Contra a obsolescência do capital humano, a formação

O aumento da competitividade, aliado ao permanente avanço da tecnologia, traduz-se em ciclos de renovação do conhecimento cada vez mais curtos. Assim, a aprendizagem ao longo da vida torna-se imprescindível.

 

Por Manuel Sousa Antunes, docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade de Lisboa.

 

A constante e avassaladora evolução tecnológica tem incrementado significativamente a automatização da vida em sociedade. Inserindo-se nesta, por consequência, o mercado de trabalho impõe aos profissionais a constante obtenção de novas competências para que, eles próprios e as organizações, façam face às mudanças e mantenham a necessária competitividade.

A referida evolução e as consequentes mudanças do mercado levam à depreciação do conhecimento e das competências dos profissionais, fomentando a obsolescência do capital humano. A formação afigura-se, assim, primordial para, por um lado, os cidadãos participarem plenamente na sociedade e, por outro, gerirem com êxito as transições do mercado laboral, quer enquanto trabalhadores por conta de outrem, quer em negócios próprios. Enquanto processo de obtenção de conhecimentos e desenvolvimento de competências, a actividade formativa pode proporcionar alterações no comportamento e atitudes dos profissionais, desejavelmente reflectidas no respectivo desempenho e das organizações em que se inserem.

O aumento da competitividade, aliado ao tal permanente avanço da tecnologia, traduz-se em ciclos de renovação do conhecimento cada vez mais curtos. A aprendizagem ao longo da vida constitui, assim, um mecanismo inibidor da desactualização, permitindo que os profissionais não percam a capacidade de exercer as correspondentes tarefas eficientemente.

Há 20 anos atrás, a Declaração de Bolonha procurou precisamente traçar directrizes no sentido de as universidades europeias responderem aos desafios da sociedade do conhecimento, caracterizada pela competitividade resultante da globalização e do avanço tecnológico. Entre os contributos, destacam-se a criação de condições para a Educação ao Longo da Vida, através de cursos de formação especializada em diferentes áreas e domínios científicos, assim como potenciadores da empregabilidade por proporcionarem a obtenção de aprendizagens e o desenvolvimento de competências adequadas ao desempenho de uma profissão.

Independentemente da tipologia, a avaliação dos projectos formativos afigura-se primordial para as instituições de ensino diagnosticarem o impacto das aprendizagens junto dos participantes e, por consequência, poderem proceder
a alterações no sentido de melhorar e adequar a oferta disponibilizada. Torna-se, assim, imprescindível analisar os impactos para o formando, designadamente e entre outros, em termos de:

1. Transferência das competências adquiridas para as práticas pessoais:
• Aprendizagens passíveis de aplicabilidade prática;
• Pensamento crítico;
• Ideias e soluções inovadoras;
• Resolução de problemas.

2. Transferência das competências adquiridas para as práticas profissionais:
• Impacto na profissão (actualização dos conhecimentos profissionais; aplicabilidade nas tarefas diárias; melhoria de desempenho);
• Impacto na carreira (maiores responsabilidades, tarefas mais complexas, mudança de área funcional e/ou cargo superior na hierarquia organizacional; aumento do pacote de remunerações e benefícios; oportunidades para transitar de organização).

3. Influência das competências adquiridas pelo formando no desempenho da organização da qual faz parte (participação na definição de objectivos, estratégias e procedimentos, bem como em projectos e/ou na prossecução de processos com impacto directo nos resultados da organização).

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro da Human Resources. 

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