Critérios para concessão de crédito às empresas “apertaram” no segundo trimestre

Os bancos aumentaram, no segundo trimestre, de forma muito ligeira os critérios de concessão de créditos às empresas, devido à percepção de riscos associados à situação de alguns sectores e empresas, e preveem mantê-los inalterados no terceiro trimestre.

Esta é uma das conclusões da edição de julho do «Inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito» do Banco de Portugal (BdP), hoje divulgado onde, além do balanço sobre o segundo trimestre são também apresentadas as perspetivas para o período de julho a setembro de 2021.

Segundo o estudo, o segundo trimestre trouxe um «aumento muito ligeiro da restritividade no crédito a empresas», que foi «transversal ao tipo de empresa e à maturidade do empréstimo» devido à «percepção de riscos» e à «tolerância aos riscos» sobretudo nos empréstimos considerados de maior risco.

Este ligeiro aperto nas condições de concessão de crédito traduziu-se essencialmente ao nível das garantias exigidas, nas comissões e outros encargos e num «ligeiro aumento dos spreads».

Mas «nos empréstimos de risco médio, os custos de financiamento, as restrições de balanço e as pressões da concorrência contribuíram para a diminuição da restritividade», assinala do BdP, referindo que nestas situações se verificou uma ligeira redução dos spreads.

Já os critérios para a concessão de créditos a particulares mantiveram-se «praticamente sem alterações», nomeadamente nos empréstimos para consumo, enquanto nos destinados a habitação, «a percepção de riscos e as pressões exercidas pela concorrência contribuíram para a diminuição dos ‘spreads’ nos empréstimos de risco médio«.

Para o terceiro trimestre de 2021 – cujo termino coincide com o fim das moratórias de crédito público – a expectativa dos bancos é de manterem «praticamente inalterados» os critérios de concessão de crédito quer a empresas, quer a particulares.

O estudo mede também a proporção de pedidos de empréstimos rejeitados, com os resultados a indicarem um ligeiro aumento no crédito a empresas, uma ligeira diminuição no crédito ao consumo e quase sem qualquer alteração no crédito à habitação.

Do lado da procura de crédito por parte das empresas, o inquérito dá nota da avaliação «muito heterogénea» feita pelos bancos, resultado, em média, «numa ligeira diminuição da procura, em particular por empréstimos de curto prazo».

A redução das necessidades de financiamento para operações de fusão e aquisição e de reestruturação empresarial e das necessidades de financiamento de investimento estão entre os fatores que explicam aquela redução.

Do lado dos particulares, o segundo trimestre revelou um aumento ligeiro no crédito à habitação, enquanto o que se dedica a financiar o consumo registou um aumento muito ligeiro.

As expectativas para o próximo trimestre indicam que os bancos esperam que a procura de crédito por parte das empresas se mantenha «globalmente inalterada». Já no crédito a particulares, espera-se um «ligeiro alimento» no crédito para consumo e outros fins.

O inquérito inclui também um conjunto de questões ad hoc nomeadamente sobre o crédito com garantia pública associada à pandemia COVID-19, com os resultados a revelarem que no primeiro semestre deste ano os critérios e condições foram ligeiramente menos restritivos do que no semestre anterior, com a expectativa de se manterem praticamente inalterados neste segundo semestre de 2021.

O questionário que esteve na base do inquérito hoje divulgado pelo BdP foi enviado aos bancos em 14 de Junho, tendo o envio das respostas ocorrido até ao dia 29 de Junho.

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