Depressa e bem… há quem! Mas exige planeamento. E talento!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

«Depressa e bem, não há quem», diz o provérbio popular, numa alusão a que a perfeição se concretiza devagar e a rapidez é inimiga da perfeição. Só que o contexto actual afirma-se pelo “quickly & well”; uma lógica de alta pressão sobre o mercado, as organizações e as pessoas. Processos de decisão e iniciativas que se, estendidos no tempo, rapidamente se tornam obsoletos. Qualquer atraso pode significar degenerescência competitiva e perda de oportunidades relevantes.
Mas o “depressa e bem exige” competências previamente adquiridas, domínio dos pilares da inovação, gestão previsional, com um planeamento detalhado e sólido e, acima de tudo, pessoas comprometidas e motivadas. Evidente que uma conjuntura de incerteza não permite acções de perfeccionismo, mas também qualquer erro pode ser fatal. É por isso que desperdiçar talento é sinónimo de má gestão. As estatísticas são assustadoras no que respeita à escassez de talento em Portugal, em praticamente todos os sectores de actividade, o que contrapõe a termos escolas de negócios no topo dos rankings internacionais.
Certamente estamos a defraudar expectativas. Provavelmente estamos numa lógica de reduzida organização transversal. Ficamos inundados de diversas iniciativas, muitas delas não compreendidas, já que não se percebe claramente algum do seu virtuosismo, se é que verdadeiramente também existe. Mas partamos do princípio que são importantes e relevantes. O problema que é que se apresentam de forma desgarrada. É um sentimento que passa de um apagar de fogos constante, sem qualquer consequência, já que não se revelam integradas e acima de tudo devidamente planeadas.
O que acabamos por registar é o cada um por si. Numa lógica de sobrevivência. Mas isto não transmite níveis de confiança suficientes para se acreditar e envolver as pessoas. Ao mais alto nível tudo deveria ser coerente e integrado, com uma relevância significativa quando e como e, já agora, que resultados esperados. Não se entendem as prioridades, não se percepcionam os impactos de decisões, não se visualizam os verdadeiros ganhos, sejam de curto, médio e longo prazo. Se estamos num contexto já por si de incerteza, a ausência indicadores objetivos de concretização conduzem a uma forte percepção de instabilidade. E esta é uma característica vital para captar e reter talento.
Não sejamos tão pessimistas, pois na realidade existem organizações que se preocupam e que vão concretizando alguns planos e acções para reter os mais capacitados. O problema é quando o meio envolvente não dá o verdadeiro contributo. Sem dúvida que os indicadores de uma Economia em expansão são vitais. A questão é que os números são relevantes se os conseguirmos ler correctamente, mas mais que isso, se proporcionarem acções objectivos e que permitam desenvolvimento do mercado, e muito mais das pessoas. Mas que, também, lhes proporcione níveis de conforto elevados.
O tal “quickly & well” é possível, sim! Com uma coordenação efectiva, com integração de políticas e decisões, com um planeamento estruturado, com melhoria das condições de acesso a oportunidade e, acima de tudo, a melhoria das condições de vida das pessoas. Por via do salário, sem dúvida, mas também ao nível da Educação, da Saúde, do Ambiente e de infraestuturas básicas de suporte a cada profissional, a cada família, a cada… Pessoa!