COVID-19 não abalou a confiança dos portugueses na segurança laboral

Esta é a principal conclusão do estudo (In)Segurança no Trabalho, realizado pela Faculdade de Ciências Empresariais e Sociais/ Universidade Europeia. Apesar de o nível de insegurança laboral dos portugueses não ser muito significativo, ele varia de acordo com género, idade e escolaridade.

 

Ana Sabino, Francisco Cesário, isabel Moço e Sílvia Lopes são os autores da pesquisa, realizada entre 22 de Maio e 22 de Junho, período em que parte dos profissionais começaram a regressar ao local de trabalho.

Como principais conclusões do estudo (In)Segurança no Trabalho, destaca-se  que «a situação vivida nos últimos meses, e apesar de todos os indicadores macroeconómicos e socias, não parece ter abalado a confiança da população portuguesa, no que respeita à segurança no trabalho».

Assim, da análise global dos resultados, salienta-se:

• O nível de insegurança laboral dos portugueses não é muito significativo;

• Quer ao nível da segurança no regresso ao local de trabalho, quer a nível de emprego, os dados revelam uma preocupação moderada;

• A insegurança relacionada com o receio de perder ou reduzir condições e qualidade do trabalho é superior ao receio de perder o emprego;

• O receio de perder o emprego e a o receio em perder ou reduzir qualidade do trabalho é superior no género feminino.

• O nível de escolaridade parece ter uma relação com o nível de segurança percepcionado, pois quanto menores são as habilitações académicas, maior é a percepção de insegurança laboral;

• A faixa etária também parece ter alguma importância na percepção de segurança laboral, pois quanto maior a idade, menor é a perceção de insegurança em perder o emprego e em perder qualidade nas condições de trabalho;

• Os respondentes mais jovens no mercado de trabalho revelam níveis mais elevados de insegurança laboral;

• A antiguidade parece constituir-se como um atenuador do nível de insegurança, pois quanto menor esta é, mais insegurança se expressa;

• Os participantes que não estão em teletrabalho revelam uma perceção de insegurança laboral mais elevada, comparativamente com os restantes participantes.

 

A pesquisa realça ainda que os factores determinantes da percepção de segurança/insegurança laboral se agrupam em três grandes dimensões – que são identificadas e acompanhadas de algumas recomendações:

• Contexto, nomeadamente as variáveis de natureza económica e social.

«A situação vivida actualmente em Portugal e no mundo, revela-se preditor de  retracção económica e algum acréscimo de instabilidade social, pelo que os empregadores não lhe podem ser alheios, não só pela sua responsabilidade  enquanto agente económico, como também pela sua sustentabilidade e  viabilidade económica.»

• Organizacionais, em concreto o estilo de gestão, as políticas e a forma como a  entidade considera as pessoas, os grupos e o seu trabalho.

«O regime de contratação, o estilo de liderança e gestão, as políticas de tempo de trabalho (horários, por exemplo), o tipo de população e como ela se distribui pelas funções da empresa, ou mesmo os perfis sociográficos da população trabalhadora, não são indiferentes ao grau de segurança como as pessoas encaram as situações.
Assim, competirá ao empregador uma análise acurada destas variáveis e a definição de estratégias de promoção do ajustamento pessoa-organização.»

 

• Individuais, relacionadas com a natureza do indivíduo, as suas vivências e percursos.

«Uma organização preocupada com que as suas pessoas se sintam seguras no trabalho e no emprego passará, necessariamente, por proporcionar as condições de segurança no trabalho e no emprego, e fazer com que as pessoas estejam informadas, envolvidas e conscientes disso. Acrescenta-se que nem todas as pessoas dispõem dos mesmos recursos (até psicológicos) para captar, processar e compreender a informação.»

 

O estudo (In)Segurança Laboral considerou um universo de pessoas empregadas, sendo a amostra aleatória (método Snowball Sample) e tendo sido considerado um total de 1519 respostas válidas.

Pode consultar o estudo completo aqui.

Ler Mais