Crise está a servir de empurrão a algumas empresas portuguesas. Saiba quais são

Para algumas empresas portuguesas dos sectores alimentar, farmacêutico e, entre outros, das tecnologias para o teletrabalho, a crise decorrente da pandemia de Covid-19 trouxe mais facturação.

 

A Suavecel, empresa dedicada à transformação de papel tissue, é um desses casos. Nos meses de Março e Abril houve um aumento na facturação superior a 50% em comparação ao mesmo período de 2019. «Houve um aumento acentuado da procura na grande distribuição, [pois] criou-se a ideia de que poderia haver falta de produtos no mercado. Todas as categorias cresceram, mas foi mais acentuado no papel higiénico e nos rolos de cozinha», disse ao “Jornal de Negócios” o director comercial, Sérgio Mendes.

No caso da Frulact, fabricante de preparados à base de fruta para a indústria alimentar, que exporta 98% da produção, houve também uma «performance’ positiva» em termos homólogos, sobretudo em Março, contou aquele jornal o chairman da multinacional, João Miranda.

A gráfica Mofitex, fornecedora do Pingo Doce, do Continente ou do Intermarché, também notou uma subida «completamente atípica» de 30% nas vendas em Março. Contudo, a sócia-gerente Tita Sousa Fernandes explicou ao jornal que este «não foi um crescimento com flores», devendo-se a um «esforço e muito pesado porque os custos também dispararam».

Também Manuel Pizarro, da Advanced Products Portugal, destaca uma subida de 40% na facturação nestes dois últimos meses. Este aumento é justificado pelo CEO com o crescimento dos serviços de entrega ao domicílio de compras ou de comida e pelos «projectos acelerados pela indústria farmacêutica, seja para fornecimento aos hospitais seja às farmácias».

Questionada pelo “Jornal de Negócios” sobre as vendas, fonte oficial da farmacêutica Bial remeteu para dados da produção, dizendo que aumentou de uma média diária de 41.229 comprimidos em 2019 para cerca de 60 mil comprimidos no actual contexto de pandemia.

Quanto à Normetal, as estimativas apontam para um crescimento a rondar os 10% nos meses de Março e de Abril. Ao jornal, o presidente e accionista do grupo de construção modular pré-fabricada disse que procura de soluções para hospitais de campanha, de refeitórios para colmatar o encerramento de restaurantes, de locais de confinamento em empresas ou mesmo de dormitórios devido ao encerramento de hotéis e unidades de alojamento local, mais do que compensaram as encomendas perdidas ou adiadas.

O unicórnio português Talkdesk aumentou as vendas em Março e em Abril. «Quando nos apercebemos de que iria haver uma alteração importante causada pela covid-19, a Talkdesk preparou um conjunto de ofertas pensadas para os clientes que precisavam de uma solução rápida para teletrabalho. Incluíram soluções comerciais vantajosas para os sectores mais afectados, como viagens e alojamento, a disponibilização de alguns complementos, como a ‘mobile app’ para garantir que todos pudessem trabalhar de casa mesmo que fosse só com um telemóvel; e mobilizámos a nossa equipa de serviços profissionais para garantir que os novos clientes pudessem começar [a utilizar o sistema] em apenas 24 horas», explicou ao jornal Marco Costa, director-geral para a região Europa, Médio Oriente e África.

Do lado do Dott, o CEO Gaspar d’Orey, revelou que o comércio online foi a solução de milhares de portugueses, «mesmo para muitos que nunca o tinham feito». Em Março e Abril, a plataforma de comércio electrónico «duplicou a facturação» em relação aos meses anteriores, com «crescimentos nas principais categorias de entre cinco a 15 vezes».

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