Data Literacy: A nova competência essencial para todos os profissionais

Por João Castro, formador na Rumos para a área de Dados e Analítica

 

Actualmente, é possível dizer que os dados são o “novo petróleo” – valiosos, abundantes e, se bem utilizados, são capazes de transformar organizações. No entanto, para um dado ser valioso, é fundamental que cada profissional saiba analisá-lo de forma estratégica, crítica e ética – aquilo a que chamados de Data Literacy – a capacidade de ler, interpretar, analisar e comunicar dados de forma eficaz.

A Data Literacy tornou-se numa competência essencial e transversal em qualquer setor, deixando de ser considerada como uma técnica reservada apenas para analistas ou cientistas de dados. A capacidade de compreender padrões, identificar tendências ou tomar decisões com base em evidências concretas é, actualmente, indispensável seja na saúde, na educação, nos sectores financeiros ou até mesmo em indústrias.

Através do estudo “Digitalização 2024”, realizado pela consultora Staufen em parceria com a AppliediT, é possível perceber que o défice de Data Literacy continua a ser uma realidade preocupante. Considerando mais de 400 empresas na Alemanha, Áustria e Suíça que participaram nesta investigação, foi possível apurar que 6 em cada 10 empresas admitem que a sua análise de dados é superficial. Isto significa que, em prática, várias organizações ainda não têm capacidade para compreender as interconexões e dependências que existem nos seus próprios processos.

É possível afirmar que este défice de Data Lateracy se agrava quando constatamos que 61% destas empresas têm dificuldade em transformar os insights obtidos em ações concretas. Ou seja, ainda que os dados estejam disponíveis e analisados, não existe uma capacidade para os traduzir em decisões práticas e eficientes. Uma falha que compromete, de forma direta, a competitividade das organizações, assim como a sua capacidade de inovação e eficiência.

Sendo que estamos perante um mundo em rápida, e constante, transformação digital, onde a inteligência artificial e a automatização estão a ganhar cada vez mais espaço, quem não souber “falar a linguagem dos dados” ficará, inevitavelmente, para trás. A importância de investir em formação, assim como em cultura de dados dentro das próprias organizações, deixou de ser uma opção, mas sim uma necessidade.

É importante cultivar uma mentalidade analítica, questionadora e orientada para a evidência, e não só ensinar ferramentas ou estatísticas avançadas. Todos os profissionais, não apenas técnicos, devem ter a capacidade de compreender o que os dados dizem, e, ainda mais importante, perceber o que não dizem.

Podemos concluir que a Data Literacy é, sem dúvida, um alicerce da competitividade do futuro. Quanto mais cedo as empresas apostarem neste tipo de formação, maior será a sua capacidade de liderança (e também de adaptação) num mercado cada vez mais orientado pela informação.

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