COVID-19. Prevalência da infecção em Portugal pode atingir o pico esta semana

A prevalência da infecção pela COVID-19 em Portugal – ou seja, o número total de pessoas infectadas simultaneamente – vai atingir o pico esta semana, com um máximo de 27.837 infectados. Os dados são do novo Dashboard, COVID-19 Insights da COTEC.

 

Uma realidade que se espera assimétrica a nível nacional. Nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, o pico da prevalência da infecção está previsto apenas para 15 de maio, enquanto regiões como os Açores e o Algarve já terão ultrapassado este período.

Projecções que pressupõem a ausência de alterações muito significativas no comportamento de risco dos portugueses, o que dilataria o pico da prevalência da infecção no tempo. Ainda assim, com uma actualização diária, o modelo terá a capacidade de adaptar-se a uma eventual alteração de comportamentos.

«A incidência da infecção tem sido um indicador muito destacado nas últimas semanas mas a prevalência da infecção é, actualmente, tão ou mais importante. Quanto maior for o stock de pessoas infectadas, maior será o risco de ressurgimento da propagação da doença, principalmente no momento actual de alteração de comportamentos, com a retoma gradual da economia», explica Pedro Simões Coelho, professor catedrático da NOVA IMS e um dos coordenadores do projecto.

«Acresce que o tão falado coeficiente de reprodução da infecção, o famoso R0, não atinge ainda os valores de segurança, desejavelmente abaixo de 1, o que pode induzir a qualquer momento uma subida súbita do número de infecções se os comportamentos adequados não forem uma constante».

E adianta: «Da relação entre os indicadores de mobilidade e a infecção, percebemos também que o comportamento que adoptamos quando não estamos confinados é tão ou mais importante que o próprio confinamento na contenção da propagação da doença. Quando comparamos Portugal com outros países que estiveram menos confinados, o sucesso não é, em vários casos, superior. Da mesma forma que, se nos compararmos com outros países que estiveram mais confinados, o sucesso também não é muito menor. O que faz realmente a diferença é o comportamento que as pessoas adoptam uma vez fora de casa, como o uso de máscaras ou o respeito pelas distâncias de segurança. E é essencial que as pessoas se consciencializem disso neste momento».

 

Portugueses quebram confinamento ao fim-de-semana
Além dos dashboards dedicados os modelos epidemiológicos, o COVID-19 Insights permite perceber as tendências de mobilidade dos portugueses, utilizando, para isso, os dados de histórico de localização da Google.

O aumento da permanência nas zonas residenciais, face ao período de normalização (dados de Janeiro e Fevereiro), situa-se na casa dos 20% a cada fim de semana, quando durante a semana permanece acima dos 30%. É à segunda e sextas-feiras que os portugueses mais ficam em casa por comparação com o período de referência.

Os dados disponíveis permitem ainda ler as tendências de mobilidade dos portugueses nos locais de trabalho; transportes públicos; parques de estacionamento; supermercados e farmácias; e retalho e diversão e também por distrito. Face à média nacional, Bragança, Beja e Portalegre foram os distritos que menos respeitaram o confinamento na residência. Por seu lado, Lisboa, Madeira e Setúbal foram aqueles onde se registou maior redução da presença física nos locais de trabalho.

 

Norte e Centro apresentam o maior índice de risco
Outra novidade do COVID-19 Insights é o Índice de Risco em Portugal. Uma medida que reflecte o risco das regiões do país tendo simultaneamente em conta a taxa de infecção e um conjunto de variáveis sociodemográficas – como o índice de dependência de idosos, a densidade populacional ou o rendimento per capita – que reflectem o risco infeccioso e social de cada região.

As regiões Norte e Centro apresentam um índice de risco superior. Numa análise por municípios, Vila Nova de Foz Côa, Castro Daire e Ovar lideram a lista. «Este é um indicador que pode ser usado no apoio à tomada de decisão ao nível das políticas públicas municipais, abrindo a possibilidade para que existam diferentes ritmos de retoma da normalidade de acordo com o risco local», explica Pedro Simões Coelho, acrescentando que «a sua análise deve ser complementada com uma leitura da evolução das mobilidades a nível regional».

Através dos dashboards desenvolvidos pela COTEC, em parceria com a NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, é possível ainda traçar uma imagem da situação nacional e internacional, comparando a realidade de Portugal com qualquer outro país no mundo. Uma análise que pode ser feita em termos absolutos ou relativos, ou seja, por população.

Neste quadro, Portugal surge em 15.º em número de casos confirmados e número de óbitos por 100.000 habitantes, e ocupa a 59.º posição mundial em número de recuperados.

O COVID-19 Insights fornece informação, actualizada diariamente – ou com frequência semanal, para alguns indicadores – sobre a situação internacional, a situação em Portugal, análise económica (brevemente disponível), índice de risco, mobilidade e modelos epidemiológicos. Todos os indicadores estão disponíveis tanto em valor absoluto, como relativizados pela população dos vários países.

Este projecto insere-se na estratégia da COTEC de disponibilizar à comunidade empresarial, entre outros stakeholders, informação de apoio à decisão e à análise prospectiva.

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