Crescimento económico lento na Europa, mas Portugal destaca-se com valores acima da média

O novo relatório European Economic Outlook – Spring 2025, realizado pela KPMG, projecta uma recuperação económica ligeira na Europa, marcada por disparidades significativas entre os países e sectores. A Zona Euro deverá registar um crescimento modesto do PIB, estimado em 0,9% para 2025 e 1,1% em 2026, reflectindo um cenário de reduzida dinâmica económica.
Esta média, no entanto, inclui realidades muito distintas: se por um lado há economias como Espanha, Polónia e Irlanda que beneficiam de uma forte procura interna, de investimentos estratégicos e de mercados de trabalho resilientes, há outras, como Alemanha, França e Itália que enfrentam constrangimentos estruturais e fiscais que limitam o seu potencial de crescimento.
Portugal está entre o grupo de países com previsão de desempenho positivo em 2025 e 2026. Este ano, de acordo com as projecções da KPMG, prevê-se um crescimento do PIB de 1,7%, um valor que sobe para 2,3% no próximo ano e que está acima da média europeia.
O documento destaca que o ambiente económico europeu continua a ser pressionado por um conjunto de incertezas geopolíticas — incluindo as tensões comerciais com os Estados Unidos, políticas industriais fragmentadas e alguma volatilidade no sector energético. Estes factores contribuem para a perda de competitividade de algumas economias e afectam negativamente o ambiente empresarial.
Ainda assim, a inflação tem vindo a diminuir, o que poderá abrir espaço para cortes adicionais nas taxas de juro, favorecendo gradualmente o consumo das famílias. Mesmo assim, a retoma do consumo permanece desigual, com elevadas taxas de poupança a limitarem o impacto expansivo do aumento do rendimento disponível em vários países.
Adicionalmente, o relatório ressalva que a resiliência da Europa será posta à prova num contexto de fragmentação económica, do aumento da despesa com defesa e de uma potencial escalada de tarifas comerciais, sobretudo nos sectores farmacêutico e automóvel. Para as empresas, compreender estas dinâmicas nacionais torna-se essencial para antecipar riscos e identificar oportunidades de negócio num continente em transformação económica constante.
Embora o cenário geral seja de crescimento reduzido, algumas economias destacam-se de forma positiva. Espanha continua a apresentar um desempenho sólido, impulsionado pela forte procura interna, pelo impulso do turismo e por investimentos estratégicos com financiamento da União Europeia, especialmente em infraestruturas e em energia verde. Países como a Polónia e a Irlanda também demonstram dinamismo superior à média, apoiados por tendências de relocalização industrial (nearshoring), pelo aumento dos salários e por investimentos públicos intensivos.
Outra conclusão deste relatório é o aumento previsto nos gastos com a área da defesa em toda a Europa, motivado pelo ambiente geopolítico incerto. Mesmo num cenário de uma aposta mais sólida, os impactos económicos de curto prazo são moderados, com ganhos estimados em 0,9 % no PIB europeu até 2027, caso o aumento seja acompanhado por mais investimentos, com potencial para contribuir para a inovação em sectores estratégicos como a cibersegurança, a robótica avançada e as tecnologias aeroespaciais.