Como Há 157 anos… Falemos de Inovação!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Nos idos de 1865, na célebre carta Bom Senso e Bom Gosto, de Antero de Quental a António Feliciano de Castilho, que despoleta a Questão Coimbrã, podemos ler: “(…)Mas é que a Escola de Coimbra cometeu efetivamente alguma coisa pior de que um crime – cometeu uma grande falta: quis inovar.” E mais à frente, continua Antero de Quental: “Inovar é dizer aos profetas, aos reveladores encartados: «há alguma coisa que vós ignorais; alguma coisa que nunca pensastes nem dissestes; há mundo além do círculo que se vê com os vossos óculos de teatro; há mundo maior do que os vossos sistemas, mais profundo do que os vossos folhetins; há universo um pouco mais extenso e mais agradável sobre tudo do que os vossos livros e os vossos discursos.»”.

Mas estamos em 2022! Há cerca de 157 anos que a Inovação era tema! Não nos compete aqui dissecar a Questão Coimbrã e a designada Geração de 70, muito menos a abrangência ou a defesa filosófico-ideológica de uma Escola Literária e o seu impacto na Sociedade de então. O que se pretende é tão só a discussão em torno de um tema mais que atual, como é o caso da Inovação.

Mas não se deseja, igualmente, uma discussão técnica sobre esta temática. Encaremos a Inovação na sua génese, enquanto significado de mudança, reforma, renovação, aperfeiçoamento, modificação. A língua portuguesa, pela sua riqueza, acaba muitas vezes por tornar complexo o que é simples. Pretendemos inovar quando encaramos a realidade com uma visão diferente. Inovamos quando entramos numa lógica de melhoria contínua, assumindo claramente que ou mudamos, incluindo a nossa forma de pensar, ou declaramos a nossa incapacidade para evoluirmos e nos desenvolvermos.

Estamos perante uma realidade diferente. Felizmente que deixámos de perseguir o Novo Normal, e que a expressão entra em desuso. Confrontamo-nos, sim, com desafios que julgámos sempre controláveis. Achamos que a Economia comanda a nossa vida e que fatores inesperados só certamente provocados por uma Guerra. E o problema surge de uma ameaça sanitária! Assim como vai surgindo de alertas constantes com que a Natureza nos vai “presenteando”: vulcões, sismos, tempestades avassaladoras, etc. Ou seja, apesar de todo o avanço científico que ia tranquilizando a nossa vida, acabamos por verificar que afinal uma certa pandemia ou certos fenómenos ambientais são mais determinantes para o nosso futuro.

Ora a Inovação, adaptando presunçosamente o pensamento, e a escrita, de Antero de Quental, é acima de tudo ultrapassar o convencional. É essencialmente ser disruptivo, através da simplicidade e acessibilidade a novas ideias. Ela existe para solucionar problemas reais das pessoas e promover o seu bem-estar. No fundo é uma questão de sustentabilidade das Organizações, mas também da própria Sociedade. Um pandemia ou uma catástrofe natural não afeta somente um grupo: a realidade vai para além do espaço a que nos confinamos! Há que lançar luz nos fenómenos de mudança e traçar estratégias e cenários coerentes. Há, pois, que assumir a Inovação para ganharmos o futuro!

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