Criação de empresas diminuiu 24% em 2020. É o valor mais baixo dos últimos quatro anos

Após forte evolução nos últimos anos e um recorde em 2019, a constituição de novas empresas caiu em 2020 para as 37 558 entidades, uma redução de 24% face ao ano anterior e que corresponde a um valor semelhante ao que se registou em 2016, de acordo com o Barómetro da Informa D&B.

 

Segundo o barómetro, com uma descida logo nos dois primeiros meses do ano (-17%), o nascimento de novas empresas ao longo do ano decorreu ao ritmo da pandemia e das consequentes restrições. Durante o confinamento de Março e Abril, a criação de empresas registou uma quebra acentuada (-44% e -70% respectivamente).

Com o alívio progressivo das medidas de contenção e com a reabertura da economia, este registo aumentou relativamente aos meses anteriores e em agosto e setembro este indicador já apresentou valores acima de 2019. No entanto, no último trimestre as constituições recuaram novamente face ao período homólogo (-19%).

Os sectores do Alojamento e restauração, Transportes e Serviços gerais foram os que registaram maiores recuos percentuais em novas empresas face a 2019. O Retalho passou a ser o terceiro maior sector em número de constituições, graças às empresas de retalho online, onde as novas empresas subiram 46% em relação a 2019.

O barómetro revela que numa análise regional à constituição de novas empresas desde o final do primeiro estado de emergência, verifica-se uma tendência contrária entre litoral e interior, com a esmagadora maioria dos distritos do litoral a recuarem face ao período homólogo enquanto todos os distritos do interior registam aumentos de novas empresas. Os nascimentos de empresas nos distritos do interior representam 18% do total do país, um aumento de 3p.p. face a 2019.

Os dados da Informa D&B indicam ainda que em 2020 foram iniciados 2270 processos de insolvência, que representam um crescimento de 3,2% face a 2019 (+71 casos). Na maioria dos sectores de actividade os valores são semelhantes aos de 2019, mas alguns sectores apresentam já uma subida dos novos processos de insolvência, como é o caso do Alojamento e restauração, com 292 novos casos em 2020, mais 106 que no ano passado.

As Indústrias mantêm-se como o sector com maior número de casos de novas insolvências em 2020 (586 casos), um número muito semelhante ao de 2019.

A Informa D&B calculou ainda o impacto da pandemia em 2021, concluindo que 15% das empresas apresentam maior risco de não conseguir resistir à crise, mas cerca de 43% das empresas portuguesas têm um nível de Resiliência Financeira Elevado ou Médio-alto, facto que lhes permite enfrentar a crise económica motivada pela pandemia de forma mais robusta do que as restantes empresas, independentemente da severidade do impacto sentido no sector em que operam.

As grandes, médias e pequenas empresas registam uma percentagem de empresas resilientes sempre acima dos 60%, enquanto nas microempresas essa percentagem desce para os 42%.

O barómetro da da Informa D&B mostra também que os sectores de actividade mais afectados pela pandemia são o Alojamento e restauração, Actividades turísticas, Transporte de passageiros, entre outras.

Foi nestas actividades que mais cresceu o número médio de dias de atraso nos pagamentos. Nestes sectores, o número médio de dias de atraso aumentou trêsc dias desde fevereiro, sendo o exemplo mais significativo o do setor do Alojamento e restauração, que neste período já aumentou em mais de uma semana (+7,1 dias) os atrasos de pagamento aos seus fornecedores, sendo atualmente de 36,8 dias.

No final de 2020, apenas 15,9% das empresas cumprem os prazos de pagamento a fornecedores e o número médio de dias de atraso foi de 27,3.

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