Can’t skip a beat. Ou como fazer os colaboradores sentirem-se mais felizes

Concentrar os esforços em tornar os colaboradores felizes é o mais poderoso e directo caminho para impactar positivamente a cultura organizacional. Cabe às lideranças o desafio da sua operacionalização.

 

Por Cristina Nogueira, directora do Programa de Gestão da Felicidade e Bem-Estar Organizacional do Iscte Executive Education

 

Com a pandemia COVID-19, tornou-se bastante evidente que o papel dos líderes era bem mais do que a soma das suas decisões estratégicas com vista aos bons resultados do negócio. Com as mudanças forçadas no trabalho, sobretudo na forma como as equipas passaram a trabalhar em teletrabalho, ficou nas mãos das lideranças a necessidade urgente de criarem activamente um ambiente em que os colaboradores se sentissem, num primeiro momento, seguros e, posteriormente, motivados e produtivos.

A investigação já demonstrou que uma das principais razões pelas quais os indivíduos se sentem desmotivados ou desapoiados é a falta de reconhecimento ou apreciação do seu trabalho. Reconhecimento implica que os indivíduos se sintam pessoalmente agraciados e reconhecidos pelas contribuições positivas e de acrescento de valor. Ora, esta tarefa é uma premissa válida para todos os níveis de liderança, mas acresce de importância nas lideranças com accão, responsabilidade diária e directa na gestão de equipas e na gestão individual de cada um dos elementos que a compõem.

Concentrar os esforços em tornar os nossos colaboradores felizes é o mais poderoso e mais directo caminho para impactar positivamente a cultura organizacional, para potenciar as pessoas e para potenciar as empresas.

Como é que podemos ter a certeza disso? Nos últimos tempos, a investigação sobre a felicidade corporativa e os colaboradores que trabalham em empresas felizes diz-nos que estes:

  • Ficam o dobro do tempo na empresa quando comparados com os seus colegas “infelizes”;
  • Acreditam que estão a atingir o seu potencial e que a sua empresa lhe está a permitir isso;
  • 65% do tempo que passam a trabalhar sentem-se energizados;
  • Tem 58% mais de probabilidades de ajudar um colega a resolver um problema que seja fora do seu foro de actuação ou responsabilidade;
  • 98% sentem-se identificados com os valores da organização;
  • 186% falam bem da sua empresa; R 85% são mais eficientes no trabalho;
  • Têm 10 vezes menos probabilidade de faltar pontual ou sistematicamente;

 

A felicidade tornou-se assim numa espécie de novo capital. Priorizar o bem-estar físico e emocional dos colaboradores é uma forma de as empresas materializarem esse reconhecimento.

Cabe assim às lideranças o desafio da sua operacionalização, que podem ser levadas a cabo com pequenas acções. Por exemplo, reconhecer e reforçar os esforços e dedicação dos colaboradores em momentos de maior desafio. Procurando formas criativas de manter a interacção social das equipas. Promovendo discussões sobre horas de trabalho versus horas de lazer, espaços de trabalho, horários e a utilização das tecnologias. Alguns colaboradores podem necessitar de segurança psicológica acrescida para o seu direito a desligar. Encorajar os colaboradores a manter níveis dinâmicos de actividade física, criando condições para que o possam fazer. Manter-se em contacto com os colaboradores, oferecendo apoio e assistência, e validando a normalidade de dias duros e desafiantes.

Não podemos fazer um “skip a beat” às nossas necessidades humanas e fisiológicas. Criar condições para que os colaboradores possam sentir-se mais felizes e produtivos passa também por criar uma cultura de respeito e tolerância pelos ritmos e necessidades individuais de cada um, acreditando no poder do contágio positivo, porque quem me “cuida” eu “estimo”.

 

Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro (nº.134) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar a edição online, está disponível em versão papel e versão digital.

Ler Mais