de cortes de pessoal.

O novo e-guide para Combater o Burnout no Trabalho da Robert Walters destaca 10 práticas chave a desenvolver pelas empresas de forma a evitar o esgotamento dos seus colaboradores:

1. Comunique os objectivos e metas claramente, fazendo revisões regulares, e implemente a regra 80/20
Nesta lógica, aproximadamente 20% das actividades são responsáveis por 80% dos resultados. Assim, destaque as tarefas mais importantes e prioritárias de maneira diária e regular para que a sua equipa possa concentrar a maior parte do tempo nas actividades que trarão mais impacto para o negócio. Além disso, quando as metas são revistas regularmente, é mais fácil identificar outliers significativos ou áreas de trabalho que podem ter sido responsáveis por tarefas excessivas.

 

2. Enfatize o bem-estar
Para evitar a exaustão dos seus colaboradores, incentive-os a tirar férias sem se sentirem culpados por desligarem do trabalho. Além disso, fazer intervalos regulares no trabalho ajudará a melhorar o entusiasmo, a produtividade e a saúde mental da sua equipa. Adicionalmente, considere implementar iniciativas de bem-estar no seu local de trabalho, por exemplo aulas de yoga, acesso a aplicações de mindfulness e comida saudável.

 

3. Implemente políticas flexíveis
Medidas de trabalho flexível ou remoto podem reduzir a tensão e o stress na vida profissional dos seus colaboradores, permitindo uma melhor conciliação da vida pessoal e profissional. Além disso, são uma forma de atrair o melhor talento, pois os profissionais de topo procuram oportunidades com esses benefícios.

 

4. Crie incentivos para desligar
Não permitir que os seus colaboradores adicionem os seus emails profissionais ao telemóvel pessoal ou outros dispositivos que usem durante o tempo livre facilita a sua desconexão e evita que trabalhem fora de horas. Além disso, mostre respeito pelo “tempo em casa” dos seus colaboradores, limitando as comunicações de trabalho fora do horário de expediente.

 

5. Promova a autonomia dos seus colaboradores relativamente à sua função e desempenho
Uma das principais causas do burnout nos profissionais é a falta de controlo sobre o seu próprio trabalho, seja a gestão do volume de tarefas ou as suas possibilidades de desempenho. Os principais métodos para enfrentar este problema são:

  • Estabelecer expectativas do zero: a organização deve ser clara sobre as habilidades e competências que o cargo exige desde o início. Se se espera que uma função evolua ou mude com o tempo, deixe isso bem claro no processo de entrevista.
  • Avaliação das possibilidades de desempenho: a existência de prazos apertados é comum em qualquer negócio, pelo menos de vez em quando, mas o esgotamento ocorre quando uma pessoa simplesmente tem demasiado que fazer ou falta de recursos e habilidades para fazer o que é exigido no tempo previsto. Recomendamos que se ofereçam aos profissionais as ferramentas e os recursos necessários para atender às suas necessidades e objectivos, como o eventual apoio de freelancers para terceirizar algumas actividades, ou de tecnologias que ajudem a automatizar tarefas repetitivas.
  • Envolvimento na tomada de decisões: embora algumas decisões devam ser tomadas em privado, é fundamental consultar e demonstrar aos colaboradores que as suas contribuições são valorizadas e que fazem parte do futuro do negócio. Isto levará a um aumento na satisfação no trabalho e no interesse profissional e pessoal do colaborador no sucesso da empresa.
  • Pedir feedback: é fundamental disponibilizar canais seguros para que os empregados possam dar a sua opinião sobre a empresa e a gestão dos seus responsáveis.

 

6. Reconheça e recompense os resultados
Garantir que os seus colaboradores sentem que são recompensados justamente pelo seu trabalho é uma maneira fundamental de melhorar a satisfação laboral e de prevenir o burnout. A recompensa não tem de ser sempre económica, podendo ser um reconhecimento público (em forma de elogios ou comentários positivos) ou intrínseco (sentir-se orgulhoso do resultado do próprio esforço). Acima de tudo, é importante recompensar os resultados em vez do número de horas passadas no escritório. Combater uma cultura de “presencialismo” é essencial para criar um ambiente de trabalho positivo e prevenir o esgotamento emocional.

 

7. Aposte na transparência e feedback relativamente às possibilidades de progressão de carreira
Implemente percursos de carreira e descrições de funções e objectivos de maneira transparente para que as pessoas saibam quais são as suas possibilidades de progressão reais e aquilo que é necessário para alcançar um determinado título, nível ou salário. Deve-se referenciar este plano regularmente e oferecer feedback relativamente ao progresso realizado, especialmente durante as avaliações anuais.

 

8. Invista na criação de uma comunidade
Uma cultura corporativa diversa, sólida e positiva que seja aberta a todo o tipo de profissionais aumenta o compromisso dos empregados, que se sentirão mais envolvidos com a empresa. Além disso, melhora a sua satisfação laboral e, consequentemente, diminui o risco de burnout. A realização de eventos corporativos, a implementação de plataformas de comunicação interna, a celebração de aniversários para aplaudir a singularidade de cada profissional ou as políticas de portas abertas são algumas das iniciativas que ajudam a criar este espírito de comunidade.

 

9. Garanta igualdade de oportunidades e imparcialidade
Permitir ambiguidades quanto aos critérios de promoção/aumento salarial pode facilmente levar a situações interpretadas como injustas. O estabelecimento de políticas salariais claras e alinhadas com o mercado de trabalho e a implementação de planos de mentoring que facilitem o crescimento e o desenvolvimento de todos os colaboradores resultarão na criação de um ambiente inclusivo e diverso. Em relação a acordos flexíveis de trabalho, estes não devem ser limitados aos funcionários com necessidades específicas, como trabalhadores com filhos, mas devem ser estendidos a toda a força de trabalho para demonstrar que todos os trabalhadores são iguais aos olhos da empresa, independentemente da sua condição ou situação familiar.

 

10. Transforme palavras em acções: transmita e integre a missão da empresa nos seus processos
Os colaboradores têm maior probabilidade de sofrer burnout caso não se sintam identificados ou se não souberem qual é a missão da sua empresa. Assim, assegure que os perfis públicos da empresa (sites, redes sociais, comunicados de imprensa, relatórios…) transmitem de forma clara os seus valores e missão. Isto ajudará os seus empregados a entender melhor se se encaixam na organização, e como seu trabalho contribui para o sucesso da empresa. É verdade que um algumas organizações já incluem durante os seus processos de recrutamento uma entrevista com o objectivo de descobrir o “ajuste cultural” do candidato, em que os profissionais têm a oportunidade de experimentar a cultura da empresa, seja por meio de uma visita aos escritórios, um café com potenciais colaboradores ou a projecção de vídeos de eventos corporativos.

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