Custos das empresas com a saúde estão a aumentar
De acordo com um novo estudo feito pela Mercer, os custos dos planos de saúde para as empresas em Portugal tendem a aumentar 4%. A nível global, as estimativas em 2016 apontam para um aumento médio dos custos médicos de 9,8% em 40 países. As principais causas estão relacionadas com o estilo de vida.
Os custos que as empresas têm com os seus planos de saúde para os colaboradores continuam a ultrapassar significativamente a inflação na maioria das grandes economias. O estudo “Medical Trends Around the World”, da Mercer, que avaliou os planos médicos que as empresas oferecem aos colaboradores, mostra ainda que este aumento dos custos é maioritariamente impulsionado pelas escolhas e pelo estilo de vida seguido pelas pessoas, como o tabaco, a falta de exercício físico e uma alimentação incorrecta.
O estudo, realizado junto de 171 seguradoras em 49 países, mostra que, em 40 países, o aumento médio dos custos de saúde por pessoa corresponde praticamente ao triplo da taxa de inflação. Globalmente, em 2015 registou-se um aumento médio de 9,9% nos custos associados à saúde, sendo que a previsão para este ano aponta para uma percentagem de 9,8%. O aumento das despesas está a ser impulsionado por doenças não transmissíveis, ou seja, que não surgem por contágio mas sim por opções individuais e estilos de vida seguidos. A inflação média dos preços a nível global diminuiu de 3,9% para 3,5% durante o mesmo período.
Para Paulo Fradinho, business leader da Mercer Marsh Benefits Portugal, os resultados apurados por este estudo sublinham a importância do papel que as empresas têm globalmente no controlo dos custos de saúde. «Os stakeholders necessitam de assumir esta disrupção nos cuidados de saúde. A janela de oportunidade para uma transformação dos cuidados de saúde liderada pelas empresas está agora aberta, onde a existência de um sistema de saúde económico e de qualidade é catalisador de um maior sucesso empresarial.»
Paulo Fradinho acrescenta: «Acreditamos que uma taxa de inflação de despesas médicas que é praticamente três vezes superior à taxa de inflação global não é sustentável. Neste contexto, é essencial que as empresas percebam a importância de ter um programa de saúde a longo prazo. Esta abordagem requer, no entanto, algum investimento inicial, o suporte da equipa de gestão de topo e uma análise rigorosa do que pode, ou não, ser aplicado junto de uma força de trabalho específica. Há uma coisa que as empresas devem ter sempre presente: a promoção de um estilo de vida saudável junto dos seus colaboradores tem como consequência a melhoria da sua produtividade, a redução dos períodos de ausência e o aumento do nível de envolvimento com a empresa e o seu trabalho.»
O estudo apresenta também informações sobre o aumento do custo dos cuidados médicos, comparativamente à inflação em cada mercado, bem como sobre as diferentes condições de saúde que assolaram os colaboradores em 2015, os respectivos custos e a frequência registada.
A Europa é a região que deverá registar os valores mais baixos em termos de inflação dos custos médicos, de acordo com as previsões, com uma percentagem de 7,8% em 2016, valor que compara com uma taxa de inflação média regional de 2,5%. A Rússia, a Lituânia e a Ucrânia deverão registar o maior aumento das despesas de saúde, com aumentos de 17,8%, 17,3% e 15% respectivamente. Os níveis de inflação mais reduzidos na área da saúde surgem em França (1,8%), Holanda (2,5%) e Itália (2,9%). Para Portugal está estimado um aumento dos custos de 4%, valor abaixo de países como Espanha, Irlanda, Noruega, Suécia e Reino Unido, com valores acima dos 5%.
Na Europa, na lista dos principais problemas em 2015, com base no custo total, o cancro surge como a causa principal (53%), seguindo-se as doenças osteomusculares (43%) e as doenças do sistema circulatório (41%).
Além destas, a lista contempla ainda as doenças gastrointestinais como as mais frequentes. O estudo destaca ainda que os problemas de saúde relacionados com o stress estão a aumentar na Europa.
No futuro, o aumento dos custos será impulsionado pelo stress e risco metabólico, como a obesidade.