Como recomeçar? Este “guia de sobrevivência” vai ajudar os CEOs a adaptar o negócio ao novo normal, em 7 passos

Portugal entrou numa fase de excepção a 19 de Março, com a entrada em vigor do Estado de Emergência, o que levou muitos a ficar em casa, por força da crise sanitária da Covid-19. Em muitos casos, as empresas viram-se obrigadas a fechar portas por tempo indeterminado e, agora, reanimar o negócio depois de um lockdown pode ser um desafio (colectivo).

 

A pensar nisso, a consultora McKinsey preparou um guia prático de sobrevivência para CEO e que cada um pode adaptar à medida da sua realidade e necessidades. Estas dicas prometem ajudá-lo a enfrentar estes dias (diferentes) que se avizinham – e não vale a pena esconder: será preciso muita imaginação e resiliência. Tome nota:

1- Crie um plano detalhado. A crise económica provocada pelo novo coronavírus abalou muito dos pressupostos e instrumentos de que os líderes empresariais dispunham para a tomada de decisões. Assim, para retomarem o negócio, terão de definir um quadro sólido de acção num ambiente altamente volátil. No caso de se tratar de uma empresa global, a melhor abordagem passa pelo desenvolvimento de um plano detalhado de relançamento por geografia. Depois, por segmento, cliente e produto. O mesmo vale para a produção, a cadeia de abastecimento e os esforços de marketing e vendas. Desta forma, conseguir reavaliar os investimentos e, porventura, relocalizar activos e congelar alguns projectos. O plano deve ter uma previsão de base, bem como alguns cenários alternativos.

2- Proporcione aos clientes garantias de segurança que restaurem a confiança. Ao sair do confinamento, os clientes estarão mais atentos à sua saúde e, por isso, as suas exigências em matéria de segurança também aumentarão. As empresas terão de disponibilizar produtos e serviços que respeitem as mais normas de saúde e segurança determinadas pelas autoridades, nomeadamente a distância social e o uso de máscaras de protecção individual, bem como o gel desinfectante.

Quanto ao sector comercial, o primeiro-ministro disse, no passado sábado, que «para começar a reabrir um conjunto de actividades que foram encerradas por necessidade da contenção da pandemia» é preciso que haja segurança. Costa, que falava no encerramento da cerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação para o sector do comércio e serviços, entre a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e a Direção-Geral da Saúde, afirmou que «o retomar dessa actividade é fundamental que seja feito com segurança de quem trabalha nos estabelecimentos e segurança dos clientes que lá vão».

A segurança é, aliás, «uma condição fundamental» para que «os portugueses regressem com confiança a esses estabelecimentos, voltem com confiança aos cabeleireiros e aos barbeiros e outros institutos de beleza, entrem num stand automóvel ou numa loja de roupa ou numa livraria. Para que essa confiança exista é necessário que todos asseguremos o que o podem fazer em segurança», salientou.

«Além das normas gerais que temos vindo a trabalhar em sede de Concertação Social, de protecção e higiene no trabalho, que é transversal a todos os sectores, há depois especificidades próprias de cada actividade», fez notar. «Temos de ter em conta o esforço que tem sido feito e o que tem conseguido neste mês e meio que vivemos em Estado de Emergência», sublinhou ainda.

Para Costa «a mensagem importante que temos de transmitir aos portugueses é de que vamos retomar, passo a passo, um maior nível de actividade na sociedade portuguesa e cada um desses país tem de ser dado cumprindo todas as normas de segurança, aquelas que dizem respeito a cada um de nós e as que seguramente teremos em cada estabelecimento comercial que vamos visitar ou em cada empresa onde vamos adquirir um serviço».

3- Salvaguarde a saúde dos seus trabalhadores. Tranquilize-os, garantindo-lhe que a prioridade máximo será o controlo rigoroso das condições de segurança na empresa, em conformidade com as normas das autoridades de saúde. Isso pode implicar a aplicação de medidas como a verificação da temperatura dos trabalhadores à entrada das instalações e a imposição de um período de quarentena para quem evidencia quaisquer sintomas da doença, como febre e tosse.

O teletrabalho deve ser incentivado para reduzir ao máximo as deslocações. Ao mesmo tempo, o espaço de trabalho deve ser reformulado para garantir o cumprimento escrupuloso das distâncias.

Pondere alargar as medidas fora do escritório, tal como tem sido feito pelas multinacionais do Sudeste Asiático e da China, que disponibilizam materiais de protecção, por exemplo.

4- Aproveite as vantagens da tecnologia. Desde o início do confinamento, os profissionais tecnológicos têm feito esforços heróicos para fazer face a novas exigências em prazos apertados. Tiveram de orquestrar a mudança repentina para o trabalho remoto dos funcionários e de aumentar os canais digitais para servir os clientes. Mas, segundo a McKinsey, ainda há uma oportunidade para fazer mais. A importância do digital para os clientes, fornecedores e para toda a economia acelerou rapidamente e os executivos têm de acelerar os seus planos de digitalização.

5- Tenha especial atenção com a logística. Não queira ir demasiado depressa. O retomar das actividades exige o regresso ao mercado à velocidade desejada para servir a procura acumulada durante o lockdown, mas sem ir mais depressa do que o ritmo de recuperação do mercado.

6- Seja prudente na tomada de decisões. Um regresso bem sucedido exigirá a resolução simultânea de um grande número de questões, pelo que será importante manter a flexibilidade, a rapidez de execução e a simplificação das linhas de decisão. Se ainda não tiver, pondere a criação de uma equipa de planeamento e liderança para estabelecer regularmente avaliações periódicas, desenvolver cenários, desenhar e adaptar o plano estratégico, bem como determinar acções e movimentos a realizar em cada cenário.

Esta poderá também ser a altura de dar uso ao fundo de maneio. Porém, lembre-se que a sua gestão requer uma atenção especial para garantir sustentabilidade financeira e não gastar mais do que deve ou tem.

7. Lembre-se que há oportunidades que nascem das crises. Em várias situações, a vida já nos mostrou que a crise pode ser uma oportunidade para reforçar as relações com os grandes clientes e solidificar o ecossistema de fornecedores. Em alguns sectores, a McKinsey constata que foram alcançados ganhos enormes de produtividade e agilidade. «Para os líderes, é agora importante determinar qual dos desenvolvimentos impostos pelas circunstâncias pode ter criado valor, em termos financeiros, operacionais e para as suas pessoas», disse, fazendo notar que «alguns deles poderiam ser incorporados numa reflexão futura sobre a reorganização do trabalho e a reinvenção do modelo de negócio».

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