COVID-19. Quase metade das empresas reduziram ou encerraram actividade

Quase metade (47%) das empresas reduziram a sua actividade e quase um quinto (17,4%) encerraram ou interromperam totalmente o funcionamento, de acordo com o estudo “MDS Research: Situação Económica em Portugal”, divulgado hoje pela multinacional portuguesa de consultoria de riscos e seguros MDS.

 

O estudo, que tem por base um inquérito realizado junto de 115 empresas nacionais de quase duas dezenas de sectores, revela que o «tecido empresarial português está a enfrentar uma crise sem precedentes, com redução significativa da actividade».

De acordo com a MSD, «menos de metade das empresas conseguiram manter o seu nível de atividade, mas uma pequena franja (5,2%) conseguiu crescer à sombra da pandemia».

Por outro lado, «a generalidade das empresas teve de implementar medidas para responder aos constrangimentos, seja por imposição legal, como o caso do teletrabalho e de medidas de protecção sanitária, seja porque a solidez financeira das empresas foi afectada», acrescenta-se, salientando-se que «a redução do investimento, o corte de custos e o recurso ao ‘lay-off’ estão entre as principais medidas adoptadas, sendo relativamente reduzido a percentagem das empresas que procuraram novas formas de fazer negócio e de melhorar a sua oferta».

 

Recuperação em U

Os empresários e gestores estimam que a recuperação económica portuguesa seja em “U”, demorando «entre um a três anos a regressar aos níveis de actividade anteriores».

A pandemia «provocou uma forte volatilidade no negócio das empresas, com impacto significativo na facturação».

Mais de dois terços das empresas (73,1%) “esperam uma redução do seu volume de negócios no período de Abril a Junho, face aos três primeiros meses do ano», enquanto 10,4% esperam «registar um crescimento dos seus volumes de negócio».

Ainda a mesmo estudo avança que «a redução dos níveis de actividade deverá continuar durante a segunda metade do ano, com cerca de três em cada quatro empresas (73%) a estimarem uma diminuição das vendas, enquanto apenas 12,1% esperam um aumento».

Mais, «tendo em conta a mediana da amostra de empresas que estimam uma redução do indicador, a redução do volume de negócios no segundo semestre do ano poderá situar-se no intervalo entre os 25% e 40%».

Segundo a MDS, «mais de três em cada cinco empresas (61,7%) estima um nível de actividade inferior nos próximos 12 meses, enquanto 23,5% esperam um nível idêntico e 14,7% um nível superior» e «mais de metade das empresas (56,5%) assumem uma expectativa de corte ou suspensão total do investimento nos próximos 12 meses».

 

Lay-off e redução de horário

Em termos dos recursos humanos, «os actuais instrumentos como o ‘lay-off’ ou a redução de horário e turnos continuarão a fazer parte da vida de algumas empresas, sendo que apenas 3,5% admitem vir a realizar despedimentos e 2,6% ter uma posição inversa, criando emprego».

A principal preocupação actual dos gestores e empresários «é o nível de liquidez e situação de tesouraria das suas empresas, seguindo-se a falta de encomendas e o pagamento de salários», sendo que «em alguns sectores, como o industrial, a expedição da produção e o abastecimento são também alvo de grande preocupação, pois colocam em causa o funcionamento das unidades».

Quase metade dos participantes do estudo (45,2%) foram microempresas, 19,1% pequenas empresas, 16,5% empresas de média dimensão e 19,1% de grande dimensão. O estudo desenvolvido pela MDS contou com a colaboração da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) e da BA&N Research.

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