Como endereçar a falta de talentos para a transformação digital?

A Comissão Europeia estima, com base num estudo da IDC, que em 2020 existirá um gap de 750 mil empregos em TI em toda a UE, num cenário em que aproximadamente 40% da força de trabalho actual não tem as competências digitais adequadas.

 

Por Gabriel Coimbra, Group vice-president e country manager da IDC Portugal 

 

A disponibilidade de profissionais com as competências necessárias e o adequado nível de experiência, no momento certo, para desenvolver, implementar e dar suporte às áreas digitais e de Tecnologias de Informação  (TI), tem sido uma preocupação na Europa ao longo das últimas duas décadas. Em toda a União Europeia, existem cerca de 250 mil novos profissionais que terminam os seus cursos todos os anos na área da TI, o que fica claramente aquém das necessidades.

 

Este défice tem impacto ao nível das organizações, que se vêm assim reduzidas na sua capacidade de desenvolvimento de projectos tecnológicos e, consequentemente, limita a inovação e compromete o futuro crescimento económico da Europa e de Portugal. Aliás, muitas organizações europeias encontram-se ainda nas fases iniciais dos processos de transformação digital. Segundo um estudo sobre o sentimento dos líderes empresariais relativamente a este tema, as organizações indicam que não têm acesso às competências técnicas certas para responder aos objectivos traçados, bem como que existe a necessidade de compreenderem a melhor forma de endereçar o desafio. Ou seja, existe uma falta de profissionais qualificados, mas também uma clara falta de competências em matéria de liderança digital – profissionais com capacidade para fazer a ponte entre o negócio e as TI.

A IDC desenvolveu um inquérito alargado a um universo de 400 mil profissionais nas áreas de TI na Europa para compreender melhor este fenómeno. As principais competências que as empresas procuram actualmente são a cloud, big data e segurança. Adicionalmente, este inquérito também prevê que, nos próximos dois anos, a procura de competências será ainda mais variada, antecipando-se um grande aumento em áreas como internet of things (IoT), inteligência artificial (IA) e blockchain.

Para responder a este desafio, muitas das empresas estão a optar por: (1) contratar recém-licenciados, acabados de sair das universidades; (2) contratar profissionais com experiência de outras organizações; (3) pela formação e requalificação do staff interno. O estudo identifica também que a formação tem um papel fundamental na retenção e atracção de talento, o que obriga a que as equipas internas estejam em constante formação, tirando partido de programas o mais actuais possível, reavaliando regularmente as suas próximas opções profissionais.

Ainda de acordo com o estudo desenvolvido, existe uma necessidade efectiva de se apostar em parcerias mais abrangentes nos ecossistemas de TI, capazes de endereçar o gap existente ao nível das competências. O sucesso irá depender tanto do aprofundamento e alargamento da cooperação entre o sector das TI e o da Educação, como das parcerias entre diferentes empregadores (fabricantes e grandes empregadores em outras indústrias), com o suporte de políticas regionais e nacionais.

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro da Human Resources.

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