Como pode a tecnologia trazer maior diversidade para as empresas?

«A automação, a Inteligência Artificial e a robótica devem mudar a forma como trabalhamos. O desafio está lançado: porque não usar isso como um catalisador para a mudança?»

 

Por Luís Lemos, SMB (small and medium-sized business) Sales director & Porto Branch director da Ricoh Portugal

 

As inovações tecnológicas sempre foram uma força de mudança, especialmente no local de trabalho. Mudanças de paradigma associadas à inovação tecnológica são sempre dolorosas no início, porém, a longo prazo, tendem a tornar-se positivas. Prevê-se que as funções de administração sejam as que vão sofrer mais mudanças com a automação e um estudo recente do Institute for Public Policy Research (IPPR) relata que é provável que isso impacte mais o sexo feminino do que o masculino.

Se o papel das mulheres será desproporcionalmente afectado, como podemos introduzir a Inteligência Artificial (IA) no local de trabalho para impactar rápida e positivamente a representação feminina?

A IA no local de trabalho acabará por ser algo positivo se bem aplicada, pois muda a forma como trabalhamos ao libertar os colaboradores de tarefas rotineiras e ao permitir que se concentrem num trabalho mais orientado para a criação de valor. Esta situação é uma enorme oportunidade para a criação de locais de trabalho mais flexíveis e para a adopção de medidas positivas para aumentar a inclusão.

Os empregadores precisam de investir na formação dos profissionais, cujos empregos são mais vulneráveis ​​à automação e, sempre que possível, usarem a tecnologia para criarem novas funções em vez de simplesmente substituir os seus papeis. Prevê-se que a IA crie 7,2 milhões de novas funções, ou seja, os empregadores terão de dotar os colaboradores com as competências necessárias para dar resposta a estas funções criadas pelas novas tecnologias.

O relatório da Ricoh “The Future of Work” revela que 65% dos trabalhadores europeus esperam que os seus empregadores contribuam com soluções para os problemas da sociedade, tais como a igualdade de género (em vez de ser parte do problema).

No entanto, ainda existe a questão dos cargos directivos, que necessitam de pensamento criativo e estratégico no desenrolar da sua actividade diária, muitas vezes ainda dominados pelos homens, e que são processos mais difíceis de automatizar. A tecnologia por si só não resolverá isso, embora o trabalho flexível, assistido por tecnologia ajude, claramente, homens e mulheres, a conciliar de forma mais fácil o trabalho e a vida familiar.

Para garantir que o local de trabalho do futuro seja de paridade de género, é preciso que as mulheres tenham a oportunidade de desempenhar papéis em toda a hierarquia de negócios, especialmente em lugares seniores. Obviamente, a situação começa numa base muito mais ampla.

Na Ricoh, estamos a adoptar medidas para incentivar o progresso através de projectos, como um programa de orientação feminina que apoia o desenvolvimento de competências pessoais de todas as que estão a ser orientadas e as incentiva a partilhar os seus conhecimentos e perspectivas. Também desenvolvemos um programa de liderança feminina de sucesso, cujo objectivo é construir uma rede de líderes empresariais confiantes e eficazes.

Não há como negar que a automação, a Inteligência Artificial e a robótica devem mudar a forma como trabalhamos. O desafio está lançado: porque não usar isso como um catalisador para a mudança? Se abraçarmos simultaneamente esta revolução tecnológica e social, e investirmos tempo e dinheiro em formação e criação de novos empregos, poderemos em pouco tempo começar a ver um maior equilíbrio e diversidade no local de trabalho.

 

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