COVID-19: Pandemia provoca a perda de quase 500 milhões de empregos

Com a COVID-19, quase todos os países aplicaram medidas restritivas em relação aos locais de trabalho. Assim sendo, no segundo trimestre deste ano, o número de horas de trabalho perdidas nos mercados de trabalho globais subiu 17%, o que equivale a quase 500 milhões de empregos, de acordo com a última actualização do observatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o impacto da pandemia COVID-19 no trabalho 

Isto representa uma perda de horas maior do que a previsão de queda de 14% (400 milhões de empregos) estimada na quinta edição do Observatório da OIT em Junho passado. Os países de renda média baixa são os mais afectados, com uma perda de horas de trabalho de cerca de 23,3% (240 milhões de empregos) no segundo trimestre deste ano.

As perspectivas para o terceiro e quarto trimestres não são melhores, já que a OIT prevê que a perda de horas de trabalho devido ao encerramento das actividades causada pela pandemia será de 12% (o que equivale a 345 milhões de empregos) entre Julho e Setembro. E 8,6% (245 milhões de empregos) nos últimos três meses de 2020.

A OIT alerta ainda que, este elevado número de horas de trabalho perdidas também conduziu a uma perda de rendimentos do trabalho. Especificamente, a organização calculam que a perda de receita em escala global ao longo dos três primeiros trimestres de 2020 (sem ter em conta a aplicação de medidas de sustentação dessa receita) tenha subido para 10,7%, em relação ao mesmo período de 2019, o que corresponde a quase três mil milhões de euros que, por sua vez, equivalem a 5,5% do PIB mundial nos três primeiros trimestres de 2019.

No entanto, a OIT admite que esta situação ocorreu apesar do facto de muitos países aplicaram um amplo conjunto de medidas fiscais de grande escala para enfrentar a crise e, em particular, para sustentar receitas e empresas.

 

Assim, segundo várias estimativas, cada aumento dos incentivos fiscais de 1% do PIB anual, em média, mitigou a perda de horas de trabalho em 0,8 pontos percentuais no segundo trimestre deste ano. Por isso, se não tivesse sido aplicada nenhuma medida de incentivo fiscal, a perda de horas de trabalho teria sido de 28%, em média.

 

Os especialistas desta organização alertam que esta perda de horas de trabalho também se traduz num aumento do desemprego mas, sobretudo, aumenta a inactividade (pessoas que não têm trabalho nem procuram). Por isso, alertam que as políticas económicas devem abordar este aspecto da crise global do trabalho.
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